O test-drive do CLA não estava programado. Mas, pouco antes de seu lançamento em Genebra, a Mercedes deixou alguns jornalistas dirigirem o carro. Era a primeira surpresa de muitas que estavam por vir. Elas começam na concepção do carro, com o uso da tração dianteira em um modelo esportivo, e de uma marca especializada em ligar o motor ao eixo traseiro. Os únicos Mercedes com essa configuração eram os antigos A e B – minivans distantes de qualquer esportividade.

Agora, a coisa mudou. O novo Classe B segue na função de minivan familiar, com amplo espaço e altura elevada, mas o A virou um verdadeiro hot-hatch, com direito até a uma versão AMG. Da mesma base deles, mas com muito mais em comum com o segundo, nasceu o CLA. Não é um sedã, e sim um cupê de quatro portas. Uma espécie de “miniatura do CLS”. Foi pensado como um carro mais barato, para quem nunca teve um modelo da marca. E desenhado para surpreender os consumidores mais jovens, aqueles que acham que Mercedes é carro de velho.

Surpreendeu também o carro escolhido para o teste, um CLA 250, topo de linha. Ele está longe do modelo que mais interessa ao tal novo cliente – que deve comprar mesmo a versão de entrada, 180, com motor 1.6 turbo de 122 cv e 20,4 kgfm. Esse 250 tem um 2.0 também turbinado com 211 cv e força de motor V6 (35,7 kgfm) – disponível desde as 1.200 rpm. Para completar, tinha a novíssima geração da tração integral 4MATIC, um opcional. Apesar de não ser a versão que mais nos interessa (pois deve custar bem mais que R$ 100 mil quando chegar ao Brasil, no fim deste ano), ela deu belas pistas do carro como conjunto durante essa avaliação.

Em um curto percurso na Riviera Francesa, descendo a serrinha de Saint-Tropez, o CLA mostrou, como prometem suas linhas, muita esportividade. Ela começa na posição de dirigir, baixa e envolvente. Além disso, sobra suspensão – com sistema independente nas quatro rodas – e a tração 4MATIC é brilhante, mantendo o carro sempre bem agarrado ao chão. Para completar o ótimo pacote dinâmico, a direção com assistência eletromecânica tem peso correto e é bastante direta. Outra qualidade que chamou a atenção foi o silêncio ao rodar. Quando se acelera fundo, o ruído do motor invade um pouco a cabine, o que é normal. Mas, graças à ótima aerodinâmica, não se ouve o barulho do vento.

Nem todas as surpresas são boas, no entanto. O câmbio automatizado de dupla embreagem, apesar de rápido, dá trancos. No banco traseiro, se acomodam bem dois adultos. O terceiro lugar é apertado e o túnel central é alto. Para completar, é preciso cuidado para não bater a cabeça na coluna ao entrar e sair do banco traseiro – e, acomodado ali, dá uma certa claustrofobia. Para completar, o porta-malas tem boa capacidade, mas a boca é pequena.

Colocado tudo na balança, o CLA está aprovado. Tem seus defeitos, mas convence pelo design e pela dirigibilidade. Se fabricado no Brasil, a versão 180 terá preço na faixa dos R$ 80/90 mil – e aí será sucesso absoluto. Importado, deve chegar por uns R$ 100 mil. Resta dirigir um CLA com tração dianteira, para ver como muda a dinâmica, e motor 1.6, para conferir se dá conta do recado.