01/06/2009 - 0:00
Wilson Fittipaldi
“Estou com 65 anos de idade. Não consigo mais disputar com a molecada”
Wilson Fittipaldi, ex-piloto e empresário, sobre sua decisão de não disputar o campeonato de GT-3 em 2009
É quase impossível contar a história do automobilismo brasileiro sem citar os irmãos Wilson e Emerson Fittipaldi. Além de chegarem à F-1 em uma época na qual o Brasil não tinha nenhuma tradição no automobilismo internacional, elevaram o status de nosso país, com dois títulos mundiais conquistados por Emerson e a criação de uma equipe brasileira montada por Wilson.
“Hoje me orgulho de tudo o que fiz e me considero um personagem importante na história do automobilismo brasileiro”, diz Wilson Fittipaldi Jr. A paixão pelo esporte a motor foi herdada do pai, Wilson Fittipaldi, que era jornalista especializado. “A primeira vez que fui a uma corrida foi quando meu pai ia cobrir uma competição em Interlagos. Eu tinha uns seis anos e o Emerson uns três”, conta.
Aos 15 anos Wilsinho teve o primeiro contato com as pistas e, para sua própria surpresa, acabou ganhando a primeira corrida de kart do Brasil. Depois da estreia bem-sucedida, não parou mais de acelerar. Aos 18 anos, decidiu montar uma fábrica de chassi com outros dois sócios. Quem testava os karts era Emerson, que a essa altura, aos 15 anos, já impressionava como piloto.
O chassi desenvolvido por eles era menor do que os demais e a posição do piloto mais inclinada. Por isso, garantia um desempenho bastante superior. Por conta dessas características, decidiram batizá-lo de Mini. Depois de dois anos de trabalho, venderam a fábrica para o fornecedor de motores da época, que até hoje é dono da Mini.
Anos depois, os irmãos Fittipaldi começaram a vender rodas de magnésio, volantes esportivos e um kit de preparação que transformava motores 1.300 cm3 em 1.600 cm3. A grana que recebiam era toda gasta com as corridas. Só a partir de 1964 que Wilsinho começou a ganhar para correr. “Assinei com a equipe Willys. Além de disputar os campeonatos, ajudava a desenvolver os carros”, conta o veterano, que mais tarde foi contratado pela equipe Dacon. Correr apenas no Brasil não era o objetivo dos Fittipaldi. Por isso, para financiar a carreira internacional do irmão caçula, Wilson vendeu um Porsche. Depois de obter muito sucesso logo em seu primeiro ano de Fórmula Ford, Emerson se firmou no Exterior e Wilson embarcou para também tentar a sorte nas categorias de acesso à F-1.
“Competi de Fórmula 3, Fórmula 2 e, em 1972, estreei na F-1 correndo pela Brabham”, conta Wilson. Sua participação como piloto não rendeu muitos resultados e, por alguns descontentamentos com a equipe, Wilson não quis renovar seu contrato para a temporada de 1975. Resolveu, então, ir atrás de um sonho que compartilhava com o irmão: montar uma equipe de F-1.
Da esquerda para a direita: Wilson expõe seus troféus; o Copersucar (acima); com o filho Christian e o irmão Emerson (abaixo); no pódio, em categoria de acesso à F-1; na GT-3 com Emerson
O fato de nenhum compatriota ter realizado a façanha e os altos custos da categoria não o intimidaram. Em 1975, Wilson foi o piloto de seu próprio carro, o Copersucar-Fittipaldi. Já no ano seguinte, Emerson assumiu o cockpit, para que o irmão mais velho se dedicasse mais à tarefa de chefe de equipe. Mas a falta de patrocínio fez com que a escuderia fechasse as portas depois de cinco temporadas, sem grandes resultados.
“A F-1 sem dinheiro é impraticável. Se não tivéssemos perdido apoio, ainda estaríamos com o carro na pista”, afirma Wilson, que diz ter levado quase sete anos para quitar as dívidas deixadas pela equipe. Depois de disputar o campeonato de 2008 na GT-3, Wilson diz que já não é mais tão competitivo e que, por isso, não participará desta temporada. Continuará se dedicando à construção de grandes iates.