R$ R$ 4.500

Um terremoto abalou a indústria automobilística. Seu nome é Tata Nano, o carro mais barato do mundo, que, na Índia, custará US$ 2.500. Logo depois que foi apresentado, seguiram- se reações proporcionais ao estrondo que ele causou.

Na verdade, já faz tempo que se fala nos carros ultrapopulares, os ULCs (Ultra Low Cost, ou custo ultrabaixo). Em agosto de 2005, MOTOR SHOW fez uma matéria sobre o assunto, na qual já prevíamos a venda deles no Brasil – justamente pela Tata.

Desde então, a montadora indiana trabalhou intensamente no projeto, para agora chegar ao produto final. Nada é certo sobre a vinda do carro, mas o fato é que neste ano a Tata já chega ao Brasil – com uma picape e um SUV, fabricados pela Fiat em um acordo entre as duas montadoras. Isso facilitaria a fabricação ou montagem do Nano aqui.

O painel, à direita, é mínimo: tem apenas velocímetro, odômetro e medidor de nível de combustível. A posição central economiza custos nos modelos pela exportação, que terão volante do lado esquerdo. No caso de ser mesmo exportado para o Brasil, vai custar mais caro, pois terá que pagar uma série de impostos

“Os mercados óbvios para nós seriam os africanos e os latino-americanos como Brasil e Argentina, além de Malásia e Indonésia, entre outros”, disse ao jornal indiano Economic Times o CEO da montadora, Ratan Tata. “A Fiat tem fábricas no Brasil e Argentina, em outros mercados nós temos uma presença mais forte. Mas ainda não tomamos nenhuma decisão a respeito disso”, completou. Se chegar mesmo aqui, é algo para daqui a dois ou três anos.

“Os mercados óbvios para nós seriam os africanos e os latino-americanos, como Brasil e Argentina”

Ratan Tata, CEO da Tata, sobre os planos de exportar o Nano. Na foto, ele posa junto ao modelo de luxo do carro, mais bem equipado

Mas o sucesso do Nano no Brasil é questionável, uma vez que se trata de um carro para uso estritamente urbano – categoria de veículo sem bom mercado no Brasil. Aqui, um carro precisa servir para a cidade e para a estrada – e o Nano, com sua velocidade máxima de 105 km/h, sofreria demais.

A pergunta que não quer calar é: “O que faz o Nano tão barato”? Em primeiro lugar, o óbvio corte de custos. Mas não só isso: gastou-se muito em pesquisa e desenvolvimento para encontrar soluções mais baratas para problemas comuns. Algumas soldas, por exemplo, foram substituídas por adesivos de uso aeroespacial, extremamente resistentes e que barateiam a fabricação. No total, foram 34 novas patentes. O motor 0,6 litro de 33 cv usa câmbio de quatro marchas (em breve também CVT) e, apesar do desempenho raquítico, faz 20 km/l.

Sob medida para a Índia, Tata idealizou o Nano depois de observar o trânsito das grandes cidades indianas e ver três, ou quatro pessoas amontoadas em uma única moto. Ele queria dar mais segurança para seu povo. A BMW C1, curiosa scooter com cobertura, serviu de inspiração. “Era exatamente o que tinha pensado”, conta.

Segundo o executivo, “o mercado não quer meio carro, e sim um carro inteiro”. E é o que ele promete: diz que o Nano passou em todos os crash-tests e atende todas as normas de emissões de poluentes.

Gostando ou não dos ultrabaratos, as outras montadoras já correm atrás da Tata. A Renault, por exemplo, já se associou à Bajaj, fabricante indiana de triciclos, e já tem um protótipo de seu ULC. Ford, Toyota, Hyundai e VW também projetam concorrentes para o Nano. “Temos um protótipo inicial em desenvolvimento”, disse o presidente da Toyota, Katsuaki Watanabe. Quem tem mais a ganhar com essa história, no fim das contas, é o consumidor.

Pouca BAGAGEM

Os quatro passageiros têm um espaço para bagagem, na parte dianteira do carro, bastante reduzido. São 150 litros de capacidade, menos que oferecia a versão antiga do nosso pequeno Ford Ka. Mas uma medida aceitável para um modelo urbano

Sem LUXO

Nada de direção hidráulica, vidros elétricos ou rádio. No modelo básico, a janela traseira não abre, mas na versão mais luxuosa terá ar-condicionado

Motor TRASEIRO

O motor dois cilindros custa apenas US$ 700. Com 33 cv de potência, o desempenho é ruim, mas consome pouco. Todo o conjunto motorcâmbio fica debaixo do banco traseiro