Em sua tradicional coletiva de início de ano, a Anfavea divulgou em São Paulo os números fechados da indústria automobilística em 2015. No geral, a queda foi de 26,6% em relação às vendas de 2014. Com 2,569 milhões de autoveículos (automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus), o mercado voltou ao patamar de 2007, quando foram licenciados 2,463 milhões de autoveículos. “Tivemos um recuo de oito anos”, lamentou o presidente da associação dos fabricantes, Luiz Moan. Historicamente, o melhor número foi o de 2012, quando foram licenciados 3,802 milhões de autoveículos. A comparação de dezembro de 2015 com dezembro de 2014 foi ainda pior: -38,4%. Quanto às máquinas agrícolas e rodoviárias, a retração no ano foi de 34,5% e entre dezembros atingiu 45,9%.

Todos os setores da indústria automobilística registraram queda nos licenciamentos de veículos novos. Os automóveis de passeio caíram 24,0%, os comerciais leves desceram 33,6%, os caminhões despencaram 47,7% e os ônibus recuaram 38,9%. A queda dos chamados veículos leves (automóveis, picapes, vans e furgões) foi de 25,6%. Na divisão de motorização, a desaceleração foi a seguinte: até 1000 cm3 (29,0%) de 1100 cm3 a 2000 cm3 (20,9%) e acima de 2000 cm3 (28,3%). Apesar desses números, a Anfavea está mais pessimista com relação a 2016 do que a Fenabrave. Enquanto a federação dos distribuidores cravou um palpite de -5,9% para este ano, a Anfavea estima -7,5% para o mercado geral, -7,3% para os automóveis de passeio e -13,9% para os comerciais leves.

Numa coletiva recheada de números ruins, só as exportações se salvaram. O Brasil exportou 417,0 mil autoveículos em 2015, contra 334,2 mil em 2014, o que representou um crescimento de 24,8%. Em dólares, entretanto, o País arrecadou menos: R$ 10,5 bilhões contra 11,5 bilhões no ano anterior. Para 2016, a previsão da Anfavea é de que as exportações cresçam 8,1%.

O EXEMPLO DA HONDA

Apesar do recuo de 24,0% nas vendas de automóveis de passeio, sete marcas filiadas à Anfavea conseguiram crescer em 2015: Audi (40,5%), BMW (5,3%), Subaru (45,6%), Chrysler (527,9%, porque iniciou produção local), Honda (11,2%), Mercedes-Benz (47,1%) e Lexus (64,1%). Dessas, somente a Honda teve um volume expressivo, passando de 137.905 para 153.393 licenciamentos no ano. Luiz Moan usou o exemplo da Honda, que chegou com o crossover HR-V, para dizer que “a montadora que deixar de investir não terá um horizonte de nuvens brancas e céu azul”. Segundo ele, a indústria automobilística deve fazer mais de 50 lançamentos este ano no Brasil. Evidentemente, nem todos esses lançamentos serão novidades como o HR-V. “O consumidor brasileiro está cada vez mais exigente com os produtos e compete às montadoras saciar essas exigências”, disse o presidente da Anfavea. Ele comentou que o crescimento da Honda é considerado normal porque, no ciclo de lançamentos da indústria, no ano passado ela tinha novidades em seu portfólio.

Por outro lado, as marcas da Anfavea que mais recuaram em vendas foram a Citroën (-42,0%), a Volkswagen (-38,4%), a Fiat (-37,4%), a Peugeot (-33,3%), a Chevrolet (-32,8%) e a Mitsubishi (-31,4%). Quanto às marcas não filiadas à Anfavea, a queda foi de 21,7%. Já entre os comerciais leves, todas as marcas caíram. O menor recuo foi o da Renault (-14,1%) e o maior foi o da Nissan (-50,1%). A desaceleração de vendas das marcas não filiadas à Anfavea foi de 42,8%.