Brasil tem o impressionante índice de um furto de carro a cada minuto. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 557 mil carros são roubados ou furtados por ano. O Rio de Janeiro tem o pior índice entre os estados (917 crimes a cada 100 mil carros) e Porto Alegre lidera entre as capitais (1.446 casos a cada 100 mil carros). Mas nem sempre fazer uma apólice é garantia de indenização, pois muitos consumidores brasileiros escondem algumas situações do seguro para pagar menos. Para evitar esse risco, selecionamos algumas situações comuns, mas que trazem muitas dúvidas sobre o pagamento ou não do seguro. Perguntamos ao jornalista Claudio Gradilone, da revista IstoÉ Dinheiro, o que ocorre em cada situação a seguir.

Mudei de endereço, mas não avisei a seguradora
É uma situação comum e pode ocorrer quando o motorista renova automaticamente sua apólice, mas só informa a seguradora depois que o acidente ou roubo ocorreu. Nem existe má-fé na maioria das vezes, mas ainda assim a seguradora pode se recusar a pagar a indenização. Por isso, é preciso informar sempre se o endereço em que o carro pernoita mudou, pois a seguradora pode considerar que uma região é mais insegura do que a outra.

Uso no carro no interior, mas ele foi roubado na capital
Pessoas que moram no interior viajam a trabalho ou a passeio para a capital. Porém, o seguro é mais barato no interior, e aí é que mora o perigo. Se você realmente estava somente em viagem à capital, não tem problema nenhum e a indenização será pago. Porém, se o endereço de pernoite do carro é o de seu sítio no interior ou de sua casa no litoral, e não a residência na cidade em que vive, isso será considerado fraude e a seguradora não pagará a indenização.

O carro foi roubado quando passou a noite fora da garagem
Não tem nenhum problema se você conseguir provar que o carro pernoitava todos os dias na garagem e só passou uma noite fora. Porém, a seguradora vai investigar. Se ela provar que o carro dormia sempre na rua, adeus indenização. É preciso prestar atenção sobre uma cláusula adicional em algumas apólices que tratam justamente dessa situação. Às vezes, nas letras miúdas, está escrito que a seguradora não se responsabiliza se o carro estiver fora da garagem em determinado horário.

Meu carro foi batido por um manobrista
Eis um problema. Se a empresa que atua com manobrista tiver feito a lição de casa, ela mesma terá um seguro para roubo ou acidente. Isso é lei e elas são obrigadas a pagar uma franquia. Porém, se a empresa não tiver o seguro, você terá que fazer um boletim de ocorrência e acionar sua seguradora. Você acabará recebendo a indenização, porém vai dar mais trabalho. E a seguradora depois vai cobrar da empresa responsável pelo manobrista.


Como funciona o seguro em caso de viagens ao exterior

Viajar de carro para o exterior pode ser uma bela aventura. Muitos brasileiros pegam o próprio veículo e vão passear na Argentina, no Chile, no Uruguai ou no Paraguai, por exemplo. Porém, antes de cair na estrada, é preciso verificar seu o seu seguro cobre esse tipo de situação. A maioria das apólices só vale no território nacional. Por isso, quem viaja de automóvel para um país vizinho precisa se garantir para o caso de sinistros além da fronteira.

Principalmente agora que as placas de carro serão unificadas no Mercosul, essa situação pode passar despercebida. Na verdade, muitos motoristas ignoram que é preciso contratar um seguro obrigatório para esse tipo de viagem. Esse documento chama-se Carta Verde e as indenizações são feitas em dólares americanos. Os valores são de US$ 40 mil por pessoa em danos pessoais causados a terceiros (despesas hospitalares e morte) ou de US$ 20 mil em danos materais causados a terceiros. A Carta Verde também cobre até 50% do valor gasto com advogados e custas judiciais.


Sete dicas sobre seguro

1 – Não engane o seguro. Mentir sobre o seu endereço é fraude. Por isso, não caia na tentação de segurar o carro em cidade onde não mora para pagar menos.

2 – Nunca esqueça de comunicar o seguro sobre uma mudança de endereço. Algumas seguradoras podem se recusar a pagar o prêmio em caso de roubo.

3 – Se beber, não dirija. Use o sistema “motorista amigo”, que é oferecido pelas melhores seguradoras.

4 – Evite atrasar as parcelas ou o pagamento de IPVA ou multas, pois o seguro vai descontar todo esse valor se tiver que fazer uma indenização.

5 – Evite emprestar seu carro para esposa ou namorada de forma sistemática (nos dias de rodízio, por exemplo). Se quiser fazer isso, é preciso incluí-la como motorista e pagar a mais por isso.

6 – Nunca assuma a culpa por um acidente provocado por outro motorista. Esse acordo para que ninguém saia perdendo numa batida é fraude.

7 – A escolha do melhor seguro é uma combinação de empresa idônea com corretor de confiança. Mesmo com seu corretor, sempre peça um orçamento extra.