Se a injeção eletrônica nos automóveis já tem quase 20 anos, nas motos nacionais essa evolução demorou para começar, e ainda dá pequenos passos. No caso da Honda, a custom Shadow 750, modelo 2009, é o segundo produto nacional com esse sistema.

Lançada no Brasil em 2005, a Shadow 750 é uma legítima custom classic, tipo de moto inspirada nas americanas Harley-Davidson e que teve sua popularização mundial com as marcas japonesas. Uma custom como esta tem como característica principal a posição do piloto bastante relaxada, com pernas mais adiantadas que o corpo e braços abertos, devido ao largo guidão. No extremo oposto, as motos superesportivas exigem que o piloto fique com as pernas para trás e o corpo para a frente, apoiado no estreito e baixo guidão.

Além da injeção eletrônica, a Shadow sofreu várias modificações em relação à versão anterior, como o guidão mais alto (17 mm), mais à frente (15 mm) e com suporte regulável com coxins de borracha para reduzir vibrações. E as plataformas para os pés estão mais confortáveis: antes tinha pedaleiras de borracha, como as das motos convencionais. E agora os pedais de câmbio e freio traseiro foram adequados às novas plataformas.

O painel de instrumentos, sobre o tanque de combustível, também mudou. Composto apenas pelo grande velocímetro, agora mostra a velocidade também em milhas por hora e incorpora a luz indicadora de falha no sistema de injeção. Para não congestionar o painel de instrumentos, as luzes de farol alto, piscas e reserva de combustível estão na mesa superior do guidão, posição mais fácil de visualizar.

Visualmente, a mudança mais importante está no sistema de escapamentos, agora com sensor de queima, similar à sonda lambda dos automóveis. Para instalar dois sensores desse tipo, o escapamento agora é duplo, com saída individual para cada cilindro. Ficou mais bonito, não tão grande como o anterior, e com a mesma configuração visual dos cobiçados escapamentos das Harley-Davidson.

O motor é um bicilíndrico em V, refrigerado a água, com comandos únicos no cabeçote e seis válvulas, duas para admissão e uma de escapamento em cada cilindro. Com 745 cm3, gera 45,5 cv e 6,5 kgfm. Com câmbio de cinco marchas de relações longas, ideal para viagens tranqüilas, a transmissão é por eixo-cardã, o que a torna bastante suave e confortável. Pilotando a moto, percebe-se que a injeção a tornou mais suave, principalmente em relação à aceleração e às retomadas. As curvas de torque e potência ficaram mais constantes, sem os inevitáveis “buracos” de aceleração típicos de um carburador. Mas os novos escapamentos não conseguiram imitar o ronco de uma Harley (e nem poderiam, já que ele é protegido por patente).

Indiscutível é a vantagem das plataformas para os pés, melhores que as pedaleiras anteriores. E o pedal de freio, enorme e com apoio de borracha, é mais adequado para o tipo da moto. Por fim, a ausência da torneira de combustível e a nova posição das luzes indicadoras mais utilizadas deixaram a Shadow bem mais fácil de ser pilotada.

A Shadow 750 está disponível em azul metálico, que tem desenho de chama e muda de tonalidade conforme incide a luz; preto, com desenho tribal; e cinza, com uma discreta pintura clássica.

À esquerda, os sensores de queima do sistema de injeção eletrônica, as novas plataformas para os pés, mais confortáveis, e o velocímetro no tanque de combustível

O escapamento duplo agora tem o mesmo visual das Harley, mas não o mesmo ronco, pois ele é patenteado