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Aproveitando a estrutura que montou e o destaque como patrocinadora dos Jogos Olímpicos, a Nissan exibiu nesta quinta-feira (4/8) no Rio de Janeiro, em coletiva com seu CEO Carlos Ghosn, o primeiro protótipo a usar o e-Bio Fuel-Cell, nova tecnologia de Célula de Combustível de Óxido Sólido (SOFC). A minivan elétrica e-NV200 e-Bio fez sua estreia global no Museu do Manhã, junto com o também inédito protótipo do carro-conceito Blade Glider, mostrado no Salão de Tóquio de 2013.

A apresentação dos dois protótipos aproveita os holofotes do evento e segue valorizando nosso mercado, onde a marca investiu pesado, incluindo um centro de design e a fábrica de Resende (RJ) – que não apenas produz March e Versa nacionais, mas também o Kicks – primeiro produto global da Nissan que fez sua estreia mundial no Brasil (onde as vendas começam amanhã; depois ele chegará a oitenta países).

Como todo carro com célula (ou pilha) de combustível, a minivan e-NV200 e-Bio é, na verdade, movida por um motor elétrico. A grande diferença para outros modelos com Célula de Combustível como o Toyota Mirai (leia mais aqui) está na origem dessa eletricidade.

Enquanto modelos como o Mirai são chamados de “carros a hidrogênio” por precisarem sempre ser abastecidos com esse gás para que suas pilhas o transformem em eletricidade (e vapor de água), o sistema SOFC primeiro tira o hidrogênio do etanol – puro ou com até com 55% de água – e só então o usa para alimentar o motor elétrico. Assim, não exige postos especiais (um investimento alto) para abastecer com hidrogênio (o que ainda é demorado). Em países como o Brasil, inclusive, encontramos etanol em qualquer posto.

A tecnologia só deve ficar pronta de fato em 2020, mas a marca já a está demonstrando para encontrar parceiros que ajudem a resolver problemas técnicos ainda existentes – como lidar melhor com a temperatura de 700oC que o sistema precisa para trabalhar, por exemplo.

Fabricante do carro elétrico mais vendido no mundo hoje, o Leaf, a Nissan quer mostrar com o protótipo que o futuro é dos elétricos, sejam puros ou com células de combustível, mais que dos híbridos. A nova tecnologia é apenas mais uma entre muitas opções de caminho para os elétricos seguirem.  A escolha vai depender das características de cada mercado e dos incentivos que cada governo der. No caso do Brasil, o e-Bio seria mais interessante justamente por nossa familiaridade com o etanol e facilidade para o obtermos a partir da cana de açúcar. Por isso mesmo somos cantidatos a sermos uns dos primeiros escolhidos para sua utilização – dependendo dos incentivos que o governo der para elétricos, já que a tecnologia ainda será muito cara até se popularizar.

Kazuhiro Doi, diretor global da aliança Renault-Nissan para novas tecnologias, explica que o projeto ainda é muito novo, mas também promissor, pois mais países vêm adotando o etanol. O engenheiro aponta como uma de suas vantagens o fato de ser um combustível bem mais seguro que o hidrogênio (e como pode até ser misturado a água para ficar mais diluído, pode até ser vendido fora de postos).

O protótipo, que por ser grande e pesado não faria mais que 5 km/l com um motor a etanol convencional, pode rodar até 600 quilômetros com um tanque cheio de etanol – o que dá uma média de 20 km/l (e o plano é melhorar esse número).

Outra vantagem é que enquanto o hidrogênio dos carros com célula de combustível convencional não emitem CO2 mas requerem que o hidrogênio seja produzido externamente – o que pode ser feito com fontes de energia limpas ou sujas – o e-Bio emite pouco CO2, e ele é zerado na plantação de cana, que absorve o gás na fotossíntese, durante seu crescimento.

O plano é que o custa de rodagem seja de um terço do gasto em um carro a gasolina equivalente. O custo seria mais ou menos de um Real a cada dez quilômetros. Nada mal.

Blade Glider

Já o Blade Glider é um esportivo elétrico desenvolvido em parceria com a Williams no qual o motorista fica na dianteira, sentado no centro, e dois passageiros viajam atrás.

O motor elétrico tem mais de 78 kgfm de torque e garante uma aceleração de 0-100 km/h em menos de cinco segundos. Também terá muitos recursos de conectividade. A carroceria aberta e o rodar silencioso tem como objetivo uma maior conexão do motorista e ocupantes também com o mundo exterior.