Na segunda geração, à venda no Brasil desde 2007, o Mitsubishi Outlander parecia um esportivo agressivo – principalmente na versão top de linha GT, que chegou em 2009 com sua enorme “boca” dianteira que remetia ao cobiçado Lancer Evolution X, verdadeiro mito do mundo dos ralis de velocidade. Assim, a marca japonesa oferecia um crossover familiar na essência não muito diferente de vários outros, mas com uma “cara de mau”. Agora, a terceira geração do Outlander chega ao Brasil com uma plataforma e uma imagem totalmente novas.

Uma das novidades que mais chamam a atenção é que a versão GT agora se diferencia das demais apenas por seu motor mais potente e sua lista de equipamentos – e não pelo visual mais agressivo. Falando nisso, o novo design, agora comum a todos os Outlander, ficou menos ousado, mais conservador. É a nova tendência da marca. O fato é que o carro é extremamente correto. Sabe aquele candidato a um emprego que diz “meu defeito é ser perfeccionista”? O Outlander é assim.

Em um test-drive por estradas e cidades do interior de São Paulo, num percurso de 200 quilômetros, o Outlander mostrou que sua nova direção elétrica é precisa e correta (era hidráulica) e que o desempenho de seu motor 3.0 V6 de 240 cv é adequado, garantindo acelerações e retomadas satisfatórias, além de ultrapassagens seguras. O câmbio automático de seis marchas, que permite trocas por borboletas no volante (melhor se não fossem fixas), também não decepciona: as trocas são suaves, e ele se adapta ao modo de guiar.

O sistema de tração integral também é novo. Há três opções. O modo Eco deve ser usado em condições normais: até 100% do torque vai para as rodas dianteiras, priorizando o consumo. No caso de pista de baixa aderência, é melhor selecionar o Auto: no mínimo 10% da força é enviada ao eixo traseiro, e o carro aumenta a porcentagem conforme a necessidade (em simulações de situações de emergência, comprovamos a eficiência do sistema, em conjunto com o controle de estabilidade). Para situações mais críticas, há o modo Lock, que bloqueia 50% da tração para cada eixo. Não que o carro vire um off-road, mas dá uma bela ajuda para encarar, por exemplo, uma pista enlameada.

Voltando à história do perfeccionismo, tudo nesse novo Outlander é extremamente correto e preciso. É um carro certinho, mais indicado para os pais do que para os filhos. Assim como no design, ao volante a experiência é menos empolgante para quem gosta de carros mais indóceis. Bem, para ser justo, as suspensões são excepcionais – muito confortáveis e silenciosas, deixam a carroceria inclinar pouco. O espaço interno, principalmente atrás, também é excelente – quando o banco corrediço está para trás; se posicionado para a frente, aumenta o porta-malas, mas sobra pouco espaço para as pernas. Um ponto positivo tratando-se de versatilidade para uso familiar. Falando nisso, a versão GT agora tem sete lugares e os bancos da terceira fila podem ser rebatidos, individualmente, ficando escondidos sob o assoalho.

A versão GT sai por R$ 130.090. Adicionar algumas das principais novidades tecnológicas eleva o preço em R$ 9.000: é o valor do “full technology pack”, que traz faróis de xenônio com lavador, tampa do porta-malas motorizada, piloto automático adaptativo e alerta de colisão. Já a versão de entrada, menos equipada e com motor 2.0 de 160 cv e câmbio CVT com seis marchas simuladas, custa R$ 102.990. Nela, há os mesmos sete airbags, sistema multimídia e ar-condicionado de duas zonas. A câmera de ré e os sensores crepuscular, de chuva e de estacionamento são opcionais.

Como crossover para uso familiar, o Outlander enfrentará uma enorme gama de concorrentes no mercado nacional. Afinal, na faixa de preço dos Outlander 2.0 e V6, há rivais para todos os gostos: desde os mais voltados para o uso off-road, como o Land Rover Freelander, até os mais esportivos, como o VW Tiguan, passando por outros japoneses e coreanos de fórmulas similares, como o Toyota RAV4, o Honda CR-V e o Hyundai Santa Fe, além de Fiat Freemont, Dodge Journey, Chevrolet Captiva, Ford Edge, Volvo XC60, Kia Sorento… No final, quem vai decidir o sucesso do novo Outlander é o peso da marca e, claro, o consumidor.