A história dos SUVs e crossovers é controvérsia. Alguns dizem que a primeira ideia de um SUV (“Sport Utility Vehicle”, ou “veículo utilitário esportivo) surgiu em 1935 com o Chevrolet Suburban, que foi um chassi de picape adaptado à uma carroceria metálica que podia transportar pessoas e bagagens. Sempre com a robustez de uma picape que pudesse atravessar estradas difíceis e esburacadas. Uma ideia interessante!

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Rural Willys era SUV

Rural Willys 1961 – Foto: Willys/divulgação

Na segunda metade dos anos 40, logo após o término da Segunda Guerra Mundial, a norte-americana Willys Overland lançou uma station wagon que utilizava o chassi de um jipe com uma carroceria de perua. O tal veículo era capaz de transportar passageiros e bagagens por estradas de muito difícil acesso, como aquelas encontradas em sítios e fazendas. Pronto! o conceito de SUV estava se concretizando. Aqui no Brasil, esse modelo ficou conhecido como Rural Willys, e se adaptava muito bem as necessidades do país, suas ruas e estradas na segunda metade dos anos 50.

Land Rover veio depois

Nessa esteira de ideias, outros fabricantes começaram a criar produtos semelhantes pelo mundo. A britânica Land Rover foi uma delas. Um mercado inicialmente dominado pelos norte-americanos, depois explorado também pelos ingleses, e logo em seguida pelos japoneses. O interessante é que, com o passar das décadas, esses familiares off-road foram ficando cada vez mais confortáveis e luxuosos, trazendo bem-estar e conforto para motoristas e passageiros.

Land Rover Classic 1970 – Foto: Land Rover/divulgação

Anos 90: importados

Nos anos 90, tivemos uma verdadeira enxurrada de SUVs no mercado brasileiro, depois da liberação das importações. Toda família de classe média sonhava em ter um Jeep Grand Cherokee com seu enorme motor V8, um Nissan Pathfinder, um Ford Explorer ou ainda um Mitsubishi Pajero. Esses eram os máximos da sofisticação e da robustez que poderia se pensar de um veículo apto a rodar também no asfalto, transportando pessoas.

Jeep Grand Cherokee 1993 – Foto: Jeep/divulgação

A capacidade desses “jipões” 4×4, com seus enormes pneus borrachudos, era a de um verdadeiro off-road. Possuíam motores, transmissões e suspensões que davam credencial aptos a aventuras fora de estrada, mas cobravam um preço altíssimo para isso. Além disso, tinham um consumo de combustível astronômico, um custo de manutenção salgadíssimo, e uma estabilidade das piores, pelo alto centro de gravidade e concepção para pisos ruins. Mas o status, esse estava sempre lá.

Ford Explorer 1993 – Foto: Ford/divulgação

Eu particularmente, não gostava desse tipo de veículo, e não conseguia entender porque alguém gostava de uma perua que gastava muito combustível, tinha um rodar barulhento, era desengonçada e incapaz nas curvas ou altas velocidades. Mas, acredito que a grande maioria dos consumidores desse tipo de veículo não sabia dessas partes negativas de seus projetos. Ou, pelo menos, as ignorava.

Mitsubishi Pajero 1994 – Foto: Mitsubishi/divulgação

Alemães mudaram o cenário

Na segunda metade dos anos 90, os alemães resolveram entrar nessa seara dos SUVs. Mudaram completamente o conceito de como deveria ser um Sport Utility Vehicle. Primeiro foi a Mercedes que lançou a Classe M em 1997, com suspensões independente nas quatro rodas e uma plataforma que mesclava chassi com longarina e monobloco. O objetivo era oferecer a robustez das longarinas, com a dinâmica de um sedan. O modelo já era anos-luz a frente dos seus concorrentes tradicionais, mais antigos.

Mercedes ML320 1997 – Foto: Mercedes-Benz/divulgação

Depois, em janeiro de 1999, foi a vez da BMW com seu X5. A exemplo do que já havia feito a Mercedes, também surpreendeu o mercado mundial. Na apresentação dinâmica do carro, feita para jornalistas alguns meses depois, fiquei surpreso com um veículo capaz de cruzar qualquer tipo de terreno, inclusive riachos com pedras e, na sequência, fazia curvas e freava como um sedan esportivo no autódromo. Um grandalhão com dinâmica de pequeno. Impressionante!

BMW X5 1999 – Foto: BMW/divulgação

Em 2005, foi a vez da Audi mostrar a sua tecnologia construtiva lançando o Q7 nos mesmos moldes de Mercedes ML e BMW X5. Esses carros mostraram aos demais fabricantes, especialmente norte-americanos e japoneses, que havia sido criado um novo patamar para os SUVs. O consumidor mostrava aos fabricantes que queriam carros altos para facilitar a entrada e a saída, cômodos em seus espaços internos, que dessem uma boa visibilidade externa, bom porta-malas, tudo isso com estabilidade, segurança, condução prazerosa e fácil.

Audi Q7 2006 – Foto: Audi/divulgação

Hoje em dia

Hoje em dia, sabe-se que um bom SUV deve ter linhas modernas e fluídas, mas deve guardar a altura do solo e boa visibilidade, além da habitabilidade confortável e espaço interno decente. Hoje eles são rápidos, ágeis, com motores de ótimos desempenho e baixo consumo de combustível, silenciosos e muitos seguros. Nada a ver com aqueles desengonçados e instáveis jipões dos anos 90. Bacana correr os olhos pela história e ver como a indústria se adapta aquilo que o consumidor deseja.

EX90 - Foto: Divulgação/Volvo
Volvo EX90 – Foto: Divulgação/Volvo