Apesar das quatro portas e da tração 4×4 (inéditas na marca), o Mini “familiar” – que está sendo lançado no Salão do Automóvel – não abriu mão de sua personalidade original, re nada e excêntrica. Por fora, uma carroceria de consideráveis 4,10 m e linhas musculosas. O crossover, apresentado no Salão de Genebra deste ano, está mais alto por conta da tração integral, com porta-malas grande e levemente destacado e sua típica grade trapezoidal tem um corte mais agressivo. Mas, seja como for, o DNA da Mini está lá, inconfundível.

Por dentro, a posição de dirigir muito baixa foi revista, mas não abandonada. A sensação a bordo é a de que se está em um sedã. O posicionamento de banco, pedaleira e volante, por exemplo, é perfeito. E a alavanca de câmbio é encontrada intuitivamente, pois está exatamente onde se espera. O cinto de segurança, alto demais e sem regulagem, é um pouco chato para motoristas de estatura média e baixa. Já os mais altos sofrem com o limitado espaço até o teto. Mas difícil mesmo é acompanhar a movimentação do velocímetro: o grande instrumento central, que antes acolhia o marcador de velocidade, ca quase todo tomado pelo sistema Mini Connected (som, telefonia e GPS). Ao velocímetro resta só a borda do círculo e, como os números são da mesma cor do pequeno ponteiro, a vista embaralha. Melhor recorrer ao marcador digital que, apesar de pequeno, é menos confuso.

Para os ocupantes traseiros, há espaço suficiente para os joelhos, assento confortável e nenhuma sensação de improvisação. De fato, estamos a bordo de um Mini em que os postos traseiros não são “virtuais”. O comprador pode escolher ainda um banco tradicional ou duas poltronas individuais divididas por uma espécie de trilho no qual são apoiados porta-celulares, porta-copos e o que mais se desejar. Na tampa traseira, sob o logo da Mini, a maçaneta de aceso ao porta-malas de 302 litros (220 litros sobre o assoalho e 82 litros debaixo dele).

Na estrada, o Countryman, apesar de maior (40 cm) e mais alto, mantém a dirigibilidade do Mini Cooper tradicional: preciso, divertido e de reações rápidas e espertas. Não entra tão bem nas curvas, mas, em compensação, não patina nas arrancadas e mantém-se estável: um comportamento elogiável, mérito de um bom chassi, do motor 1.6 de 184 cv, do esterço preciso, do balanço limitado da carroceria e da tração integral. Quando se aperta o botão Sport, aumenta a carga do volante e o acelerador ca mais alerta às solicitações – mas o caráter do carro não muda, já que o modo esportivo não altera as suspensões.

No painel, acima, o velocímetro central ganhou uma tela multimídia opcional que atrapalha sua leitura. Abaixo, um trilho com porta-objetos que corre entre os bancos dianteiros e traseiros individuais

Aliás, o setup tipo “plantado na terra” favorece a dinâmica, mas não ajuda no conforto. O carro é bem durinho e ltra pouco as irregularidades. O câmbio manual de seis marchas tem engates precisos, mas a embreagem é dura, exigindo mais de 13 kg de força para ser acionada (há opção automática). Na cidade, isso cansa. Na estrada, o problema é outro: o barulho dos pneus no asfalto e o ruído aerodinâmico se fazem presentes. Na terra, a tração integral ALL4 (que oferece 50% da força para cada eixo, mas pode destinar até 100% para o traseiro, através de um diferencial eletromagnético) e a boa distância do solo garantem as aventuras. No Brasil, a opção mais em conta será a Pepper (R$ 107.700), com motor 1.6 de 122 cv, câmbio manual e tração 4×2. A versão top custará R$ 114.700.