É verdade: as linhas da traseira lembram as do 500, e seu “espírito” parece inspirado – para usar um eufemismo – no Mini Cooper. Mas não podemos resumir o Opel Adam a isso. Com a popularização dos carros pequenos, urbanos e caros, além dos remakes já citados, duas novidades, Audi A1 e Citroën DS3, também obtiveram vendas expressivas, principalmente na Europa (mas também no Brasil, considerando que são produtos de nicho). Assim, a divisão europeia da GM não podia ficar de braços cruzados. Daí o Adam. O cupê de linhas fluidas e esculpidas pode despertar infinitas conversas de bar relativas à originalidade de suas linhas. Mas, aqui, vamos tentar nos ater ao que interessa: é um bom carro?

Para responder, vamos começar com os pontos fortes. Ele tem qualidade construtiva, uma interface inédita de áudio/navegação/vivavoz/ smartphones e uma enorme propensão à personalização – que pretende satisfazer não apenas o consumidor mais “chique”, mas também os exibicionistas (no bom sentido, assim como o Mini e o DS3). Por dentro da cabine a qualidade é de modelo de luxo. Materiais, montagem e ergonomia são equivalentes aos de carros de segmento superior. No console central, a tela IntelliLink – similar ao MyLink do nosso Chevrolet Onix – atrai o olhar. Tem funções interessantes, como o navegador que funciona por meio de um aplicativo baixado em seu próprio smartphone, mas também tem seu lado negativo: como qualquer navegador de celular, consome seu plano de dados. Ainda assim, é uma inovação interessante.

Na estrada, a posição de dirigir agrada. Além do ajuste de profundidade do volante (opção ausente no 500, o mais espartano de seu rivais), o banco do motorista também tem ampla regulagem, e os dois assentos dianteiros ainda são espaçosos e confortáveis. O motorista fica mais alto do que no Mini Cooper, mas a sensação não é muito diferente. A pegada do volante é boa e os pedais são bem posicionados, assim como a alavanca de câmbio. No banco traseiro, nenhuma surpresa: com os mesmos 3,7 m do Mini e teto em curva, há pouco espaço para as cabeças, e apenas crianças e pré-adolescentes vão se acomodar bem ali. Já o porta-malas, além de pequeno (174 litros, contra 160 litros do Mini), tem boca muito alta, dificultando o acesso.

Até aqui, tudo corresponde ao carro que nos foi prometido. E a famosa “sensação de kart” elogiada pelos entusiastas do Mini? Como dito, a posição de dirigir é mais alta, mas as respostas da direção e a rigidez da carroceria não deixam dúvida: o Adam é pura diversão ao volante (os pneus 215/45 nas rodas aro 17). E olha que o modelo avaliado não era o básico, com motor 1.2 de 70 cv, tampouco era o 1.4 de 100 cv – e sim o intermediário de tímidos 84 cv. Não é o pedal direito, portanto, que garante o prazer ao volante. É o conjunto. O pequeno Opel se revela à altura dos melhores rivais, com uma precisão de condução de um carro de corrida e um comportamento seguro e sem hesitações, graças ao sistema de controle de estabilidade (ESP) capaz de intervir sem sufocar o piloto. O único inconveniente é a leveza da direção: um sistema tão preciso merece mais peso, para se comunicar melhor com o motorista. Há até um botão que altera a assistência – mas só é capaz de aumentá-la para ajudar nas manobras.

Já o câmbio manual tem relações bem curtas. Mesmo em quinta, o motor gira bem: a 130 km/h, são 4.000 rpm. O lado bom é que, apesar do barulho excessivo, o consumo não é alto. Na estrada, conseguimos a média de 13 km/l. No que diz respeito ao conforto, no entanto, o maior incômodo não vem do motor, mas do ruído dos pneus (principalmente atrás). Em suma, os passageiros do Adam são um pouco maltratados: se contorcem para entrar e se acomodar, e ainda sofrem com o ruído e os buracos – afinal, estão sobre uma estrutura ultrarrígida e sentados sobre as rodas. Exatamente como no Mini Cooper.