É difícil ir a um test drive de um carro chinês despido de qualquer preconceito. Mas o Chery Tiggo tira isso de letra. O modelo surpreende positivamente quem espera encontrar um carro desajeitado. Não é lindo, mas feio também não é. Seu estilo não é exatamente moderno, e há um ou outro corte mal-resolvido, mas, no geral, não desagrada. Com 4,28 m de comprimento, tem porte semelhante ao de um EcoSport.

Logo após as apresentações iniciais, no entanto, o jipinho começa a dar suas escorregadas. A dobradiça da porta range e seu fechamento produz aquele som metálico de lata batendo em lata. Xiiii… péssimo cartão de visitas. Ao girar a chave, o som liga no volume 22 e agride os ouvidos. Como se não bastasse, seu motor, em marcha lenta, é ruidoso.

Em sentido horário: instrumentos com fundo branco, painel com desenho agradável, som com entrada USB, vidros elétricos de série, aquecimento dos bancos dianteiros, boa modularidade do porta-malas, bom espaço no banco traseiro e motor 2.0 bastante satisfatório, mas não flex

O tecido que recobre os bancos é áspero demais e o acabamento interno deixa a desejar. O plástico não é dos melhores e é nítida a fragilidade das peças móveis, como as tampas dos porta-objetos. Parece certo que aquele interior vai começar a ficar barulhento depois de algumas centenas de quilômetros. De qualquer forma, se o acabamento não é seu forte, o carrinho tem outros atrativos. Bem equipado, oferece de série ar-condicionado, direção hidráulica com ajuste de altura, trio elétrico, bancos dianteiros com aquecimento, airbag, ABS e CD com entrada USB. Tudo isso por um preço convidativo: R$ 49.900. Quem compra esse tipo de carro por conta de espaço e da posição de dirigir, vai aprovar o Tiggo. Talvez essa seja sua maior qualidade, depois da recheada lista de itens de série. O motorista fica alto, tem boa visibilidade e acesso fácil aos instrumentos (com exceção do ar-condicionado, um tanto baixo demais).

Para quem vai atrás, as portas grandes e com bom ângulo de abertura garantem acesso fácil e há espaço de sobra para pernas e ombros. Excelente para dois adultos, que podem reclinar o encosto. O bagageiro acomoda 827 litros, mas com os bancos rebatidos a capacidade chega perto dos dois mil litros, e tem a tampa com abertura vertical, da esquerda para a direita. Poderia ser o contrário, para que você não precisasse descarregar as compras do lado da rua.

Em relação ao desempenho, não espere uma performance de arrancar suspiros. O motor é um 2.0 com duplo comando no cabeçote que rende 135 cv, mas oferece um torque máximo de 18,2 kgfm um tanto tardio, que chega somente às 4.300 rpm. Isso dá aquela sensação desagradável de carro pesado, que demora a embalar. A tração é apenas dianteira e a suspensão, com MacPherson na frente e braços arrastados atrás, tem acerto bastante macio.

Agradecimentos: Casa das Caldeiras: www.casadascaldeiras.com.br