Atualmente, há apenas cinco grandes distribuidoras de combustível no Brasil: BR, Shell, Ale, Cosan e Ipiranga. Mas o fato é que todo esse combustível tem praticamente a mesma procedência e obedece às mesmas especificações da ANP (Agência Nacional de Petróleo). Diesel e gasolina são fornecidos pela Petrobras. O etanol vem das usinas de cana. De acordo com Gilberto Posi, engenheiro de combustíveis da Shell, o fornecimento de diesel e de gasolina para todo o Estado de São Paulo vem de quatro refinarias: São José dos Campos, Capuava, Paulínia e Cubatão. De lá, o produto segue por tubulações. “Toda distribuidora faz ligações na tubulação da Petrobras para receber o combustível comprado”, explica. O procedimento de chegada é a fase mais interessante. Antes de fazer a entrega, a BR manda um laudo técnico com todas as especificações técnicas do produto (massa específica, teor alcoólico, condutividade elétrica, PH e dados de destilação). Para comprovar essas informações, um técnico da companhia que irá receber o combustível coleta amostras e faz testes que comprovem os dados do documento e certifiquem que o produto está dentro das normas. Só depois disso é que a distribuidora alinha as tubulações para receber o líquido. O controle da quantidade é feito por intermédio de um relógio medidor, mas, além disso, também é passada no tanque uma pasta d’água para marcar qual era o nível anterior do compartimento. Depois que o tanque está cheio, novas amostras são tiradas do topo, do meio e do fundo do compartimento – e passam novamente pelos mesmos testes.

Antônio Alvarenga, dono de um posto em Ibiúna (SP)

Com o etanol, que vem direto das usinas, o procedimento é o mesmo, mas ele é descarregado por caminhõestanques em ilhas específicas. A distribuidora compra dois tipos de etanol: o anidro, com 99,3% de pureza, e o hidratado, com até 7,4% de água. Este último vem pronto para ser usado em nossos carros, e o primeiro é misturado à gasolina – que, no Brasil, precisa ter entre 20% e 25% de etanol.

Uma base de distribuição precisa de instalações modernas e tanques muito espaçosos. No caso da base da Shell que visitamos, os compartimentos variam de 500 mil a quatro milhões de litros. Por isso, é comum que as distribuidoras trabalhem em conjunto. “É como se nós alugássemos espaço de nossos tanques e nossas instalações para a Cosan”, diz o engenheiro, explicando como funciona a parceria da Shell com sua concorrente na base do Ipiranga (bairro de SP).

Como diesel e gasolina chegam aos postos

Entenda o processo de distribuição dos combustíveis fósseis

 

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Apesar de o combustível usado ser o mesmo para todos, cada companhia marca seu produto com uma substância, o “DNA” da empresa. Este produto não muda a eficiência do combustível – é usado por medida de controle. O da Shell, por exemplo só pode ser identificado com o auxílio de um aparelho que faz leitura ótica do líquido. No caso da Esso, por exemplo, a gasolina é “tingida” de vermelho. Tirando essas marcações, a única peculiaridade de cada distribuidora é em relação ao combustível aditivado.

O aditivo é desenvolvido pela própria companhia e injetado no combustível no momento do abastecimento do caminhão-tanque que vai para o posto. De acordo com Posi, no caso do etanol V-Power, por exemplo, são seis litros de aditivo para cada dez mil litros. Para a gasolina, são 12 litros para essa mesma quantidade. O caminhão estaciona na ilha de abastecimento da base – lá, há um aparelho no qual o motorista digita as informações da companhia para a qual trabalha (Cosan, Shell…), qual o combustível que irá levar e em que quantidade. Automaticamente, à medida que o líquido vai sendo bombeado para dentro do caminhão, ele recebe o produto DNA da marca e o aditivo (se for o caso). No posto, o produto chega junto com um boletim de conformidade com aquelas mesmas informações técnicas que a distribuidora colheu em seus testes.

No posto

Por se tratar do mesmo produto para todos, o que faz o preço variar em cada posto é o frete. Por isso, quando a diferença de valor em uma só região for muito alta, é preciso desconfiar (com exceção das redes de supermercados, que estão entrando no ramo de combustíveis e geralmente vendem produtos bons e baratos por sofrerem tributação diferenciada).

Geralmente, os postos que não carregam nenhuma bandeira têm preços mais atraentes porque têm liberdade de comprar de quem vende mais barato. Já o posto que tem um contrato com uma distribuidora é “obrigado” a

 

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A única diferente de verdade

O único combustível com maior eficiência que os demais é a gasolina Podium da BR, que possui 95 octanas, enquanto as outras têm 87. De acordo com o professor da Petroquallity, instituição de ensino na área petrolífera, a octanagem corresponde à medida do poder antidetonante do combustível. Além disso, esta gasolina apresenta menor teor de enxofre e uma composição especial que evita o acúmulo de resíduos no motor. Porém, esse combustível é exclusivo da rede BR. Nenhuma outra gasolina no Brasil apresenta octanagem maior do que a Podium.