01/04/2008 - 0:00
Em Pequim, capital chinesa e sede da Olimpíada 2008, as tradicionais bicicletas estão, aos poucos, dando lugar aos carros, e o trânsito continua caótico.
A frota de veículos cresce rápido. Estima-se que, até o fim do ano, serão quatro milhões de carros nas ruas. Hoje, já passam de três milhões. Com a Olimpíada chegando, a preocupação com o trânsito e a poluição fez o governo testar, no ano passado, um rodízio radical: em dias alternados, carros com placas de final par e ímpar foram proibidos de circular.
As tradicionais bicicletas e triciclos, à esquerda, aos poucos dão lugar aos carros. Abaixo, os ônibus de dois andares: alguns deles, movidosa hidrogênio, devem transportar os atletas na época da Olimpíada
Ainda não está definido qual será, de fato, a política durante os Jogos, mas cogita-se parar de vez os carros particulares, permitindo somente em casos de emergência. Também para agosto, estão em fase de teste ônibus e vans movidos a hidrogênio que servirão ao público e aos atletas.
O número de atropelamentos e acidentes no trânsito só não é maior porque, na maior parte do tempo, as avenidas estão bastante congestionadas
A primeira regra para ensinar as crianças a atravessar a rua é “olhe para os dois lados”, certo? Não. Em Pequim, é diferente. A regra é “olhe para os dois lados, depois para todos os outros lados possíveis e veja também se não vem algum carro, moto ou bicicleta pela calçada”. O trânsito da cidade tem um pouco de tudo. A maioria dos motoristas não respeita as faixas da pista: muitos dirigem constantemente entre uma faixa e outra para optarem pela melhor quando chegar a hora de virar em alguma esquina. As faixas para pedestres estão em todos os cruzamentos, mas parecem mera decoração, assim como os faróis. Farol fechado para os carros e aberto para os pedestres não quer dizer muito: os carros continuam entrando e virando à direita, à esquerda e fazendo retornos proibidos. Neste caos todo, duas coisas aliviam a situação. A primeira delas é que, nas grandes avenidas, o tráfego está quase sempre parado, então, a chance de alguém vir em alta velocidade e atropelar um pedestre fica menor. Em segundo lugar, mesmo nas ruas de trânsito livre, todos dirigem como aquela velhinha que você xinga na estrada. Os modelos que circulam pelas ruas de Pequim são de diversas marcas e tamanhos. Desde o obscuro Changan City Baby – que lembra um pouco o nosso extinto Gurgel – até alguns Audi com DVD no encosto do banco e vários Porsche Cayenne (Mao Tsé-tung se reviraria em seu mausoléu se visse hoje, a menos de 500 metros dali, o luminoso vermelho de uma montadora alemã de luxo).
BICICLETAS E AUTOMÓVEIS DISPUTAM
ESPAÇO NAS LOTADAS RUAS
E AVENIDAS DE PEQUIM
O número de bicicletas nas ruas diminui quase na mesma proporção em que os carros aparecem. Ainda há muita gente sobre duas rodas pela cidade, mas a convivência entre carros e bicicletas não é tão segura, e tende a piorar. Uma alternativa que muitos encontraram por aqui é a bicicleta elétrica. O governo incentiva o uso destas “quase mobiletes”, que podem trafegar pelas faixas exclusivas para ciclistas e cujos condutores não precisam de habilitação. Elas carregam uma bateria de cerca de 15 quilos, que proporciona uma autonomia de 30 quilômetros. A carga é dada em casa ou no escritório, ligando a bateria a uma tomada. Seu registro é fácil, e sai na hora da compra ou, no máximo, no dia seguinte. O preço em média, é 3.000 yuans – algo em torno de R$ 700.
De cima para baixo: a popular bicicleta elétrica de R$ 700, que não exige habilitação, a briga entre bicicletas e carros, uma nova e moderna avenida de Pequim e um Chrysler PT Cruiser, importado, estacionado em uma das ciclovias da cidade, desrespeitando a lei