Assim como aconteceu com o Polo, o novo Volkswagen Virtus 2023 que chega aos concessionários em março também precisou aumentar sua “área de atuação”. Isso porque, com a aposentadoria de Gol e Voyage, os mais clássicos modelos de entrada da marca, a marca precisou investir no barateamento de Polo e Virtus para tapar este “buraco” na gama (e, ao mesmo tempo, deixá-lo mais sofisticado para tapar também o lugar do Jetta 1.4, em breve; leia mais abaixo).

Por isso, no lugar do antigo motor 1.6 que já havia sido aposentado, a Volks lança agora versões 1.0 TSI 170, com a mecânica do antigo up!, tanto manual (R$ 103.990) quanto automático (R$ 112.990). Menos potentes, estas novas opções têm 109/116 cv (gasolina/etanol) e 170 Nm. Mais detalhes sobre as versões e as mudanças você vê aqui.

Volkswagen Virtus – Foto: Divulgação

Além disso, como já vai completar cinco anos de mercado, chegou a hora de dar um “tapa” no visual. Ele ocorreu principalmente nos para-choques e nos conjuntos ópticos, que mudaram bem a frente. Este era um desejo do designer João Pavone, para que ela ficasse mais longa e diferente da do Polo, separando mais os dois carros.

Volkswagen Virtus – Foto: Divulgação

De fato, o Virtus ganhou imponência, e ficou mais atraente – a traseira ainda ganhou um “quê” dos primos da Audi e a frente agora tem uma “bocona” no para-choque dianteiro (e o traseiro ganhou um “extrator”). Mais uma evolução do que uma revolução.

Volkswagen Virtus – Foto: Divulgação

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ADEUS, VOYAGE 

Mas, se as dimensões e alguns dos itens nos pacotes de tecnologia e segurança o aproximam do Jetta, o acabamento e a função no mercado deste Virtus, principalmente nas novas versões, são o que esperaríamos de um novo Voyage em um mercado evoluído.

Seria, digamos, um Voyage mais decente e atualizado, finalmente. Porque, como a MOTOR SHOW noticiou com exclusividade há anos, o Polo seria nosso novo Gol, mas as contas não fecharam, e ele veio como Polo mesmo (e o Gol ganhou uma sobrevida).

Então, assim como o novo Polo sempre foi destinado a ser o novo Gol em nosso mercado, e é um “Gol perfeito” (leia mais aqui), seria este o Voyage perfeito?

Sim, não há dúvida disso, embora tenhamos apenas visto o carro nestas novas versões que “ocupam” o lugar do Voyage, e não o dirigido: nessa primeira experiência, andamos apenas no Virtus Highline 200 TSI, justamente a que menos mudou (continua com a mecânica de 116/128 cv e 200 Nm).

Mas, analisando e conhecendo a mecânica 170 TSI, considerando que a diferença de potência entre os dois motores turbo é pequena, e tendo guiado a antiga versão 1.6, ele é um carro com muito potencial para ser o preferido neste segmento de entrada, na faixa pouco acima de R$ 100 mil.

As versões mais interessantes do Volkswagen Virtus 2023, então, fazem dele um excelente “novo Voyage”, que agora tem condições de encarar alguns adversários também aprimorados e crescidos, que vão do Chevrolet Onix Plus ao Honda City, passando por Nissan Versa e outros sedãs do tipo compactos-espichados-emergentes (que deixam claro o empobrecimento geral do mercado brasileiro).

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NADA SUBSTITUI A PLATAFORMA

Essas versões mais baratas tem itens que surpreendem, como carregador de celular por indução e partida sem chave, mas continuam com acabamento interno bastante pobre, igual ao visto antes.

Afinal, foi apenas do Highline (R$ 130.030, fotos) em diante que a marca aplicou materiais mais “nobres” – na verdade, um tecidinho nas portas e uma faixa de couro sintético no lugar do plástico brilhante no painel

O Virtus 2023, nas versões automáticas, ganhou também um novo volante, mais bonito e, como sempre, extremamente funcional e bem organizado.

Virtus 2023
Volkswagen Virtus – Foto: Divulgação

Mas, se é pra comprar um carro com uma plataforma de compacto espichado (no caso do Virtus 2023, mais simples MQB A0), o novo Honda City tem um pouco menos de torque (155 Nm) que o Virtus 200 TSI, é verdade.

Por outro lado, tem mais potência com gasolina (126 contra 116 cv) e quase a mesma com etanol (126 contra 128 cv).

E, além disso, o Honda ainda é 10% mais econômico na cidade e 1% na estrada, segundo o PBEV/Inmetro, e passou, há só um ano, por uma mudança total no visual e na cabine, não apenas um “tapinha”.

Veja a tabela com o consumo do Virtus 2023 em todas as versões que chegam em março.

Para completar, o Honda City tem um rodar mais macio e refinado – embora esse novo Volkswagen Virtus também tenha ficado um pouco mais macio do que antes –, apesar de ser mais ruidoso (e de fato, o Virtus é extremamente silencioso no que se trata de ruído de motor e suspensão – só se nota o ruído de “máquina de costura” do três cilindros nas esticadas)

Contra o novo Volkswagen Virtus Highline 2023 (R$ 130.030), o Honda ainda leva vantagem por oferecer, na versão de topo Touring (R$ 135.600), além de controlador de velocidade adaptativo (ACC), mais recursos semiautônomos, como o assistente de manutenção em faixa, alerta ativo de saída de faixa e câmera que monitora o ponto cego.

Mas não podemos deixar de falar no maior problema tanto do Honda quanto deste Volks – e de outros modelos que se pretendem médios, mas não o são verdadeiramente.

Se o Volkswagen Virtus pretende “substituir” o Jetta, assim como o Honda City veio ocupar o lugar do Civic, ao menos em preço, ambos enfrentam a ingrata tarefa de enfrentar, embora não diretamente, sedãs médios de verdade, como o Toyota Corolla e o Chevrolet Cruze – e, muito em breve, o Sentra, voltará ao mercado brasileiro ainda em março.

No caso desse Volkswagen Virtus 2023 nas versões acima de R$ 130 mil, fica mais difícil justificar a compra – apesar de ter diversas qualidades.

Entre os pontos de destaque, como antes, estão como o incrível painel digital (nas versões Highline e Exclusive; nas Comfortline, de R$ 121.990, e nas demais, é o mais simples, como na imagem abaixo) e a (agora) ótima central multimídia VW Play (que, no entanto, continua devendo os comandos físicos para volume e faixas/estações).

Afinal, a novidade ainda fica atrás deles no comportamento na estrada (mais suscetibilidade a ventos laterais, por exemplo) e no espaço interno, principalmente na largura. Isso tudo torna mais difícil aceitá-lo como opção a eles.

Virtus 2023
painel das versões TSI e Comfortline

ASPIRANTE A JETTA

Ainda esse semestre, chega o Volkswagen Virtus Exclusive 250 TSI, que, por R$ 144.990, substitui o antigo Virtus GTS (em uma decisão, acertada já que não tinha nada de muito esportivo) e, de certa forma, toma o lugar do antigo Jetta TSI 250, embora seja muito inferior a ele, obviamente — já que o Jetta há alguns anos vem só na versão GLI, de mais de R$ 220 mil.

Considerando tudo isso, e que um Toyota Corolla “básico” de 177 cv custa pouco menos de R$ 150 mil, fica ainda mais difícil justificar sua compra, mesmo considerando a lista de equipamento mais completa do Virtus (nesta faixa de preços), e o excelente desempenho, com 0 a 100 km/h em 8,4 segundos (10 segundos no 200 TSI, 11,2 no 170 TSI AT e 9,8 no 170 TSI manual). Mas, de qualquer modo, vamos esperar ele sair para dar o veredicto.

FICHA TÉCNICA

VOLKSWAGEN VIRTUS
Preço básico: R$ 103.990 (MT)
Carro avaliado: R$ 130.030

Volkswagen Virtus Highline 200 TSI
Motor: três cilindros em linha 1.0, 12V, turbo, injeção direta
Cilindrada: 999 cm3
Combustível: flex
Potência: 116 cv a 5.500 rpm (g) e 128 cv a 5.500 rpm (e)
Torque: 200 Nm de 2.000 a 3.500 rpm (g/e)
Câmbio: automático sequencial, seis marchas
Direção: elétrica
Suspensão: MacPherson (d) e eixo de torção (t)
Freios: disco ventilado (d) e disco sólido (t)
Tração: dianteira
Dimensões: 4,561 m (c), 1,751 m (l), 1,476 m (a)
Entre-eixos: 2,651 m
Pneus: 205/55 R16 (opcional 205/50 R17)
Porta-malas: 521 litros
Tanque: 52 litros
Peso: 1.213 kg
0-100 km/h: 10s4 (g) e 10s (e)
Velocidade máxima: 191 km/h (g) e 196 km/h (e)
Consumo cidade: 11,2 km/l (g) e 8,2 km/l (e)
Consumo estrada: 15 km/l (g) e 11,8 km/l (e)
Emissão de CO2: n/d
Com etanol: zero
Nota do Inmetro: B*
Classificação na categoria: A (Médio)*
*estimados