Essa RS4 é uma perua com história. Lançada em 1994, sua primeira geração (que, na verdade, se chamava RS2) era um modelo de produção limitada, mas que logo ganhou a fama de perua mais veloz do mundo: acelerava de zero a 100 km/h em apenas 5,4 segundos, graças à união entre Audi e Porsche – essa a responsável pela preparação do motor 2.2 cinco cilindros turbo com 315 cavalos. No Brasil, a primeira RS4 Avant chegou em 2001, já com motor 2.7 V6 biturbo de 380 cv desenvolvido pela Cosworth, uma das mais conceituadas preparadoras do mundo. E era ainda mais rápida que a RS2: atingia 100 km/h em 4,9 segundos. Agora, ela chega à terceira geração, que MOTOR SHOW acelerou em seu lançamento mundial na Áustria, e está ainda mais robusta, moderna e rápida.

Na Europa, a novidade chega por ? 76.600 (cerca de R$ 190 mil). No Brasil, deve começar a ser vendida no começo do ano que vem por mais de R$ 400 mil. É o preço da esportividade, que está em todos os detalhes: a grade hexagonal tem contornos em alumínio fosco, há grandes entradas de ar nos para-choques, encorpados e recortados, como em um carro de corrida. Saias laterais, saídas de escape ovais e um spoiler traseiro completam o visual, assim como os espelhos retrovisores com acabamento em alumínio fosco.

Acima, o painel voltado para o motorista. Abaixo, o conta-giros, que passa das 8.000 rpm, a alavanca do câmbio automatizado, cercada dos botões para os inúmeros controles eletrônicos, e os bancos-concha opcionais, que são mais adequados à proposta esportiva do carro

Internamente, o modelo é totalmente preto com detalhes em alumínio e os bancos de série podem ser substituídos por bancos-concha. O volante multifuncional de base achatada tem borboletas para trocas de marcha e há um “menu RS”, com contador de voltas e termômetro do óleo. O design da alavanca de câmbio é exclusivo para o modelo RS.

Mas é debaixo do capô que está o melhor dessa perua. Produzido artesanalmente na planta da Audi na Hungria, o motor V8 é o mesmo 4.2 FSI que equipa o RS5 Coupé (que avaliamos na MOTOR SHOW 335), com torque máximo de 43,8 kgfm. A aceleração de zero a 100 km/h é feita em 4,7 segundos e a velocidade máxima é limitada a 250 km/h – mas se o proprietário quiser, pode pedir para elevar o limite para 280 km/h. Já o câmbio é o S tronic de sete velocidades com dupla embreagem. No modo automático, troca as marchas mais rápido que um câmbio mecânico, e há ainda o launch control (controle de largada), sistema igual ao da F-1, que gerencia a embreagem com a velocidade de partida com o mínimo deslizamento dos pneus. A aceleração ainda tem a ajuda da tração integral permanente, e as rodas de 19 polegadas têm pneus 265/35 (a Audi também oferece rodas de 20 polegadas com pneus 265/30, disponíveis com acabamento em titânio polido).

O controle de estabilidade (ESP) tem modo sport, mais permissivo, e pode ser desativado. Além disso, há o Audi drive select, que oferece ao motorista três modos de condução – conforto, automático e dinâmico – com características de direção, câmbio, suspensão e acelerador distintas. O sistema ainda varia o som do escapamento.

Não foi por acaso que a Audi escolheu a charmosa cidade de Zeltweg, na Áustria, para apresentação da perua. A base do evento foi o Red Bull Ring, circuito de corrida da atual equipe campeã da Fórmula 1. Lá foi possível acelerar à vontade, e com toda a segurança que só um autódromo pode proporcionar. Volta após volta buscando os melhores tempos, acelerando fundo e encarando curvas de alta velocidade antecipadas por frenagens bruscas… Não há lugar melhor para um carro como esse RS4. Depois, conferimos como a RS4 Avant se sai em condições reais de uso, nas estradas e também nas belas (e perigosas) montanhas de Zeltweg. Desligamos o “modo piloto” e ativamos o “modo cidadão”. No asfalto impecável de lá, se saiu bem; já no brasileiro, deve sofrer um pouco.