Os Três Tenores encantaram de 1990 a 2004 os apreciadores de música lírica. Plácido Domingo, José Carreras e Luciano Pavarotti comoviam pela força de suas vozes. Eles esbanjavam potência e emoção equiparáveis a essas três máquinas alemãs. Um conjunto de feras do asfalto, formado pelo Audi S3 Sportback, pelo BMW M135i e pelo Mercedes- Benz A 45 AMG – variantes de suas versões “normais”, mas vestidas com trajes ousados e comportamento irrepreensível. Para início de conversa, vamos direto ao ponto: a potência de cada um deles. Esses alemães atacam com motores sobrealimentados para transmitirem o máximo de prazer ao dirigir. 

Mercedes-Benz A 45 AMG é o mais potente da trupe. Os engenheiros de Affalterbach (casa da AMG, preparadora ofi cial da Merce des) instalaram simplesmente o 4 cilindros mais potente do mundo. O A 45 AMG despeja 360 cv, que rendem uma potência específi ca de 180 cv/l. Quem se aproxima da potência do Mercedes é o BMW M135i, com seu bloco 6 cilindros em linha TwinPower Turbo M Performance de 320 cv ou 106,6 cv/l. Atenção porque não é biturbo e sim turbo de dupla voluta (uma trabalha nos cilindros ímpares e outra, nos cilindros pares, recebendo pulso o tempo todo). O S3 Sportback é o menos potente deles, com 280 cv (na geração passada eram 256 cv). Apesar disso, os cálculos indicam 140 cv/l – uma potência específica maior que a do M135i e sua unidade seis “canecos”.

Como o peso é primordial em um esportivo, segundo a Audi, essa geração do S3 Sportback teve uma diminuição de 70 quilos. Na balança, o Audi pesa 1.445 quilos, contra 1.590 do BMW e 1.480 do Mercedes-Benz. Ao confrontar os dados técnicos, a relação pesopotência é de 5,16 kg/cv no S3 Sportback, de 4,96 kg/cv no M135i e de 4,11 kg/cv no A 45 AMG.

Ok, o Audi é o menos potente entre os rivais. Sua diferença para o A 45 AMG é de 80 cv (na Europa existe a versão RS3 de 400 cv).  No entanto, entre os oponentes, é o S3 Sportback quem traciona melhor saindo da imobilidade. Mérito da tração integral Quattro. A distribuição de peso dos modelos é da ordem de 59% no eixo dianteiro e de 41% na traseira para a Audi. O Mercedes-Benz também faz uso da tração integral (4 Matic) e o peso é distribuído em 62% na frente e 38% atrás. Já no BMW é de 54% na dianteira e de 46% na traseira. O BMW é o mais purista e o único com tração somente no eixo traseiro. É esse predicado que o torna o mais divertido de guiar dos três. Quando provocado e com o controle de tração desligado, faz belas escapadas de traseira, exigindo mais domínio do motorista. O freio de mão do M135i não é elétrico como nos rivais e ajuda nessa tarefa de brincar de drifting.

Esses três hot hatches aceleram de 0-100 km/h em menos de 5 segundos. O torque é maior no Mercedes (46 kgfm), enquanto o Audi e o BMW oferecem 38,7 kgfm e 45,8 kgfm, respectivamente, ambos abaixo das 2.000 rpm. Para reger todo esse ímpeto, os carros trazem moderna transmissão automática ou automatizada de dupla embreagem – em ambos os casos com opção de trocas sequenciais pelas borboletas atrás do volante ou na alavanca. A caixa S-Tronic do S3 Sportback é de seis marchas, enquanto o A 45 AMG tem câmbio AMG SpeedShift DCT de sete velocidades. Dos três carros, o M135i é o único com transmissão automática de oito marchas. O  funcionamento mais direto vai para o Audi, mas é insuperável o sedutor estampido produzido pelo Mercedes-Benz a cada mudança – semelhante, guardadas as proporções, a um carro de corrida. O Audi também faz um estouro a cada mudança; e o ronco do BMW afina nos giros mais altos ou durante as reduções. Os Três Tenores aplaudiriam essa sonoridade. 

Para ficarem ainda mais radicais, Audi, BMW e Mercedes trazem modos de condução que alteram os parâmetros do carro – como motor, câmbio, caixa de direção e pedal do acelerador, entre outros. Mais do que isso, esses carros são (verdadeiros) devoradores de asfalto e de curvas. Na comparação com o Classe A “normal”, as suspensões do A 45 AMG são 15 mm mais baixas na frente e 10 mm atrás. O S3 Sportback é 25 mm rebaixado e o M135i tem conjunto 10 mm mais baixo. Dos três, o mais confortável de andar na cidade é o S3 Sportback, que absorve as imperfeições do asfalto de maneira mais macia. Os pneus do S3 Sportback são de perfil 40 nas quatro rodas, ao passo que o M135i usa 35 na traseira e o A 45 AMG também tem conjunto de perfil 40. Já ao contornar curvas com maior apetite, tanto o A 45 AMG quanto o S3 Sportback têm comportamento subesterçante (saída de dianteira), enquanto o M135i é sobreesterçante (saída de traseira). 

Como já dissemos, esses modelos aceleram com vigor. E na hora de parar? O Audi é equipado com discos de freios de 340 mm de diâmetro (dianteira) e de 310 mm (traseira). O Mercedes-Benz tem conjunto de 350 mm (dianteira) e de 320 mm (traseira). O M135i traz discos de 340 mm na frente e de 345 mm atrás. Mesmo com todo esse conjunto mecânico refi nado, A 45 AMG, M135i e S3 Sportback podem ser dirigidos tranquilamente e de maneira civilizada. Além disso, eles mostram bom comportamento em baixa rotação, graças ao diâmetro e curso de seus motores. Apesar dos propulsores potentes, dependendo da forma de guiar do motorista, esses carros podem fazer médias de até 10 km/l. A “mágica” é fruto de sistemas para poupar combustível, como o start-stop, que desliga o motor durante breves paradas. Além disso, o S3 Sportback e o M135i engatam ponto morto quando se tira o pé do acelerador. Realmente, deixamos para trás aquele tempo em que era impossível conciliar desempenho com baixo consumo de combustível. 

Atraentes por fora e sob o capô, por dentro esses modelos cuidam muito bem dos seus ocupantes. Embora não seja uma preocupação para esse tipo de consumidor, quem oferece maior espaço para as pernas é o A 45 AMG (2,699 m de entre-eixos). Em contrapartida, o porta-malas maior é do M135i (360 litros). Seria redundante dizer que a cabine dos modelos tem acabamento de qualidade. O Mercedes A 45 AMG tem um interior idêntico ao do irmão A 250, por exemplo, com detalhes em vermelho nas saídas de ar dianteiras e imitando fibra de carbono no centro do quadro de instrumentos. Os bancos e o volante têm detalhes de alcantara. O M135i possui um habitáculo comportado e o volante tem aro grosso. Sim, é o BMW quem oferece a melhor posição de guiar. O S3 Sportback também mostra um habitáculo sem muito exagero cedes A 45 AMG tem um interior idêntico ao do irmão A 250, por exemplo, com detalhes em vermelho nas saídas de ar dianteiras e imitando fibra de carbono no centro do quadro de instrumentos. Os bancos e o volante têm detalhes de alcantara. O M135i possui um habitáculo comportado e o volante tem aro grosso. Sim, é o BMW quem oferece a melhor posição de guiar. O S3 Sportback também mostra um habitáculo sem muito exagero.

Qual a conclusão disso tudo? Audi S3 Sportback, BMW M135i e Mercedes- Benz A 45 AMG são impecáveis, mas cobram por isso. No caso, o A 45 AMG pede R$ 259.900, o M135i custa R$ 199.950 e o S3 Sportback sai por R$ 205.500. Se for pela questão monetária, a diferença do Mercedes para o Audi é de quase R$ 60.000 – valor semelhante, por exemplo, ao do Ford Fiesta 1.6 Titanium com o câmbio de dupla embreagem PowerShift. Lembrese que o Audi tem 80 cv a menos e é mais comportado que o Mercedes. Agora, se dinheiro não é um problema para você, nem pense duas vezes e embarque no A 45 AMG. Contudo, a maioria dos amantes de uma condução esportiva é entusiasta da tração traseira. Por isso, o veredicto é apenas um: BMW M135i. Só ele oferece tração traseira e é o vencedor deste comparativo de tirar o fôlego. Menos, claro, dos Três Tenores.