Uma jogada de mestre. O carro mais chique do mercado. Uma farsa. São muitas as frases que poderiam traduzir o que é o Cygnet. Se usarmos os mesmos critérios racionais com os quais avaliamos qualquer carro, chegaremos à conclusão de que o pequeno modelo não é nada mais do que um Toyota iQ travestido, por dentro e por fora, ao qual se aplicou o logotipo Aston Martin e um preço de tabela de € 40 mil ou R$ 90 mil (Europa). Como comparação, o modelo japonês custa € 15 mil ou cerca de R$ 38 mil. Faz algum sentido? Sim, pelo menos para a montadora inglesa, que precisava reduzir a emissão de poluentes de sua linha de produtos. Caso contrário, a partir do ano que vem, segundo as normas europeias, poderia receber multas pelos esportivos que vende (detalhes no quadro abaixo ).

EMISSÃO TEM LIMITE!

Segundo as normas de emissão de poluentes aprovadas pelo Parlamento europeu, a partir do ano que vem todos os automóveis de uma montadora vendidos na Comunidade Europeia não poderão ter, na média, uma emissão maior que 130 g/km. Como essa medição não será feita em cada modelo, mas será determinada por todos os carros zero-quilômetro oferecidos pela marca, as empresas poderão fazer associações entre si de forma que as emissões baixas, de um carro urbano, por exemplo, compensem as altas, de modelos superesportivo. É o caso da Ferrari com a Fiat, grupo do qual faz parte. A partir de 2012, a companhia que não se enquadrar receberá uma multa calculada com base na quantidade de gramas extras emitidos, no número de carros fabricados e na quantidade de unidades emplacadas.

Se para a marca o carro resolve uma questão ambiental, resta saber quem, em sã consciência, desembolsará € 40 mil para adquirir um city car que, originalmente, custa quase um terço desse valor. Há quem o faça, pode acreditar! O peso do logotipo transforma o pequeno carrinho em objeto de desejo da elite, em símbolo de status. E algumas pessoas pagarão o quanto for necessário para tê-lo, apesar de todas as ponderações racionais. O valor do carrinho está exatamente nesse absurdo conceitual: as pessoas compram porque é caro. E é caro porque é um Aston Martin. Ponto final.

O interior, trabalhado manualmente, é muito mais refinado que o do Toyota iQ. A carroceria também é mais agressiva. Já a dinâmica é a mesma do carrinho japonês

No desempenho, o Cygnet é um Toyota iQ. A mecânica é a mesma. Os técnicos ingleses mudaram a carroceria, as rodas e grande parte do interior que, segundo a marca, permite até três milhões de combinações de acabamento e cores, no padrão dos modelos de luxo da casa. O motor 1.3 de 98 cv garante boas retomadas ao carrinho de 900 kg. A suspensão, apesar de rígida, absorve bem as irregularidade (da estradas europeias, não da buraqueira do Brasil) e a segurança é garantida, entre outras coisas, por uma infinidade de airbags. Há opção manual de seis marchas (€ 39.151) ou CVT (€ 40.511).

A Aston Martin pretende vender 1.500 unidades do modelo ao ano. Ao que tudo indica, ele não deverá chegar ao Brasil. Aqui, custaria o dobro de um Audi A1. Algo em torno de R$ 180 mil. Salgado para um carrinho de três metros de comprimento.

Aston Martin Cygnet

MOTOR quatro cilindros em linha, 1,3 litro, 16V TRANSMISSÃO continuamente variável, tração dianteira DIMENSÕES comp.: 3 m – larg.: 1,68 m – alt.: 1,50 m ENTRE-EIXOS 2 m PORTAMALAS 32 a 360 litros PNEUS 175/60 R16 PESO 900 kg • GASOLINA POTÊNCIA 98 cv a 6.000 rpm TORQUE 12,5 kgfm a 4.400 rpm VEL. MÁX. 170 km/h 0 – 100 km/h 13s4 CONSUMO* cidade: 17,2 km/l – estrada: 22,7 km/l CONSUMO REAL não disponível (dados da Europa)