O tempo estava nebuloso, chovia e o asfalto estava molhado – mas não muito. Era a pior condição que se pode imaginar, mas pilotar a Ferrari 458 Italia pela estrada que leva às colinas fora de Maranello é um prazer raro. O carro responde imediatamente e com a máxima precisão a cada comando. Ele me segue em qualquer manobra, como se fôssemos uma coisa só. Vai fortíssimo sem titubear e é extraordinariamente potente. Mas não é isso o que pega nessa máquina ou, pelo menos, não apenas. É o equilíbrio obtido entre os vários componentes e o cuidado obsessivo com os detalhes que deixam essa Ferrari especial. Mas vamos dar um passo atrás.

A 458 Italia tem somente 1,21 m de altura. Portanto, para tomar o volante é necessário quase mergulhar no chão. Fechada a porta me deparo com um ambiente completamente novo. Em frente aos olhos, um grande conta-giros amarelo com duas colunas negras de cada lado que ganham vida magicamente assim que se vira a chave.

Na coluna da esquerda, o motorista pode visualizar os números relativos ao funcionamento do carro (instrumentos secundários, acerto, cronômetro…). Já a coluna da direita é dedicada ao sistema multimídia (com informações do sistema de som e de navegação), ou, se você preferir, ao velocímetro com mostrador analógico ou digital.

Acima, a saída de escape tripla: uma delas é falsa, apenas estética (e os mais puristas já estão reclamando)

Há muitas novidades também em relação aos comandos. Na parte mais baixa do volante, onde se espera encontrar só o botão de partida e o clássico manettino (o seletor característico das Ferrari que permite ao motorista escolher o acerto do carro), vê-se também um novo controle adicional, para o acerto também da calibragem dos amortecedores. Logo acima, há o botão da buzina e, ao seu lado esquerdo, o da seta à direita. Abaixo, o acionamento do limpador de parabrisa.

Parece bastante complicado, mas garanto que não é. Bastam poucos quilômetros e você já estará manejando tudo com a maior tranquilidade possível. Para os assentos, é possível ficar com os que vêm de série, extremamente confortáveis e já muito envolventes (confira na foto), ou optar por bancos de carbono tipo concha.

O motor oito cilindros tem, como de costume, posicionamento traseiro central. E esse também é novo. Graças à alimentação direta, ao duplo variador de fase e a um inovador sistema de aspiração com geometria variável, disponibiliza a maravilha de 570 cv a 9.000 rpm, uma potência específica recorde em um propulsor aspirado. Ainda mais impressionante é o torque de 55 kgfm a 6.000 rpm (80% disponível entre 3.500 e 9.000 rpm). Trabalha conjugado com o câmbio de dupla embreagem e sete marchas. A eletrônica controla o diferencial, o sistema de tração, a suspensão e os freios. Completando o quadro técnico, rodas aro 20 com disco de carbono-cerâmica de 398 mm na frente e 360 mm atrás.

No alto, os assentos de série, bem confortáveis. Se preferir, pode trocá-los por bancosconcha em fibra de carbono. Acima, o enorme conta-giros no centro do painel

Saio da estrada e entro na pista. Se fora do circuito o V8 havia impressionado pelo torque nos regimes baixos, quando se superam os 6.000 giros, é pura bravura. Engato as marchas com uma velocidade impressionante. São 3,4 segundos para chegar aos 100 km/h e logo se está a mais de 200 km/h, com o motor que despeja força tentando atingir a máxima de 325 km/h.

Freio para entrar na primeira curva: o pedal tem curso curto e é muito consistente. A 458 não se ressente com a desaceleração. Fantástico! Me aproximo na marcha correta (segunda) para contornar a curva. Após a tangente, afundo o pé e deixo a eletrônica trabalhar. Vejo a luz do controle de tração piscar, mas a intervenção fica nisso.

A 458 mantém a trajetória e sai velozmente da curva. Terceira, quarta e… Giro o manettino a fim de excluir qualquer atuação do ESP. Agora a 458 é minha, só minha. E não decepciona. As reações são rápidas, mas sempre sinceras e previsíveis. Claro que é preciso saber guiar, porque os cavalos são muitíssimos, mas a máquina é obediente e faz sempre exatamente aquilo que o piloto quer.

Nos dois displays nas laterais do conta-giros é possível conferir uma grande variedade de informações, que podem ser personalizadas. A grande quantidade de botões assusta, mas em pouco tempo nota-se que não é tão complicado pilotar esta máquina

Com o sistema VDA (assistência dinâmica do veículo), é possível conferir no display da esquerda a “situação térmica” (temperatura do motor, freio e pneus)

O novo V8, com injeção direta, tem potência específica de 126 cv/litro. Um verdadeiro recorde para um motor aspirado. Abaixo, na estrada: ela é bastante agradável de dirigir, desde que se escolham todos os acertos corretos