28/10/2023 - 8:55
Totalmente mudada da grade frontal ao cano de escape, a quinta geração da Ranger começou a chegar ao Brasil em agosto com influências da gigante F-150, no design e na dinâmica, caprichando não só na experiência a bordo, mas também, ao volante. Afinal, a picape grande é o produto de maior alcance global da marca, fabricada simultaneamente em seis locais ao redor do mundo e comercializada em mais de 180 mercados.
Seu projeto consumiu investimentos na faixa de nada menos que US$ 660 milhões em atualizações na planta de Pacheco, na Argentina. Com 2.700 componentes redesenhados, a nova geração é bem distinta, na fórmula e na função, do primeiro modelo que chegou ao Brasil em 1994. Com 30 anos de América do Sul e mais de 1 milhão de unidades vendidas na região, a Ford Ranger foi reinventada, e agora tem dirigibilidade típica de SUV. E foi mexendo nas “entranhas” que esta mágica aconteceu: a rival de Chevrolet S10, Nissan Frontier, Toyota Hilux e Volkswagen Amarok adotou a terceira geração global de arquitetura de cabine e longarinas, com sua construção de carroceria sobre chassis agora 30% mais resistente. Nas medidas externas, são 5,372 m de comprimento, 1,620 de largura, 1,886 de altura e enormes 3,270 de entre-eixos.
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Apesar de ter aquela pegada típica das pick-up trucks americanas, a nova Ranger disfarça seu porte avantajado graças à sua ótima manobrabilidade tanto em pisos asfaltados quanto nos mais irregulares. A conexão entre máquina e motorista sempre foi um dos bons atributos da picape média da Ford – que agora está ainda mais afiada e obediente nas mudanças de trajetória, sempre mostrando um ótimo controle da carroceria. Essa dinâmica é resultado de suspensões dianteiras com um curso 15 mm maior e as traseiras, reprojetadas, com os amortecedores deslocados para a parte externa da longarina e instalados em ângulo de 5,3º do lado esquerdo e 6,45º do direito. Na prática, temos um utilitário mais conectado ao piso, capaz de rolar pouco nas curvas e que inibe o incômodo pula-pula ao trafegar com a caçamba de 1.232 litros descarregada (o acesso a ela é facilitado pelo degrau na lateral).
Na cabine, quadro de instrumentos 100% digital e multimídia estilo tablet, com tela vertical e dimensões generosas. Acima, o seletor giratório dos quatro modos de tração e, ao fundo, os botões de bloqueio do diferencial traseiro, modos de condução, auxílio em descidas e outros recursos; abaixo, a caçamba com capacidade de 1.232 litros e a dianteira inspirada na F-150.
‘Raça Forte’
Dois propulsores estão disponíveis: o V6 3.0 turbodiesel, desenvolvido pela Ford, nas versões XLT e Limited e casado ao câmbio automático de dez marchas – o mesmo da F-150 e do Mustang, mas com uma calibração específica. São 250 cv de potência e 600 Nm (ou 61,2 kgfm) de torque entre 1.750 e 2.250 rpm. Já as opções de entrada XL e XLS vem com um também novo quatro cilindros 2.0 a diesel associado a caixas manual (MT88) ou automática (6R80), ambas de seis velocidades. Neste caso, são até 170 cv e 405 Nm (41,29 kgfm) entregues de 1.750 a 2.000 rpm.
O seis cilindros em V sobrealimentado transmite um funcionamento suave e adota bloco de ferro grafite compactado, cabeçotes de alumínio e bicos injetores de alta pressão. Ao contrário da Volkswagen Amarok V6 (258 cv e 580 Nm), a entrega do desempenho é mais progressiva na Ranger, sem pregar sustos no condutor nas acelerações mais brutas. Com uma relação peso-potência de 13,1 kg/cv e relação peso-torque de 5,5 kg/kgfm, a nova Ranger vai a 100 km/h em 9,2 segundos e crava 187 km/h de máxima. Aliás, a 100 km/h, a agulha do conta-giros repousa na faixa de 1.500 rpm, e destaca-se o baixíssimo nível de ruído do motor, que ainda é filtrado pelo excelente isolamento acústico do habitáculo. Dependendo da situação, a transmissão automática pula rapidamente da décima marcha para a sexta para a picape retomar o fôlego. E retorna, logo em seguida, à décima marcha.
Quem preferir pode fazer as trocas sequenciais pelas teclas na lateral da alavanca seletora do câmbio. Estão disponíveis na opção Limited mais completa os modos de condução Normal, Eco, Escorregadio, Rebocar/Transportar, Lama/Terra e Areia, que alteram a entrega do desempenho e diversos outros parâmetros determinados para ajudar em situações fora de estrada.
Dirigimos em grande parte do tempo no programa Eco, com o computador de bordo indicando consumo superior a 10 km/l, enquanto na cidade ele marcou 7,2 km/l. Nada mau para um utilitário de mais de 2.300 quilos! Aliás, no uso urbano, a direção eletronicamente assistida leve contribui no conforto e, para poupar óleo diesel, o sistema start-stop atua suavemente ao desligar ou religar o motor V6 durante as breves paradas, como nos semáforos.
Saindo do asfalto pelas trilhas argentinas da região de Mendoza, usamos o sistema de tração, que possui a caixa de transferência com controle eletrônico, com opções 4×2, 4×4 e reduzida, assim como 4WD – que distribui sob demanda a força entre os eixos. Também cooperam os ângulos de ataque (30º), saída (26º) e a altura livre do solo de 23,5 cm, com capacidade de imersão de 80 cm.
Embora utilize largos pneus All Seasons (265/55 R20) sem aptidões lameiras, eles dão conta do recado até em terrenos arenosos, além de produzirem baixo ruído no asfalto a 120 km/h. Tudo sem abrir mão da conveniência proporcionada pelo quadro de instrumentos digital de 12,4” e a central multimídia Sync C 4 de 12” com Android Auto e Apple CarPlay, que estão disponíveis na Limited completa. Em segurança, desde a XLT há o pacote de assistência com frenagem automática, incluindo detecção de pedestres, e de partida em rampas, além de sete airbags, faróis em LED, reconhecimento de sinais de trânsito, controle eletrônico de estabilidade, controle automático em descidas, frenagem pós-colisão, câmera de ré e limitador de velocidade. Já a Limited com todos opcionais contempla, ainda, piloto automático adaptativo com função stop & go, monitor de ponto cego, assistente de manobras evasivas/de permanência e centralização em faixa/de cruzamento, alerta de tráfego cruzado em marcha a ré e câmeras 360°.
Considerando o ótimo pacote, o mercado deve reagir muito bem à novidade. Se tivesse chegado antes, seria uma forte candidata a roubar o título Compra do Ano 2024 da S10, em um segmento que estava carente de boas novidades (apesar da alta procura). Em breve, poderemos avaliar esta e outras versões aqui no Brasil, e veremos o que a concorência reserva para os próximos 12 meses. Já sabemos que tem muita picape nova vindo por aí!
Ford Ranger Limited
Preço básico: R$ 239.990
Carro avaliado: R$ 339.990
Motor: seis cilindros em V 3.0, 24V, duplo comando de válvulas, turbo, intercooler, injeção direta
Cilindrada: 2.993 cm³
Combustível: diesel
Potência: 250 cv a 3.250 rpm
Torque: 600 Nm a 1.750 rpm
Câmbio: automático sequencial, dez marchas
Direção: elétrica
Suspensões: braços sobrepostos (d) e eixo rígido (t) com molas helicoidais
Freios: discos ventilados (d/t)
Tração: integral sob demanda, com modos 4×2, 4×4 e 4×4 reduzida
Dimensões: 5,372 m (c), 1,620 m (l), 1,886 m (a)
Entre-eixos: 3,270 m
Pneus: 265/55 R20
Caçamba: 1.232 litros
Tanque: 80 litros
Peso: 2.357 kg
0-100 km/h: 12 s
Velocidade máxima: 187 km/h
Consumo cidade: 8,9 km/l
Nota do Inmetro: C* Classificação na categoria: C* (Picape) *dados estimados