NASSER AL-ATTIYAH

“Minha motivação para competir é fazer as pessoas felizes e divulgar o Catar para o mundo”

Para a grande maioria dos pilotos, o Rally Dakar é a competição mais desa adora do mundo por conta dos grandes trechos disputados em dunas. Não para o campeão deste ano, Nasser Al-Attiyah, da equipe VW. “Me senti em casa”, disse. Membro da família real do Catar e tratado como príncipe, ele praticamente se criou no deserto e, por isso, a areia nunca o assustou. Nem ela nem as di culdades, que não foram poucas em sua carreira. Logo depois de sua estreia, em 1989, Nasser teve que passar sete anos sem competir.

O presidente da Federação de Automobilismo de seu país, membro de uma família rival, boicotou sua participação nas provas. Durante este tempo, o príncipe resolveu encarar outra modalidade: tiro ao prato. Ele se dedicou tanto ao novo esporte que chegou a disputar três Olimpíadas. Sua melhor marca foi em 2004, nos jogos de Atenas, onde conquistou o quarto lugar na classi cação geral.

Nasser superou, sem dificuldade, os trechos de dunas. Na cerimônia de premiação, fez questão de mostrar o trofeu de perto a todos os presentes e levantar com orgulho a bandeira de seu país

Apenas em 2000, quando seu primo assumiu a presidência da Federação do Qatar, Nasser pôde voltar a acelerar. Desde então, entre outras vitórias, conquistou o Campeonato Mundial de Rally de Carros de Produção P-WRC, em 2006, foi segundo colocado no Dakar de 2010 e agora chega ao topo, superando o vencedor do ano passado e seu companheiro de equipe, Carlos Sainz. “Minha motivação para correr é fazer as pessoas felizes e divulgar o Catar”, disse o piloto. E não é uma frase de efeito. Dono de um carisma raro no ambiente de competição, Nasser surpreende os companheiros com atitudes de verdadeira nobreza.

No Rali dos Sertões de 2009, o piloto doou US$ 20 mil para uma equipe feminina que teve o carro incendiado durante a prova. Este ano, convidou um fã chileno, que tinha ido pedir um autógrafo, para conhecer seu palácio no Catar. Na premiação do Dakar, ele fez questão de dar uma volta na arena La Rural para mostrar o troféu, de perto, a cada um dos presentes no centro de convenções.

Segundo o piloto, o Catar é um país muito rico e com apenas 350 mil habitantes, mas não seria viável realizar um rali lá, mesmo com a enorme visibilidade que suas conquistas no automobilismolhe proporcionaram.

“Nem as pessoas nem as empresas são tão envolvidas com esporte como aqui, na América do Sul”, explicou. Quanto à possibilidade de o Dakar passar pelo Brasil em 2011, o príncipe se empolga. “O Rally dos Sertões já é ótimo. Acho que seria bom o Brasil entrar na rota do Dakar”, a rmou à MOTOR SHOW.

Além de piloto e atirador, Nasser também pratica enduro equestre e hipismo clássico. Para manter a forma, costuma nadar e pedalar. Após o término do Dakar (a prova foi realizada entre os dias 1o e 16 de janeiro), o piloto planejava passar duas semanas de folga no Catar e logo depois participar de outro rali no México. Mesmo no auge de sua carreira como piloto, Nasser não deixou de lado sua porção de esportista multitalentos. “Agora que conquistei o Dakar, vou me dedicar à Olimpíada de Londres. O povo do Catar torce muito por mim. Tenho que dar o meu melhor em tudo que praticar.” Esse é o segredo do campeão.