MERIVA EASYTRONIC R$ 56.099

Em meu primeiro contato com o Meriva Easytronic, pensei que deveria dirigi-lo como qualquer carro automático. Fui logo acelerando, e ele não gostou muito, se comportando de maneira estranha, com trancos incômodos nas mudanças de marcha, reduzidas desnecessárias e outras que demoravam demais.

Alguns dias depois, quase sem perceber, ele já havia me “ensinado” como conduzi-lo: não como um carro automático, mas como um automóvel de câmbio manual que, no entanto, dispensa o motorista de pisar na embreagem e operar a alavanca de câmbio.

Então, no modo automático, aprendi a perceber quando o Meriva Easytronic vai pisar na embreagem – e a tirar o pé do acelerador nestes momentos, para reduzir os trancos, voltando a acelerar quando ele engata a marcha seguinte. Aprendi também a dirigir com mais calma (normalmente sou meio afobado). Assim, ele se tornou mais dócil e confortável.

O sistema permite também trocas manuais (+/-), como em um modelo com transmissão automática e opção seqüencial, e neste modo funciona bem – mesmo com mais “esportividade” do motorista. Mas o principal atrativo é mesmo ser usado como câmbio automático, pelo conforto no trânsito carregado e, principalmente, ser oferecido por um preço menor que as caixas automáticas tradicionais. Em termos de conforto, o Honda Fit com câmbio CVT leva vantagem – mas, além de mais caro, não é flex, e ainda bem menos potente que o Meriva, que tem motor 1.8.

CONTRAPONTO

Minha adaptação à transmissão automatizada foi imediata. Quando vi seu funcionamento teórico (semelhante ao câmbio da F1) e os comentários do repórter Flávio sobre suas reações “esquisitas”, percebi que sua condução exigiria calma. Quando peguei o carro, saí dirigindo sem pressa. Achei ótimo o comportamento da transmissão. Aos poucos, à medida que me adaptava, fui aumentando o ritmo e as respostas foram positivas, sem trancos ou trocas desnecessárias. Nas utilizações mais esportivas, as trocas manuais são super-rápidas. Por mim, aprovado.

Douglas Mendonça | Diretor Técnico

As mulheres, que já representam 50% dos compradores do Meriva, são o alvo do Easytronic. Além do conforto, a manutenção mais barata e a economia de combustível oferecidas pelo sistema devem agradá-las

De fato, os trancos e a demora nos engates são características desse tipo de câmbio. Mas, por ser mais leve e por não ter as perdas do conversor de torque de uma caixa automática, ele é utilizado por esportivos de ponta como a Ferrari Enzo, alguns BMW e até pelos F1. E nesses casos, vale frisar, sem trancos e com trocas bem ágeis. Como? Tecnologia. Quanto mais apurada a calibração, quanto mais rápido o processador, maior o investimento… melhor o resultado. Mas isso custa caro. O que posso afirmar é que dos modelos “baratos” que eu já utilizei com esse câmbio, o Meriva é o de melhor acerto. Você só não pode esquecer: NÃO é um carro automático!

Ana Flávia Furlan | Chefe de Reportagem