01/07/2022 - 19:35
Pixel após pixel, um quarto de século se passou. E tudo evoluiu, menos a filosofia deste “jogo” que, em 1997, reescreveu a história dos videogames: o Gran Turismo. Hoje ele está em sua sétima geração, e em melhor forma do que nunca. Dizer que no Gran Turismo 7 existem mais de 400 modelos e 90 pistas, porém, não transmitiria o quanto ele melhorou em relação ao passado – então decidimos testar seu realismo comparando um carro real com seu homólogo virtual.
A escolha recaiu sobre o Toyota GR Yaris (leia aqui o teste do carro real), e a razão é óbvia: é o carro mais analógico disponível atualmente. E simular com bytes sensações de condução “mecânicas” que este esportivo com motor três cilindros e tração nas quatro rodas pode proporcionar não é nada fácil.
Perfeccionista
Recriar os detalhes de direção mais imperceptíveis sempre foi uma obsessão de Kazunori Yamauchi, presidente da Polyphony Digital e a mente por trás da criação de todos os capítulos do Gran Turismo. Assim, até o pequeno esportivo japonês foi recriado nos mínimos detalhes, mesmo a nível técnico.
O GR Yaris presente no GT7 tem as especificações japonesas: além do volante à direita, vem com um motor ainda mais potente. Devido à legislação sobre emissões, o três cilindros turboalimentado de código G16E-GTS atinge 272 cv de potência máxima, 11 a mais do que na versão que testamos, disponível na Europa.
Para equacionar tal potência com precisão, através da oficina virtual do game aplicamos no hatch um limitador de potência, de modo a ter os mesmos 261 cv no exemplar que levamos à pista da Quattroruote em Vairano quanto no do simulador.
Os resultados foram os esperados: os tempos de aceleração e retomadas (como mostra a tabela da página anterior) estão de acordo com os medidos em nossos testes, com diferenças de só um décimo de segundo.
Até aí, é fácil: o mais difícil é recriar sensações de condução semelhantes às reais, transmitindo-as às mãos de quem joga. Em um carro de verdade, você sente as vibrações em seu corpo, seu pé sente quando o ABS começa a trabalhar e seu corpo sente a aceleração lateral agindo – e você dosa as manobras de acordo.
Já no PlayStation, você tem que confiar no controle – que recria os efeitos de frenagem ou derrapagem dos pneus com o retorno de força (force feedback) ou, como em nosso caso, em um volante. Este deve, porém, simular o funcionamento de diversos componentes mecânicos usando apenas o recurso de vibrações, o que limita bem as sensações que podem ser transmitidas e notadas.
O Thrustmaster T-GT II que usamos, no entanto, foi desenvolvido em paralelo com o Gran Turismo 7 e transmite feedbacks que, em alguns casos, ficam muito próximo dos reais. Zebras, por exemplo, são recriadas com boa fidelidade, e, ao acelerar fundo nas saídas das curvas, até mesmo o funcionamento dos diferenciais pode ser sentido claramente.
Obviamente, as sensações mecânicas que um carro como o Yaris com a assinatura Gazoo Racing transmite está em outro nível de percepção. Porém, considerando que o Gran Turismo foi projetado para ser acessível a todos os públicos, o nível de realismo alcançado é inédito.
Usabilidade máxima
O fato de o modelo digital se comportar quase como no mundo real, no entanto, não é novidade: o GT Sport já havia elevado o nível de realismo, mas, agora, tudo é ainda mais “verdadeiro”. É até difícil descrever, mas, quando o carro está quase saindo de frente no jogo, você sente.
Quando o carro está prestes a escapar, você sabe. Claro, o modelo feito de pixels não te dá exatamente a mesma sensação do carro real e as sensações são todas bem filtradas, mas o game ainda consegue dar uma ideia do que está acontecendo entre as rodas e o asfalto. E esta é a maior diferença – além dos gráficos, como você pode conferir no quadro acima – em relação às versões anteriores.
A dinâmica de condução dos diversos modelos está mais ajustada do que nunca, enquanto as alterações feitas na oficina virtual alteram significativamente o comportamento do carro e, consequentemente, seu desempenho.
A obsessão da Polyphony Digital também aparece ao se trocar o escapamento do carro: o som, na verdade, varia de acordo com o tipo de silenciador (marmitta) instalada.
No Gran Turismo 7, a experiência sonora melhorou significativamente, com um som muito mais envolvente e imersivo, especialmente se você utilizar um bom fone de ouvido. Mas não tem jeito: o game simula ruídos aerodinâmico que aumentam de intensidade conforme a velocidade, o rolar dos pneus e sons da turbina – mas, em um cockpit no mundo real, você aprecia mais as nuances.
No caso do GR Yaris, o sopro da turbina é bem recriado, mas você só consegue ouvir o “espirro” da válvula de alívio (wastegate) com o carro verdadeiro em mãos. Mas são detalhes impossíveis de serem notados se você não tiver um Yaris destes na sua garagem.
O Gran Turismo está mais real, mas ainda pode ser jogado com facilidade: você pode usar o joystick para tentar melhorar tempos em milésimos ou, ainda, jogar online. Se quiser, também pode tentar desafios para todos os níveis ou expandir sua cultura automotiva.
Cada nível dos 39 Menu Book acessíveis a partir da nova tela “Café” tem um vídeo que explica a história, os detalhes técnicos e curiosidades de todos os carros presentes.
Como na vida real, no Gran Turismo 7 o resultado varia conforme as ajudas eletrônicas são ligadas ou não. Nos testes realizados, registramos uma diferença de alguns décimos de segundo entre o carro com o TCS ativado e com todos os controles desligados.
Mesmo nos números, o realismo é notável: as diferenças dos tempos medidos em nossos testes com o GR Yaris de verdade são mínimas até 130 km/h; já ao ao andar em velocidades mais altas, o carro virtual é só um pouco mais responsivo que o real
Gráficos: reflexo perfeito!
Um dos pontos fortes do Gran Turismo 7 é a atenção aos detalhes, mesmo os mais insignificantes… ou não, porque, juntos, eles fazem diferença. O simulador definitivamente virou a página em nível gráfico, com um fotorrealismo inédito.
Parte do crédito vai para o hardware do PlayStation 5, console para o qual o novo título Polyphony foi desenvolvido (por tradição também existe uma versão para PS4, não se preocupe).
Mais do que as formas dos carros, cada vez mais precisas também graças a um sistema anti-aliasing avançado (que evita o pixel jogging), o que impressiona mais são as sombras e os reflexos. A luz gera efeitos diferentes de acordo com a superfície que toca, criando padrões que enganam até os olhos mais experientes.
Isso ocorre tanto no modo foto (que reproduzimos aqui) quanto no jogo real, onde os detalhes do painel fazem você mergulhar no jogo de um modo hiper-realista.
Se você realmente quiser procurar pelo em ovo, os detalhes da parte inferior do painel são um pouco menos precisos do que os mais visíveis: o seletor de modo de condução e o botão de câmbio deste GR Yaris, na verdade, não são perfeitamente redondos, mas sim reconstruídos com um polígono de 16 lados. Detalhes mínimos, mas ainda presentes.
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