Quando o lançamento de um SUV é feito em uma pista é porque a marca con a em sua capacidade de fazer curvas. Não por acaso, o autódromo particular onde avaliei o novo Tiguan é o mesmo onde dirigi, há tempos, o Porsche Cayenne. A Volks queria mostrar que a segunda geração do utilitário esportivo enfrenta mesmo todo terreno: inclusive aqueles dedicados, em teoria, exclusivamente aos carros de corrida.

Esqueça os tradicionais avisos de “alto risco de capotamento” e “evite manobras bruscas” comuns de se ver em SUVs. No Tiguan, quando se roda tranquilamente e em linha reta, 80% do torque vai para as rodas dianteiras e 20% para as traseiras. Mas bastou que eu abusasse nas curvas ou simulasse algumas barbeiragens para que o sistema de tração integral distribuísse, conforme a necessidade, mais força para o eixo traseiro. Mesmo com o controle de tração desligado, o de estabilidade raramente atuava. O que notei com frequência foi justamente a transferência de torque entre os eixos: quando o carro perdia a trajetória, sutilmente, era recolocado de volta “no eixo”.

Pouco mais de uma dezena de voltas no sinuoso circuito foi su ciente para eu comprovar o que já sabia: o Tiguan tem uma dinâmica exemplar. Além da excelente tração, contribuem para esse comportamento a direção com assistência elétrica com peso e sensibilidade adequados e as suspensões (four-link na traseira e McPherson na dianteira) que controlam a tendência de inclinação da carroceria e isolam irregularidades com competência, abrindo mão de uma parte do conforto – é verdade –, mas retribuindo com muita esportividade.

O interior continua bem acabado e, nesta nova geração, ganhou as borboletas no volante como item de série

Até aqui, porém, nenhuma novidade. A primeira geração do SUV (ou crossover, como queira), lançada em 2009 no Brasil, já tinha essas qualidades. Um resultado que se deve, em parte, à ótima plataforma sobre a qual é construído, a mesma dos Golf V e VI (superior à usada no Golf IV vendido aqui hoje). Também não há nada de novo no ótimo motor 2.0 turbo com 200 cv nem no rápido câmbio automático de seis marchas. O interior também continua com espaço um pouco limitado, acabamento melhor que a média e banco traseiro corrediço e reclinável.

Mas o que há de novo nessa segunda geração do Tiguan? Visualmente, os para-choques, a grade dianteira, os faróis (com luzes de LEDs diurnos se, equipado com os bixenônios), as lanternas e o friso lateral, que foram adaptados à nova identidade visual da marca.

O espaço interno, como na geração anterior, é um tanto limitado. Há novidades no display do computador de bordo e no som com GPS, que é um opcional

Na lista de equipamentos, as borboletas no volante para troca de marchas e o auxílio em subidas passam a vir de série e os bancos de tecido agora têm uma faixa central de couro. Além disso, há o sistema que detecta e alerta o motorista em caso de sonolência e o novo display do computador de bordo, ambos itens de série. No mais, o Tiguan continua completíssimo. Os opcionais são poucos, mas tentadores: teto-solar panorâmico, som com GPS, partida sem chave, faróis bixenônio, rodas 18”, bancos em couro com ajuste elétrico e o Park Assist II, que, além de estacionar, agora também tira o carro da vaga e estaciona em espaços menores e perpendiculares.

O preço subiu um pouco, de R$ 99.900 da “limpeza” de estoque para R$ 105.390. Suas qualidades justi cam a alta, mas é bom lembrar que, para quem não usa o carro no off-road, Passat ou Passat Variant, só para car na VW, têm preços semelhantes e ainda oferecem mais espaço.