Assim como quase todos os utilitários esportivos lançados no Brasil, a missão do Tiggo também é tentar destronar o EcoSport. A categoria de SUVs acessíveis foi um segmento criado pela Ford, com o EcoSport, em 2002. Na época, ele tinha até uma versão de motor 1.0 com compressor, que acabou não pegando. Desde essa época, o modelo vem liderando a categoria com folga e, por conta disso, é alvo de todos os concorrentes que buscam uma fatia deste ainda promissor mercado. A Fiat tentou se estabelecer com o Idea Adventure, a Volkswagen, com o CrossFox, e, recentemente, a Citroën apresentou o Aircross. Mesmo assim, nenhuma conseguiu ameaçar o EcoSport. Quem chegou mais perto disso foi a Hyundai, com o Tucson.

Agora é a hora dos chineses, e o primeiro a se candidatar para enfrentar o EcoSport foi o Chery Tiggo. Ao contrário dos demais adversários, o grande trunfo do modelo – assim como de todos os chineses – é o preço. O Tiggo entrega mais por menos. Vendido, por enquanto, apenas na versão 2.0 16V de 135 cv e câmbio manual, o SUV tem preço sugerido de R$ 52.583, cerca de R$ 8 mil a menos do que o EcoSport Freestyle 1.6 das fotos. Na verdade, o modelo chinês com todos os equipamentos e o motor 2.0 pode ser tranquilamente comparado com a versão XLT, top do EcoSport 4×2, que também tem propulsor 2.0 e custa R$ 63.720. Nesse caso, a diferença a favor do chinês se torna ainda maior.

Mesmo tendo preço bem mais baixo e motor maior, o Tiggo ainda trás a mais do que o EcoSport ajuste de posição de altura dos faróis, freios ABS (e ainda com assistência EBD), rodas de liga aro 16″ (no EcoSport elas são aro 15″) e rack de teto, que no líder do segmento é oferecido apenas como acessório, por R$ 659.

Resumindo: como oferta, o Tiggo é muito mais interessante. Mas, por outro lado, o utilitário chinês também tem seus defeitos. O acabamento é um deles. Há de se convir que o sport utility da Ford não é nenhum exemplo nesse quesito, mas, mesmo assim, ainda é um pouco melhor do que o chinês. A textura brilhante do plástico do console, o encaixe malfeito da capa do centro do volante e alguns ruídos internos incômodos, um deles por conta da folga no vidro do motorista (no caso da unidade avaliada), mostram que neste quesito o Tiggo ainda tem muito a melhorar.

Já, quando o tema é desempenho, o chinês leva vantagem (são 107 cv do Eco contra 135 do Tiggo). Na cidade, sua agilidade é equivalente à do Ford, mas, na estrada, ele se mostra bastante superior. O motor desenvolve muito mais e o utilitário tem estabilidade melhor que a de seu rival. Viajar com o Tiggo é mais confortável, tanto para quem dirige quanto para os passageiros. O modelo novato também é mais espaçoso.

 

 

Mas se como oferta o Chery é melhor do que o Eco em quase todos os sentidos (só não é em todos porque não tem opção flex), comprar um chinês ainda traz certo risco. O preço e a disponibilidade das peças ainda não passam a segurança que muitos clientes esperam. Mesmo com três anos de garantia total, ninguém está imune a um pequeno incidente: um esbarrão de um motoqueiro no retrovisor, uma roda amassada em um buraco… Tentamos cotar o valor das peças nas concessionárias e não obtivemos resposta Já no valor das revisões, o modelo da Ford leva vantagem na terceira revisão, que, para ele, ocorre aos 30 mil km e sai por R$ 328, enquanto para o Tiggo é aos 20 mil km e acaba custando R$ 827. O fato de ser um veículo pouco conhecido prejudica o Chery no preço do seguro. Cotado pela Porto Seguro, seu valor é R$ 800 superior ao do rival.

Assim como suas compatriotas, adquirir mais credibilidade ainda é o maior desafio da Chery no Brasil. Um dos pontos que pesam a favor da marca é que ela já mostrou que não está no País a passeio e que tem planos de longo prazo para o nosso mercado. O que atesta isso é a construção de uma fábrica em Jacareí, no interior de São Paulo, que deverá começar a produzir em 2013, ano em que termina a garantia do total do Tiggo. Ou seja, é correto imaginarmos que o consumidor que apostar nesta marca não será abandonado. É como investir no mercado financeiro: quanto maiores as vantagens, maiores são os riscos.

Couro nos bancos e nas portas, assim como o maior

espaço interno e a carroceria menos sujeitaà sofrer

rolagem

garantem mais conforto no Tiggo

 

O acabamento do EcoSport, melhorado na última geração, ainda não é

primoroso, mas é mais benfeito que o do Tiggo. Já o espaço interno é menor