Quando a Mercedes apresentou o Classe A, em 1997, a única certeza que tinha era de que se arriscava muito. Foi um tiro no escuro, em um segmento desconhecido para a marca. Hoje, passados 15 anos e quase três milhões de unidades do pequeno monovolume, a montadora prepara mais uma revolução na loso a para seu modelo de entrada, que deve ser lançado no Salão de Frankfurt, na Alemanha, em setembro.

As formas de monovolume, por exemplo, caram no passado. O novo Classe A é um dois volumes mais esportivo, uido, com 1,42 m de comprimento, 1,45 m de altura e ares de BMW Série 1 e Audi A3, seus rivais naturais. Em princípio, parece, de novo, uma estratégia arriscada. Apesar de, no Brasil, o carro não ter tido um desempenho brilhante, na Europa ele ia bem. Sem concorrentes diretos, se estabeleceu como queridinho de jovens casais e garotas solteiras. Mas os números dão pista de que a Mercedes está na direção correta. No ano passado, foram vendidas 113 mil unidades de Classe A, contra 195 mil de Série 1 e 207 mil de Audi A3 – o último já quase no nal de seu ciclo de vida, como mostra a reportagem de capa desta edição.

É verdade que abandonando sua carroceria peculiar o Classe A poderá perder alguns clientes, mas os executivos da companhia acreditam que o novo carro conquistará um número maior de novos consumidores, principalmente com a versão AMG, de 350 cv, que chega em 2013. “Na categoria de veículos multiuso, o europeu pode comprar um Hyundai ix20 ou um Kia Venga, que custam menos. A real motivação de se comprar um Classe A sempre foi possuir um Mercedes”, con rma Tim Urquhart, analista da IHS Global. E essa motivação continuará na nova geração.

No alto, o “mini-CLS”, o novo cupê de quatro portas que utilizará a plataforma do Classe A. Nessa base, nascerá ainda o novo Classe B, acima em uma projeção e, no quadro abaixo, ainda disfarçado

Outra grande sacada é que sobre sua base nascerá uma nova família de modelos, com um monovolume (o novo Classe B), um SUV e um pequeno cupê quatro portas (o “mini-CLS” mostrado na edição 327 de MOTOR SHOW). Mais do que lançar um novo carro de entrada, a Mercedes está abandonando uma plataforma cara e so sticada e passando para uma mais simples e exível, que abrigará motores 1.6 turbo com injeção direta da aliança com a Renault e dará origem a vários modelos, como exige a nova realidade da indústria automobilística, que diz que quanto mais se compartilhar, melhor. Mais barato para a montadora e para o consumidor.

ACELERAMOS O PROTÓTIPO

O próximo Classe B, que nascerá sobre a plataforma do Mercedes A, será lançado em setembro, mas já pudemos conhecer um pouco de sua essência avaliando um dos 100 protótipos usados em seu desenvolvimento. Do pouco que deu para perceber, o modelo será bem-acabado. As formas são ligeiramente mais uidas que a atual. Na cidade, chama a atenção o silêncio do motor que trabalha em harmonia com o câmbio automático de sete marchas. Na estrada, o conforto acústico se mantém. Em poucos quilômetros, o comportamento dinâmico se mostra bom, quase de um esportivo, mas com reações bem previsíveis. O acerto é su cientemente rígido para garantir o controle nas curvas sem comprometer o conforto. A sensação é de um progresso em relação à geração atual. A posição de dirigir elevada deverá garantir o sucesso junto ao público feminino. Segundo pesquisa da concessionária Caltabiano, de São Paulo, desde a inauguração de sua loja no bairro do Pacaembu, em 2005, 62% dos Classe B foram comprados por mulheres ou para uma mulher.