Em julho de 2008, a Toyota anunciou um investimento de US$ 700 milhões no Brasil para a construção de uma nova fábrica em Sorocaba (SP). A planta terá cerca de 2.500 funcionários (o que aumentará em mais de 70% o número de empregados da montadora no País) e uma capacidade produtiva de 150 mil carros/ano.

No Salão de Nova Délhi, o Toyota Etios foi o centro das atenções. E não para os indianos

Hoje, a construção está a pleno vapor e os fornecedores definidos, mas o carro que será fabricado permaneceu um mistério até janeiro, quando a marca apresentou ao mundo, no Salão de Nova Délhi, na Índia, o Etios Concept. Desenvolvido no Japão, ele começa a ser feito na Índia no fim deste ano (70 mil unidades/ ano) e, no Brasil, a partir de 2011. O carro global de baixo custo foi mostrado em meio a outros 13 lançamentos da marca japonesa, mas roubou a cena.

Depois de terminar 2009 com um prejuízo monstro e ameaçada de perder a liderança mundial para a Volkswagen, a Toyota não tem mesmo outra saída. Precisa se fortalecer nos países em desenvolvimento o mais rápido possível e, para isso, deve apostar em segmentos de grande volume de vendas. Seu plano para a Índia é ter uma participação de mercado de 10% até 2018.

Uma meta parecida já foi firmada pela Toyota para o Brasil anos atrás, quando a marca começou a pensar em apostar nos modelos de entrada para o mercado local. Mas os planos não se concretizaram e os japoneses chegaram em 2010 não com os 10% de mercado que haviam almejado, mas com uma tímida fatia de menos de 3%. Agora terão uma nova chance com o Etios.

No Brasil, os hatches de entrada respondem por cerca de 30% do mercado. Ou seja, vendem, juntos, algo em torno de 1,1 milhão de unidades ao ano. Isso significa que lançar um bom carro na faixa dos R$ 30 mil é sucesso garantido. Ainda mais para a Toyota, que por aqui é referência de status e qualidade em automóveis. Aliás, o grande desafio do projeto foi manter custos contidos sem abrir mão da qualidade percebida a bordo e da segurança.

O modelo de série deve ser mais contido, com rodas menores, sem parachoques pintados, spoilers, aerofólio e interior bicolor. Mas o carro-conceito já está próximo do produto final (o modelo, indiano, tem volante do lado direito)

Mas eles parecem ter chegado a um meio termo. Ainda com cara de conceito o modelo dá indícios de que será racional, mas bem acabado e sólido. A marca anunciou duas motorizações (1.2 e 1.5) para as versões dois e três volumes que, no Brasil, certamente serão flex. A versão hatch terá muitos concorrentes, como Gol, Palio, Novo Uno, Ka, Sandero e Agile. E, em se tratando de Toyota, não se admire se os consumidores deixarem para trás modelos mais caros, como Fiesta, Corsa e C3, para comprar o “popular japonês”. Já o sedã enfrentará Voyage, Siena e Logan, entre outros.

Mas não pense que as investidas da Toyota acabam por aí. A marca está fazendo pesquisas de mercado com consumidores para a fabricação de um outro modelo, ultrapopular, que seria vendido na faixa dos R$ 20 mil e provavelmente viria do portfólio de produtos da Daihatsu. Uma das dúvidas que a marca pretende sanar com a pesquisa é: um carro tão barato arranharia a imagem da marca?