Pode soar estranho, mas em muito anos de trabalho com carros, tive poucas oportunidades de sentar ao volante de um superesportivo. E isso me tornou o candidato ideal para um teste singular, no mínimo: medir o nível de emoção que se sente ao dirigir carros esportivos em uma pista. Como? Com dados objetivos, como frequência cardíaca e respiração. Exatamente os mesmos parâmetros que, por exemplo, se alteram quando levamos um grande susto ou, na adolescência, damos o primeiro beijo. Para detectá-los, usamos uma ferramenta criada, na verdade, para outros fins: uma roupa biométrica, feita pela Marelli em parceria com a marca de roupas esportivas OMP Racing. Concebida para pilotos e com suas características resumidas no quadro da página ao lado, ela é a primeira a ser homologada pela FIA para utilização em todas as categorias do automobilismo, incluindo a Fórmula 1.

Com este teste, queremos mostrar como os carros esportivos mexem com nosso corpo e nossas emoções e comparar as reações de um piloto “normal” com as de um profissional, ambos em uma pista de corrida ao volante de um superesportivo. É fácil encontrar um “rival” entre nossos pilotos de teste: Davide Fugazza, o mais experiente na pista de Vairano [de nossa parceira Quattroruote] – que sempre é provocado a levar os carros de teste ao limite para obter os melhores tempos de volta.

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Compromisso destacado

Quanto ao carro, ele deveria garantir um desempenho de tirar o fôlego – e escolhemos o poderoso Lamborghini Huracán Evo, com seu motor V10 de 640 cv, tração nas quatro rodas e pneus especiais Pirelli P Zero Trofeo. Não é extamente um carro de corrida, mas é um dos carros esportivos que mais se aproxima bastante disso.

Para funcionar de modo ideal, esta roupa biométrica da Marelli deve ser perfeitamente cortada de acordo com as medidas do piloto: Davide é bem mais musculoso que eu e, portanto, precisa de alguns ajustes, enquanto minhas formas, resultado de anos de GPs seguidos… vistos do sofá da minha casa, pela primeira vez, jogam a meu favor, fazendo o tecido aderir melhor ao corpo.

Os primeiros dados são obtidos em repouso e já são bem significativos: a frequência cardíaca do profissional atinge no máximo 59 batidas por minuto, enquanto a minha chega a 85. Até minha frequência respiratória, sinal de um (compreensível) estado de ansiedade, está mais acelerada (35 por minuto, contra 21 dele). Nesse momento, Davide entra na pista e dá algumas voltas do percurso, o que inclui uma frenagem a 240 km/h para entrar no Loop Norte. É onde os parâmetros são medidos.

Conforme ele dirige, suas batidas cardíacas aumentam apenas ligeiramente, para um máximo de 72 por minuto. As coisas mudam bastante quando eu sento ao volante: minha frequência cardíaca pula imediatamente para 110 bpm e minha respiração para 33/minuto, contra apenas 20 do Davide – apesar das diferenças de velocidade muito evidentes na frenagem (237 km/h para o profissional contra 197 para mim), na curva (157 contra 115 km/h) e as acelerações laterais (1,2 contra 0,7)…

O teste mais difícil? A máquina de lavar…roupa biométrica

“A complexidade da roupa biométrica”, explica Riccardo De Filippi, CEO da unidade de negócios Motorsport da Marelli, “decorre da necessidade de passar nos testes de dano exigidos pela FIA para a homologação das roupas dos pilotos, desde o combate a incêndios até… passagens na máquina de lavar”. O objetivo era criar uma roupa biométrica que os pilotos pudessem usar principalmente em corridas, para monitorar os parâmetros que afetam o nível de desempenho deles. Portanto, o uso de base de material à prova de fogo – como o Nomex, da Dupont –, misturado a outras fibras é obrigatório: a Marelli cuidou do sistema eletrônico que gerencia e transmite os dados que são obtidos pelos sensores têxteis Conftech, elementos com eletrodos condutores embutidos nos tecidos.

Segundos de tensão

Os parâmetros são registrados em um data logger, para depois poderem ser analisados no computador
roupa biométrica
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A malha biométrica desenvolvida pela Marelli e pela OMP Racing recolheu uma enorme quantidade de dados relativos a todo o percurso: foi necessário simplificá-los, analisando um ponto especialmente significativo do percurso. A escolha recaiu sobre um trecho que é completado em 4 a 6 segundos, indicado em vermelho no gráfico ao lado. Ele contempla a vigorosa frenagem necessária para sair da reta em alta velocidade e inserir o Lamborghini na série de curvas que permite a conexão ao percurso de Handling de Vairano. Um ponto em que o Huracán Evo atinge uma velocidade de quase 240 km/h. Os valores em repouso, medidos antes do teste na pista e usados ​​ como referência, foram obtidos nos boxes.

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