O Fiat Pulse Abarth chegou. Mas essa não é a primeira tentativa da Fiat emplacar a marca que leva o nome de sua divisão de esportivos no Brasil. No final de 2014, fui ao autódromo de Goiânia ter meu primeiro contato com o 500 Abarth, que foi vendido por aqui por um tempo… Sem muito sucesso. Agora, 8 anos depois, a marca do escorpião está de volta, e meu primeiro contato com ela foi na pista de Tarumã, perto de Porto Alegre.

Esqueça o 500 Abarth testado na época. Agora a moda é SUV, e a Fiat, para não repetir o fracasso anterior, aposta em carimbar o escorpião nos seus “SUVs” — primeiro veio o Fastback, mas só como “powered by Abarth”, uma de apresentar a marca (enganosa, digamos: significa que teria motor Abarth, mas o motor é o mesmo dos Jeep T270, não algo desenvolvido pela própria Abarth).

No caso do Pulse Abarth, a coisa melhora. Ostentando quase só logos da marca fundada por Carlo Abarth para as corridas em sua carroceria, além de uma discreta “Fiat flag” na grade, ele se propõe a ser um “Abarth legítimo”.

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PULSE ABARTH: A RECEITA

Suspensão, direção, transmissão, freios, motor e etc foram todos recalibrados, reprogramados e modificados para torná-lo digno de exibir o escorpião. Mas, ainda assim, é estranho esse mundo onde os SUVs querem de fato ser esportivos.

Apesar do S da sigla ser de “Sport”, não é bem a esse tipo de esportivo que se refere. Por princípio, carroceria alta, grande distância do solo, conforto em estradas de terra e aerodinâmica com dianteira alta e grande área frontal são tudo que não se busca/deseja em um esportivo.

Parece uma má ideia, mas se o consumidor vai comprar — a marca espera vender otimistas 400 unidades por mês, 10% do total do aventureiro/crossover-SUV Pulse –, por que não fazer? Mas será que convence que gosta de esportivos de verdade, pistas e até track-days, como sugere a marca?

Pulse Abarth

Nesse primeiro contato, no cenário “ideal”,  tivemos cinco voltas de cerca de 3 km para começar a responder essa pergunta, e depois uma volta rápida, um desafio de tempo.

Já adianto que não empolgou tanto quanto o pequenino 500 — que era bem menor e mais leve: com 167 cv e 226 Nm de 2.500 a 4.500 rpm do motor 1.4 turbo com sistema MultiAir, ele acelerava até 100 km/h em apenas 6,9 segundos. Apesar do banco alto, a carroceria mais baixa dava mais sensação de estar em um kart, e o câmbio manual surpreendia pelos engates justos e precisos.

Pulse Abarth

Já este Pulse Abarth tem um 1.3 com o mesmo sistema MultiAir, porém com mais potência, os mesmos 185 cv de suas outras aplicações, e também mais torque: 270 Nm, e desde 1.750 rpm. Mas, por outro lado, tem as desvantagens já aposentadas. Assim, leva um segundo a mais para atingir os 100 km/h — em ainda bons, mas não impressionantes, 7,6 segundos. E chega à máxima de 215 km/h.

PULSE ABARTH: O VISUAL

Pulse Abarth

Chego na pista para conferir o novo Pulse Abarth. O visual, de cara, se destaca. São diversas alterações: para-choques redesenhados, mais baixos e largos 4 com tomadas de ar maiores, grade “flutuante” com aplique superior fibra de carbono, rodas exclusivas aro 17 com alívio massa (podiam ser de 18), antena shark, escrita Abarth na traseira, saída de escape dupla com 3 polegadas. A carroceria pode ser branca, cinza, preta ou vermelha (combinada a cinza ou preto), além de 13 escorpiões espalhados.

Pulse Abarth

Na cabine, o ambiente também é especial: há muitos detalhes vermelhos nas costuras do volante e da alavanca de câmbio, além de bancos de couro com escorpião, este também presente em badges no painel, e um botão “Poison” (veneno) no volante. Outra diferença que chama atenção é o freio de mão elétrico, que o pulse normal não tem (com acionamento automático ao colocar em P).

PULSE ABARTH: NA PISTA

Ao ligar o carro, há um “showzinho” com a escrita Abarth aparecendo no cluster e o brasão da marca no sistema multimídia com tela de 10,1 polegadas. O cluster, diferente,  é mais vermelho, mostra força G e pressão turbo, e, no modo Poison (já volto a ele), fica ainda mais vermelho.

Chega de admirar o Pulse Abarth e vamos ver se ele entrega o que promete: “uma experiência de dirigir excitante e única”. Como nunca andei em Tarumã, peguei leve nas primeiras voltas. No modo normal, as respostas ao acelerador já são mas malcriadas que o esperado, para mostrar que não é um esportivo só de aparências.

Não dá pra notar que a suspensão está 10 mm mais baixo – poderia até ter ficado mais baixa, para ser um esportivo de verdade, mas a marca não queria prejudicar o uso cotidiano e a tão valorizada altura do solo para não raspar em valetas e lombadas. Os amortecedores 13% mais firmes, já se nota em pequenas irregularidades, mas terão sua verdadeira prova quando pegarmos o carro com mais tempo nas ruas de São Paulo.

Outras modificações incluem barra estabilizadora maior, direção 7% mais direta e redução na rolagem da carroceria (10% menor), além de a direção ficar 51% mais rápida, o que deixa o carro mais sensível às solicitações do piloto-motorista.

Pulse Abarth

Na terceira volta, aperto o botão do escorpião no volante, que ativa o modo Poison (veneno): controle de tração e estabilidade ficam bem mais tolerantes, a vetorização de torque ajuda nas curvas e o mapa do acelerador muda pra entregar 100% do torque com metade do curso do pedal, e o mapa do câmbio (trocas retardadas e mas freio motor). 

Resultado: foram poucas voltas, mas o Pulse Abarth me surpreendeu pelo equilíbrio, principalmente considerando a altura do solo de 217 mm. Mesmo forçando nas curvas, a eletrônica demora a atuar pra cortar o barato, e a pouca inclinação da carroceria surpreende – para um “SUV”.

As acelerações não são de colar no banco, mas são consistentes e sem perder fôlego por causa das trocas de marcha ajustadas à intenção. Mas o motor parece ser levado ao limite. O volante poderia ter mais peso, mas não chega a ser bobo, e, se você não cola no banco, é um carro bem animado de se guiar. No limite, mostrou pouquíssima tendência ao subesterço, em alguns momentos deixando até a traseira escapar um pouco – curioso em um modelo de tração dianteira, e mérito da eletrônica envolvida no sistema de vetorização de torque.

No fim, o Pulse Abarth é uma ideia questionável – fazer um esportivo com base em uma carroceria e estilo de carro que não é propriamente o mais adequado –, porém muito bem executada. Entrega um desempenho provocante e um visual atraente. Resta ver sua usabilidade no cotidiano, o que faremos em um teste mais longo em breve. Agora, se vale R$ 149.990? Aí é com você…


FICHA TÉCNICA

FIAT Pulse Abarth Turbo 270 AT6

Motor: quatro cilindros em linha 1.3, 16V, comando continuamente variável de tempo e abertura das válvulas (MultiAir), turbo, injeção direta
Cilindrada: 1.332 cm3
Combustível: flex
Potência: 180 cv (g) e 185 cv (e) a 5.750 rpm
Torque: 270 Nm a 1.750 rpm (g/e)
Câmbio: automática sequencial, seis marchas, aletas no volante
Direção: elétrica
Suspensões: MacPherson (d) e eixo de torção (t)
Freios: disco ventilado (d) e tambor (t)
Tração: dianteira
Dimensões: 4,115 m (c), 1,777 m (l), 1,544 m (a)
Entre-eixos: 2,532 m
Pneus: 215/50 R17
Porta-malas: 370 litros
Tanque: 47 litros
Peso: 1.281 kg
0-100 km/h: 8s0 (g) e 7s6 (e)
Vel. máxima: 214 km/h (g) e 215 km/h (e)
Consumo cidade: 10 km/l (g) e 6,8 km/l (e)
Consumo estrada: 12,3 km/l (g) e 8,8 km/l (e)
Emissão de CO2: 120 g/km*
Nota do Inmetro: C*
Classificação na categoria: C (Médio) *
*estimadas


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