A tranqüila liderança do EcoSport pode já estar com os dias contados. Não, ele não deve perder a liderança, mas parte de seus clientes. E a “pedra no caminho” é um SUV que vem da China, é montado no Uruguai e acaba de ser lançado na Argentina. O nome é Chery Tiggo. Sim, a marca chinesa que prometia trazer o compacto QQ, por enquanto descartado.

No fim de junho, Brasil e Uruguai fecharam um acordo que possibilita a entrada no Brasil, até 2014, de até 20 mil utilitários por ano da Chery, em troca da exportação de 6.500 carros para o Uruguai. Até este limite, isentos dos 35% de imposto de importação.

O Tiggo vem com airbags dianteiros de série e interior modulável com bom porta-malas, mas ele só pode rodar com quatro passageiros

Em entrevista exclusiva à MOTOR SHOW, Oscar Ramos, diretor de relações institucionais da Chery Socma Uruguai, garantiu que o Tiggo estará a venda aqui em 60 dias, no máximo 90. “Ele será comercializado com a assessoria de uma rede de concessionárias”, explica, sem revelar o preço exato. No Uruguai, a versão 2.0 4×2, a primeira que vem para o Brasil, custa US$ 25 mil, cerca de R$ 40 mil, mas na Argentina foi lançado por US$ 22.800. No ano que vem, chega a versão 4×4, um pouco mais cara, com motor Mitsubishi 2.4.

Considerando que o EcoSport 1.6 custa a partir de R$ 50 mil, na versão mais simples, e o com motor 2.0 custa a partir de R$ 60 mil, os R$ 40 mil do Tiggo seriam bem interessantes. E ele é mais completo: de série, oferece vidros elétricos, ar-condicionado, direção hidráulica, bancos aquecidos, som com 6 CDs, MP3 e entrada USB, airbags dianteiros, alarme, faróis de neblina, freios ABS com EBD, rodas de 16 polegadas…

Além de tudo, a marca promete que será flex (o Eco 2.0 não é). “Não vamos colocar no mercado brasileiro um carro que não seja flex. Na China, a Chery produz 35 motores diferentes, obviamente um será flex”, explica Ramos. Será só mais uma promessa? O carro nem está homologado para o Brasil, processo que leva cerca de seis meses. “Conversamos com o governo brasileiro para acelerar a homologação.”

Quanto a uma produção brasileira, Ramos afirma que “a fábrica uruguaia tem capacidade para 25 mil carros/ ano, e pode ser ampliada para 40 mil”. Só quando ultrapassarem esta marca pensam em fabricá-lo aqui.

A questão que fica, ainda mais depois de avaliar o Effa M100 (veja nesta edição), é em relação à qualidade. Preço bom não basta: a qualidade (ou a falta dela) pode afundar os planos da Chery. Na Argentina, ele foi bem avaliado, com elogios aos equipamentos, câmbio e motor. O espaço interno, com porta-malas para 827 litros, apesar de lugar para apenas quatro passageiros, também se destaca. Assim que possível, vamos dirigi-lo – e diremos o que achamos.

O QQ não vem, mas…

O simpático e compacto QQ, que adiantamos em 2006 que viria ao Brasil, (notícia depois confirmada por outras publicações, mas não pela marca), não vem mais. Só será vendido aqui quando a marca fizer sua fábrica brasileira, o que pode demorar. “Populares têm que ser feitos em grande número para justificar custos e ter bons preços”, explica Oscar Ramos. “Por enquanto, está absolutamente descartado.” Mas, em seguida, ele avisa que um modelo do segmento médio, provavelmente o A5 da foto à direita, deve ser vendido aqui já no ano que vem.

Acima, a versão 4×4, com motor Mitsubishi 2.4, que deve chegar no primeiro semestre de 2009

O painel tem design moderno e disqueteira de série, e as portas são revestidas com tecido

À esquerda, a alavanca do câmbio manual. Há também uma versão automática que, a princípio, não vem para o Brasil. Acima, os instrumentos são simples, mas pelo menos ele vem com conta-giros