Há quem não viva sem uma novidade, mas há também quem pense primeiro em quanto vale seu dinheiro. Os primeiros compram novos modelos de carros assim que eles aparecem nas lojas, os outros caçam as melhores ofertas, os melhores negócios, pensando sempre na relação custo/benefício. Este comparativo interessa mais ao segundo grupo – mas, mesmo que você faça parte do primeiro, talvez lhe sirva para reavaliar suas prioridades.

Com preços que começam na casa dos R$ 45 mil, estes hatches médios têm preço de hatches pequenos ou “quase médios”. Só para citar exemplos da mesma marca, o Stilo tem o preço quase igual ao de um Punto com o mesmo motor 1.8 (ou até um 1.4 bem equipado); o Astra 2.0 sai por quase o mesmo valor que um Agile 1.4 “top”; o 307 é um pouco mais caro que o 207 automático com o mesmo motor; pelo Focus básico, cobra-se não muito mais que por um Fiesta Trail, ambos 1.6; e, nalmente, temos o Golf – neste caso, o degrau para passar do Fox 1.6 top para ele é maior (cerca de R$ 8 mil), mas também se justi ca, principalmente se avaliarmos os dois produtos detalhadamente. E a Volkswagen ainda tem o Polo, que, em algumas versões, custa praticamente o mesmo que o Golf de entrada.

Tudo bem, você pode argumentar que os mais novos, 307 e Stilo, foram lançados em 2001 (ou seja, têm quase nove anos de vida), e os mais velhos, Astra, Focus e Golf, nasceram em 1998, seja aqui ou na Europa. Todos sofreram reestilizações pelo caminho, mas não su cientes para garantir a mesma aura de novidade que cerca Punto e, principalmente, Agile. Ou seja, não espere atrair olhares nas ruas.

Você também pode dizer que eles estão prestes a sair de linha e vão desvalorizar. Os Focus em estoque convivem com a nova geração aqui no Brasil, enquanto os demais já foram substituídos e aposentados lá fora – o que logo vai acontecer aqui, com a chegada do Fiat Bravo, do Peugeot 308 e dos novos Golf e Astra. Mas isso não é ruim, é justamente esta desvalorização, já computada nos seus preços, que os torna excelentes negócios.

Mas não se iluda com as imagens destas páginas. Como as montadoras di cilmente disponibilizam para avaliação versões básicas, dos modelos mostrados aqui apenas o Astra está próximo da con guração mais barata – foram adicionados airbags, aerofólio, faixas decorativas, spoilers e saias laterais.

O 307 tem cerca de R$ 3 mil em opcionais; o Focus está na versão GLX; o Golf veio na con guração Sportline (e com opcionais), somando uns R$ 10 mil extras; e o Fiat Stilo compareceu em sua versão Sporting, que, com opcionais, chega a quase R$ 70 mil. No Focus, no Stilo e no 307 de entrada, as rodas são de aço, com calotas. O Ford de entrada não tem retrovisores elétricos e apenas o 307 vem com ABS e airbags de série, por exemplo. Os pacotes mais completos de série são os do Peugeot, que é mais caro, seguido do Chevrolet e do Fiat, os mais baratos – e que, dentro desta avaliação de custo/benefício, saem na frente.

O Focus não oferece muitos equipamentos – nem de série nem de opcionais – na versão GL, básica, mas é vendido também na versão GLX, acima dos R$ 50 mil. Na tabela de equipamentos estão exibidos os itens de série e opcionais das versões de entrada – por isso, alguns itens presentes ou disponíveis para versões mais caras não aparecem nela.

Qualidades, apesar da idade, todos têm. Além de bem conhecidas, elas não são poucas: todos estes modelos, na época em que ainda eram novidades, mereceram muitos elogios. Desde a suspensão independente nas quatro rodas do Focus, a melhor delas (embora as outras sejam irrepreensíveis – mesmo a do Golf, a única sem subchassi dianteiro), passando pela dirigibilidade, posição de dirigir e câmbio excepcionais do Golf, o bom espaço interno e a leve direção elétrica do Stilo (que agrada na cidade os motoristas mais pacatos, mas é leve demais para os mais esportivos), até chegar ao também espaçoso e agradável 307 e ao potente, silencioso e bem acabado Astra, todos eles ainda são dignos de uma série de elogios (e superiores às novidades pequenas/quase médias citadas), mesmo com a idade avançada. O que também explica a longevidade deles.

Enquanto a garantia e os serviços pós-venda são semelhantes (o Golf tem vantagem na maior garantia de motor e câmbio), o mesmo não se pode dizer da manutenção. Se Stilo, Astra e 307 se destacam em preço e equipamentos, na manutenção o Peugeot ca para trás (com peças mais caras, tem o seguro mais alto, junto com o do Golf, que tem grande índice de roubos) e deixa a disputa para os dois primeiros.

Além disso, para as revisões do 307, gastam-se R$ 41,85 a cada 1.000 km – despesa que baixa para R$ 29 no Astra, R$ 20,97 no Focus, R$ 19,40 no Stilo e R$ 17,50 no Golf. O Ford e o VW exigem revisões a cada 10.000 km ou seis meses, o que é pouco tempo. Chevrolet e Peugeot dão um ano para o cliente rodar os 10.000 km, enquanto o Stilo, o melhor neste quesito, tem revisões a cada 15.000 km – não importa o tempo (leia tabela de revisões na página ao lado).

Em termos de motorização, todos são ex, mas o Astra é o único 2.0, com 140 cv e bom torque, de quase 20 kgfm. O Stilo vem em seguida, com seu 1.8 de 114 cv e até 18,5 kgfm (basicamente o mesmo motor, de origem GM), mas não muito à frente dos demais, com motores 1.6 (113 cv no 307 e no Focus e 104 cv no Golf, todos com torque de 15 kgfm).

Para quem se preocupa com o que gasta no posto de combustível e com o meio ambiente, os modelos com motores 1.6 são mais econômicos, principalmente na cidade. Mas se você dirige em estradas com frequência, o Astra vai agradá-lo mais, com retomadas vigorosas e menor ruído do motor em alta velocidade – e não vai consumir muito mais se você respeitar os limites e rodar nos 100 a 120 km/h.

Dependendo das prioridades, o Fiat Stilo pode ser a escolha mais interessante – ou até o Peugeot 307, que vem com mais itens de segurança, mas tem seguro e manutenção caros, assim como o Golf. Já o Focus está saindo de linha, substituído pelo novo 1.6 Sigma (leia nesta edição) – uma boa oportunidade para caçar as últimas unidades, por cerca de R$ 42 mil. Vem pobre em equipamentos nesta versão, mas o preço atrai. Colocando na ponta do lápis, o melhor negócio aqui é o Astra, confirmando nossa escolha da edição passada, quando foi eleito justamente o Destaque do Ano na categoria custo/benefício.

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