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No Salão de São Paulo de 2014, a Toyota apresentou a versão conceitual do Mirai, ainda chamada de FCV (Fuel Cell Vehicle). Agora, o Mirai chega ao Salão do Automóvel com o modelo final de produção cortado ao meio. Os brasileiros podem matar sua curiosidade e conhecer melhor a disposição de seu sistema de abastecimento de hidrogênio, além do funcionamento da tecnologia de célula de combustível.

É preciso ter muita má vontade para analisar os detalhes do Toyota Mirai, um sedã de 4,9 metros, e condená-lo por oferecer um porta-malas de “apenas” 371 litros. Na verdade, é incrível que um carro que carregue dois tanques de hidrogênio totalizando 112 litros – um sob o banco de trás, outro logo depois do eixo traseiro, pesando apenas 5 kg no total – consiga acomodar 79% das bagagens que um Toyota Corolla é capaz de levar. Afinal, o Mirai não é um carro qualquer.

É o automóvel que inaugura a “Sociedade do Hidrogênio” – aquela em que os carros vão buscar energia nascida nos esgotos das cidades e, depois de transformá-la em eletricidade para movimentar seus motores, emitirão apenas vapor d’água pelo escapamento. O Toyota Mirai – primeiro carro movido a hidrogênio a ser produzido em série – estreou em 2015 no Japão, com 700 pedidos dos clientes. Em 2016, a Toyota vai produzir 2.000 unidades e em 2017, cerca de 3.000.

Além do Japão, o Mirai já é vendido nos Estados Unidos, Suécia, Noruega, Alemanha, Dinamarca, Reino Unido, Bélgica e Holanda. A Toyota estima o aumento gradativo das vendas até chegar a aproximadamente 30 mil unidades em todo o mundo, em 2020.

O sistema Toyota Fuel Cell System capta o oxigênio da atmosfera através da entrada de ar frontal do Mirai, e o leva até a estação onde o hidrogênio contido nos dois tanques também é direcionado. Ali, a célula de combustível divide o hidrogênio em duas moléculas, gerando carga elétrica. Ao mesmo tempo, o oxigênio se une às células de hidrogênio, formando água. A energia elétrica é direcionada ao conversor, que alimenta o motor do Mirai, e o vapor d’água é expelido pela válvula de escape.

TEST DRIVE NO JAPÃO

Tivemos a chance de dirigir o Mirai no circuito de Fuji Speedway e, apesar do visual exótico, ele se comportou como um carro normal. Sua aceleração no modo Power é bastante vigorosa. Os 155 cv de potência e os 34,5 kgfm de torque são entregues imediatamente ao eixo dianteiro. Assim, mesmo pesando 1.850 kg, o Mirai é capaz de acelerar de 0-100 km/h em 9,6 segundos e chega a 178 km/h. Por dentro, é um carro bastante confortável. Sua dirigibilidade surpreende, pois o centro de gravidade é baixo. O Toyota Mirai usa rodas de liga leve de 17 polegadas e pode ser comprado em seis cores. Vale destacar que, no final das contas, o Mirai é um veículo elétrico.

A diferença de um EV (Electric Vehicle) para este FCV (Fuel Cell Vehicle) é que a eletricidade vem dos tanques de hidrogênio (que a Toyota vai buscar no gás metano e no CO2 dos esgotos, até transformar em H2 por meio de um complexo sistema), que são abastecidos em estações espalhadas por todo o Japão. O hidrogênio líquido alimenta a célula de combustível que fica no centro do veículo. A energia elétrica gerada é capaz de fazer o Mirai rodar por cerca de 650 km. E o melhor: ao contrário dos carros elétricos convencionais, que chegam a ficar oito horas plugados na tomada, o reabastecimento do Mirai é feito em apenas três minutos! Agora diga: você não abriria mão de duas ou três mochilas para ter um carro tão ecologicamente correto?