O smart cabrio se saiu melhor do que esperávamos

Quando me mandaram ir ao lançamento da nova Pajero Sport (leia nesta edição), no interior de São Paulo, de smart cabrio, fiquei com receio. Achei que seriam 100 km assustadores, com caminhões me jogando fora da estrada só com a força do deslocamento de ar e que cada curva seria um desafio.

Mas tive uma surpresa agradável: o pequeno smart não tem medo de estrada. As estradas desta região têm bom asfalto, sem muitas irregularidades, o que fez com que o carrinho sofresse menos do que nas esburacadas ruas da capital (onde cheguei a sentir pena do carrinho, com as batidas secas do sistema de suspensão, rígido demais para este tipo de obstáculo).

O desempenho não decepcionou. Na hora de ultrapassar, o segredo é usar as borboletas no volante para reduzir para a terceira marcha – ela é capaz de te levá-lo dos 50 km/h aos 130 km/h sem titubear. Depois, na quarta ele chega aos 145 km/h e a quinta serve para reduzir as rotações do motor e economizar combustível. Aliás, economia é uma de suas principais qualidades, chegando a atingir a marca de 25 km/l na estrada.

O que pede um pouco mais de cautela são as curvas – ele não chegou a escorregar nem a assustar de verdade, mas deu para perceber, em uma alça de ponte na saída de São Paulo, com piso bastante irregular, uma tendência a sair de traseira (na verdade, pareceu que ia sair inteiro de lado mesmo). Mas o ESP (controle de estabilidade) entrou em ação e me manteve seguro.

Na volta, viemos (eu e o fotógrafo) de capota aberta e sem as barras do teto (que são guardadas na tampa do porta-malas). Mesmo a 145 km/h, com os vidros fechados o vento flui bem por cima do carro, sem incomodar os passageiros. Um ou outro caminhão ou um vento lateral mais forte fazem a carroceria balançar um pouquinho, mas nada assustador. Apesar de ser urbano, o smart provou que enfrenta estradas sem problemas.

O ponto negativo do pequeno smart, além da excessiva (mas necessária) rigidez da suspensão, é o sistema de som do modelo. Em um carro que mira, pelo menos em tese, um público moderno e “antenado” com novas tecnologia, é inadmissível não haver uma entrada para iPod, cartões de memória ou pen drives. Nada que tire seu charme, mas é um item que poderia ser revisto.

CONTRAPONTO

Se um smart em meio ao trânsito já causa alvoroço, o que dizer de sua versão sem capota? É absolutamente impossível passar despercebido

● Não tive a oportunidade de rodar com o smart cabrio na estrada, mas usei o modelo na cidade e concordo com os comentários do Flávio sobre a suspensão. O acerto da dianteira é firme demais para nossa “esburacada realidade”. As batidas secas nas menores ondulações e a trepidação excessiva ficam ainda mais incômodas por estarem aliadas a muito barulho interno (com o teto fechado). Sim, essa versão cabriolet é barulhenta! Pelo menos mais do que a coupé. Apenas discordo do Flávio quando ele diz que essa dureza é necessária. Não é exatamente isso. A smart poderia trocar molas, amortecedores e encontrar um acerto intermediário: seguro e menos incômodo. Mas a questão é: quanto isso custaria? Certamente não valeria a pena. De qualquer forma, rodar de smart é algo tão inusitado e prazeroso, que os sacolejos fazem até parte da brincadeira. Nesse carrinho, viram um charme a mais.

Ana Flávia Furlan | Chefe de Reportagem