Costuma-se dizer que na batalha interminável entre BMW e Mercedes, quando uma ataca, a outra responde. E é verdade. No caso do uso da tração dianteira, no entanto, a resposta da BMW chega 15 anos atrasada: a marca da hélice azul e branca vai lançar o seu primeiro carro de tração dianteira – antecipado pelo conceito Active Tourer de 2012 – no início de 2014. É até compreensível, para uma fabricante que fez da tração traseira sua marca registrada, o longo período de gestação de um modelo de tração dianteira – já que isso envolve uma complicada lógica industrial, que se tornou possível graças à família Mini. É curioso, em todo caso, que tenha escolhido para estrear a tração dianteira uma carroceria monovolume, como no primeiro Mercedes pequeno com rodas motrizes dianteiras – a primeira geração do Classe A, de 1997.

A história, portanto, se repete – e por isso parece que os executivos e engenheiros da BMW não são nada supersticiosos. Se fossem, não arriscariam a mesma fórmula com centro de gravidade alto, que fez o Mercedes capotar no teste do alce e ter que ganhar, na hora do lançamento, ESP de série e modificações nas suspensões. O resto é história. Uma história que, por sinal, terminou no ano passado, depois de duas gerações de sucesso, com a chegada de um novo Classe A, baixo e esportivo. E nesse ponto a BMW foi sábia – buscará agradar aos clientes “órfãos” do antigo Classe A. É fácil de imaginar, então, que, no nível estratégico, a marca considerou menos arriscado para sua imagem lançar seu primeiro carro de tração dianteira “fora” do resto da gama, como fez a Mercedes com o Classe A de 1997.

Isso não significa que a BMW vá renunciar à sua tradicional esportividade, presente até mesmo no design do monovolume, o que é incomum. Esse novo carro – cujo nome ainda não descobrimos – não se contentará em levar as crianças para a escola ou a mãe ao supermercado. Quer garantir, ao menos em parte, as emoções às quais os fãs da marca estão acostumados. A mecânica deve acompanhar essas premissas e, como ensinado pela Mini, tração dianteira pode, sim, ser sinônimo de prazer ao volante.