A Nissan quer a liderança de mercado entre as japonesas até 2016. Para isso, precisa ser líder, ou estar perto disso, nos segmentos que disputa. No de sedãs médios, sua grande cartada é esse novo Sentra. “Um sedã feito do zero”, diz a propaganda, querendo criar uma imagem mais forte junto ao mercado do que a do modelo que sai de linha agora. Mas não é bem assim: o carro ganhou um design bastante distinto e evoluiu – mas, ao volante, a sensação é de familiaridade, tipo “Eu te conheço de algum lugar?”

Do Rio para São Paulo, com idas e vindas, foram quase mil quilômetros de estrada e mais um tanto na cidade. E o Sentra me forçou a uma mudança de hábito, por conta do câmbio CVT. Diferentemente dos automáticos tradicionais, ele não tem marchas definidas, mas relações infinitas. Assim, em situações como a saída do pedágio, o motor mantém a rotação no alto até que se alivie o pé direito. E, nesse caso, se você pisou fundo, o ruído é alto, constante e monótono. Isso acaba induzindo a uma condução pacata – reduzindo as reclamações da minha esposa em relação ao meu “excesso de esportividade” ao volante. Vale lembrar que, com essa  nova geração do CVT, as saídas ficaram mais ágeis e, a 120 km/h, o motor (o mesmo da geração anterior) gira baixo, reduzindo o consumo: com nota A do Inmetro, é o menor da categoria para um 2.0 automático.

No mais, gostei bastante do novo Sentra. As suspensões ficaram mais macias e a direção continua precisa, embora pouco direta – mais um ponto em que o modelo assume o Corolla como maior alvo. Outro ponto positivo está na amplitude da cabine. O aumento do entre-eixos foi pouco, mas quem viaja atrás tem espaço de sobra para as pernas. O porta-malas enorme só peca por aposentar as alças pantográficas e adotar as do tipo “pescoço de ganso”, que podem esmagar as malas (isso parece ter virado quase uma regra no segmento).

Esse Sentra topo de linha SL avaliado, de R$ 71.990, não compraria. Como não sou fã do CVT – embora o recomende para quem gosta de suavidade –, ficaria com a única versão manual, a S, de R$ 60.990 (e seis marchas). Mas como sou fã de modelos mais esportivos, nessa faixa de preços, meu sedã seria um Civic ou um Focus.