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O público deseja. A rede quer. A imprensa cobra. E a própria direção da Toyota sonha. Mesmo assim, o crossover C-HR, apresentado no último Salão de São Paulo, não vai mesmo ser produzido no Brasil. Pior: não será sequer importado – pelo menos não no futuro próximo. A má notícia foi dada pelo CEO da Toyota na América Latina, Steve St. Angelo, na véspera da abertura do Tokyo Motor Show, e confirmada com todas as letras no dia seguinte, na própria feira, pelo chefão do board da Toyota, Nobuhiko Murakami.

Logo depois de apresentar o SUV conceito Tj Cruiser como uma das novidades da marca no Salão de Tóquio, Murakami conversou com jornalistas brasileiros e descartou um investimento no C-HR. Segundo ele, “o problema que a Toyota enfrenta no Brasil”, o de não ter um SUV para competir com os líderes do mercado, “é o mesmo em várias outras partes do mundo”. Por isso, para o mercado brasileiro, a estratégia da empresa é mesmo investir no Yaris, um hatchback compacto que competirá com o Volkswagen Polo e com o Fiat Argo. Segundo Steve St. Angelo, “não temos horas de engenharia disponíveis para fazer dois lançamentos ao mesmo tempo”, referindo-se ao Yaris e ao CH-R.

Ele disse que o público recebeu o C-HR muito bem e que a rede está cobrando sua comercialização, mas negou veementemente que o crossover híbrido será sequer importado. Talvez esteja guardando cartas para o futuro, pois a importação desse carro seria cara e não traria grandes benefícios financeiros para a empresa, num segmento disputado palmo a palmo e com volumes altos por Honda (HR-V), Nissan (Kicks), Jeep (Compass e Renegade) e Ford (EcoSport).

Quanto ao Tj Cruiser, trata-se de um SUV “raiz”, com linhas bastante quadradas, para valorizar a praticidade e a robustez – atributos bem distantes daqueles que o ousado C-HR oferece. Segundo Mai Takeushi, diretora de negócios e planejamento da Toyota, a marca está se concentrando no grupo dos clientes ativos, que não segue a moda e aceita pagar mais por bons produtos. Esse é o foco do Tj Cruiser, que tem o porta-malas de uma minivan com o design poderoso de um SUV. O bagageiro é modular e, dependendo da configuração dele e dos bancos traseiros, é possível levar objetos com até 3 m de comprimento dentro do carro (como uma prancha de surfe, uma bicicleta ou uma escada).

A porta é deslizante, com altura baixa, os pneus são bem largos e a cabine é quadrada. Além disso, todo o material do Tj Cruiser é resistente a arranhões. Criado como uma combinação on-off, com motor 2.0 híbrido e tração 4×4, o Toyota Tj Cruiser usa a plataforma TNGA (a mesma do Prius), mas também não tem planos para produção. Isso pode mudar dependendo da reação do público que o conhecer no Tokyo Big Site (algo que a Toyota não considerou em relação do C-HR no Salão de São Paulo).