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Há pouco mais de um ano, quando todos diziam que um novo Gol estava chegando (e seria quase igual ao Polo europeu), MOTOR SHOW de fevereiro cravou que aquele carro seria de fato vendido como Polo, que o hatch premium da Volks estava de volta ao Brasil. E mais: que viria acompanhado de uma versão sedã, da qual revelamos até o nome – Virtus. Furo mundial, confirmado oficialmente no mês seguinte, no Salão de Genebra.

Agora, a mesma fonte nos deu detalhes sobre outra surpresa da marca. Além do T-Cross, o SUV compacto que revelamos primeiro que seria nacional (informação agora anunciada oficialmente), a marca começa a produzir no Brasil, no ano que vem, um crossover de
R$ 70.000 para atacar aventureiros como Honda WR-V, Chevrolet Onix Activ e Renault Sandero Stepway – além do Ford Ka FreeStyle, que chega em breve. Bem, isso a Volks contou para todo mundo. Mas nossa fonte nos contou mais: para começo de conversa, esse carro será um aventureiro com algo a mais, um “crossover revolucionário” (palavras de nossa fonte), o primeiro “SUV cupê” da marca (e o mais acessível do mercado).

SUV CUPÊ?

Mas o que é um SUV cupê? Basicamente, um utilitário-esportivo de cintura alta e teto com linhas descendentes em direção à traseira, com colunas C (ou C e D) mais inclinadas. Não há vantagem no espaço da cabine, pelo contrário. O principal motivo de existirem é mercadológico. Pois se SUVs “normais” já transmitiram “jovialidade”, agora tomaram o lugar principalmente das minivans e peruas como veículos familiares – e viraram carro de “tiozão” ou “mamãe vai ao shopping com as crianças”. Os SUV cupês pretendem conquistar os mais jovens e/ou “descolados”. No lugar dos clientes com 35 a 60 anos, procura os de 25 a 40.

Essa inusitada combinação de carrocerias (classificada também como crossover – “mistura”) foi criada em 2005 pelo (criticado) sul-coreano SsangYong Actyon, para se popularizar em 2008 com o BMW X6, batizado com a sigla diferentona SAC (Sports Activity Coupé ou Cupê para Atividades Esportivas), diferenciando-o dos SAVs (Sports Activity Vehicles ou Veículos para Atividades Esportivas), como a BMW chama o que para todo mundo são SUVs (Sport Utility Vehicles ou Veículos Utilitários Esportivos).

Nós preferimos SUV cupê mesmo, pois mistura características de SUV – rodas grandes, maior vão livre do solo e posição de dirigir elevada – com um design esportivo que remete a legítimos cupês (não tão legítimos, pois de quatro portas; outra “invenção” recente). É por isso que, mesmo sendo em muitos pontos similar ao T-Cross – o SUV do Polo – esse novo Volks não irá se sobrepor a ele na linha nem “canibalizá-lo”. Até porque será simplificado em alguns pontos para ficar (um pouquinho) mais barato.

OS DETALHES

O nome nossa fonte ainda não sabe, mas esse novo modelo é chamado pelos funcionários envolvidos no projeto de Polo CUV – não de Crossover Utility Vehicle ou Compact Utility Vehicle, como de costume, mas de Crossover Urban Vehicle (crossover urbano). Como quase todos os SUVs atuais da Volks, deve ter nome com “T”. Tharu e Tarek já estão registrados pela marca aqui no Brasil, e Tarek foi confirmado como o SUV médio…. então seria esse o Tharu? O presidente da montadora chegou a insinuar que esse era nome do projeto do Tarek, mas quem registra no INPI o nome de um projeto? Tharu está registrado lá! (NOTA DA REDAÇÃO: após a publicação desta reportagem, a VW confirmou o nome Tharu para um SUV inédito feito na China)

Essa é nossa projeção do T-Cross, que será mostrado este ano

O modelo apareceu oficialmente agora em abril no lançamento do novo Tiguan Allspace (leia na página 44), em uma apresentação dos planos futuros da marca especificamente para o segmento de SUVs. Apareceu junto dos já esperados T-Cross e Tarek. Foi chamado ali apenas de “novo crossover” e apontado no slide como rival dos tradicionais aventureiros, onde se encaixava antes o VW CrossFox. E o mesmo carro apareceu também há alguns meses na Argentina, em outras apresentação da marca, como “A0 CUV”.

Alguns concluíram que esse seria, então, o SUV do Up, o aguardado conceito Taigun, que teria virado T-Track. Não é. Esse projeto de fato existe e voltou a andar, segundo a imprensa alemã, mas terá a base MQB A00 – ainda em desenvolvimento pela Skoda (a Volks tcheca) para dar origem também ao novo Up (ou a um eventual sucessor) e à nova família Gol. Mas esse “suvinho” deve aparecer só em 2022). Já nosso carro é um legítimo crossover, e a grande surpresa estará realmente nas formas da carroceria, na mistura de estilos.

A nomenclatura A0 vem da variação menor e simplificada da versátil plataforma MQB, com suspensão traseira com eixo de torção, usada em toda a família Polo – com entre-eixos maior, de 2,65 m, no Virtus e no SUV T-Cross (assim como será também no “CUV”, revela nossa fonte). Com cerca de 4,15 m de comprimento, ele será de fato uma espécie de substituto do CrossFox – da mesma forma que o Polo acabou tomando o lugar do Fox. Mas ele não será apenas um “Polo bombado” e, por isso mesmo, achamos pouco provável que adote o nome CrossPolo (que já foi usado na Europa em uma versão aventureira do hatch oferecida lá nas duas gerações anteriores).

Aqui, o painel do Polo na versão mais simples com a central multimídia opcional. Por questão de custos, o novo crossover deve ter exatamente o mesmo acabamento

O modelo será apresentado ao mundo ainda no fim de 2019 e começa a ser vendido já no começo de 2020, quase extamente um ano após a estreia do “irmão” T-Cross. Com preços posicionados apenas um pouco abaixo dos dele – algo entre R$ 69.000 e R$ 89.000 – terá tração só dianteira (a proposta é urbana) e motores apenas turbinados com injeção direta (é também tecnológica).

As versões de entrada 170 TSI (R$ 69.000 estimados) e intermediária Comfortline 170 TSI (que deve custar algo em torno de R$ 78.000) virão com o já conhecido 3 cilindros 1.0 flex com turbo e injeção direta do Up, com até 105 cv e 16,4 kgfm (deve subir a 17,2) associado a um câmbio manual de seis marchas. Já a topo de linha Highline 200 TSI (que deve partir da faixa de R$ 80.000) terá o powertrain igual ao do Polo: o “mesmo” 3 cilindros 1.0, mas com até 128 cv (etanol) e 20,4 kgfm, mas com a transmissão automática de seis marchas. As duas motorizações vão combinar bom desempenho e baixo consumo – uma das vantagens da injeção direta, tecnologia aclamada mundialmente por essa característica.

A cabine não terá surpresas, repetindo o que se vê no Virtus: racionalidade e bom espaço (porém os mais altos devem sofrer atrás com a forma do teto). Design interno e acabamento serão simples, com plásticos duros – mas opcionalmente incrementados pelo painel configurável (Active Info Display), como no resto da família. Já o porta-malas sempre se perde quando a prioridade é o design, então não espere mais que 300 litros. Afinal aqui, mais até que o de costume, o que importa é o visual. E, com um design único, esse Volks será um modelo sem concorrentes na faixa de R$ 70.000 (mas não por muito tempo).