Você já sabe que na época de férias o número de acidentes aumenta. Isso não é novidade. Mas talvez você não saiba que a causa destes acidentes não se deve apenas ao movimento maior nas estradas, e sim à falta de preparo de alguns motoristas que, sem experiência, dirigem como se ainda estivessem na cidade. Como pode ser visto na tabela da página ao lado, de acordo com dados da Policia Rodoviária Federal, em julho de 2007, só no Estado de São Paulo, foram 1.004 acidentes, contra 881 no mês de maio. Porém, o que mais impressiona é que a maioria dos desastres foi ocasionada por falta de atenção. É possível ver também que, durante as férias, há muito mais multas por negligência, como ultrapassar em local proibido ou pela direita, andar no acostamento e não guardar distância segura do veículo da frente, entre outras irregularidades.

O empresário Antônio Alvarenga, que mora na capital mas trabalha em Ibiúna (SP), roda, todos os dias, um total de 114 quilômetros apenas em rodovias. Segundo ele, na época de férias, é muito comum ver motoristas imprudentes e inexperientes dirigindo na estrada. “Eles acabam atrapalhando o fluxo da via, pois mudam de faixa sem prestar atenção e, muitas vezes, andam em velocidades incompatíveis”, conta. A assessora de imprensa Deborah Encarnato compartilha da opinião. Ela mora em Santos e trabalha em São Bernardo do Campo. Por dia, percorre 80 quilômetros. Segundo ela, que faz o percurso há 15 anos, o que provoca acidentes é a falta de prática na estrada. “Muitos não olham no retrovisor e ficam desesperados quando você dá farol.”

De acordo com Roberto Manzini, proprietário do centro de pilotagem que leva seu nome, guiar na estrada requer mais cuidado do que parece. “Apesar de exigir menos atenção com semáforos e pedestres, a velocidade média é muito maior e o risco sobe muito”, diz. Outro ponto a ser levado em consideração, segundo o especialista, é que na cidade geralmente o carro anda com menos carga e durante uma viagem a quantidade de peso é maior. Isso implica em maior tempo de aceleração e maior distância de frenagem. Por esse motivo, é fundamental conhecer seu carro, saber o potencial do motor em uma ultrapassagem e qual a marcha a ser utilizada. Além disso, motoristas inexperientes costumam não perceber que as referências de distância mudam quando se está a 120 km/h, e mudar de uma faixa lenta para uma rápida ou andar colado no carro da frente são práticas muito mais arriscadas na estrada.

Por incrível que pareça, a posição em que se dirige também faz toda a diferença nas reações. O ideal é que o motorista esteja com o corpo bem apoiado no assento e com pernas e braços semiflexionados. É importante lembrar também que os cintos são obrigatórios para todos os ocupantes e que as crianças devem estar acomodadas em cadeiras especiais, de acordo com a idade. Com esses cuidados e com a manutenção do carro em dia (leia boxe abaixo), você certamente terá uma boa viagem de férias.

CARRO EM ORDEM PARA AS FÉRIAS

SISTEMA ELÉTRICO: Verificar bateria do motor de partida, do alternador, das lâmpadas e dos fusíveis. Para evitar o gasto desnecessário, não deixe equipamentos elétricos ligados com o carro parado.

CORREIA DENTADA: O mais aconselhável é checar o estado da correia a cada 15 mil km. Se ela estiver trincada e desgastada nas laterais, signi ca que já é hora de trocar. Este item requer bastante atenção. Afinal, se a correia se romper, os danos para o motor podem ser muito graves.

LIMPADOR DE PARA-BRISA:

A dificuldade de visão pode ser a causa de um acidente. Por isso, não subestime a importância do limpador de para-brisa e troque as lâminas sempre que estiverem desgastadas, soltas ou mesmo dani cadas.

FARÓIS E LÂMPADAS: Não é preciso falar quanto é perigoso rodar com a iluminação comprometida. Por isso, antes de seguir viagem, cheque o funcionamento das lâmpadas e fusíveis e regule a posição dos faróis. Certi que-se também de que não há in ltração de água nos faróis e lanternas.

INJEÇÃO ELETRÔNICA: Para não correr o risco de car na estrada, veri que velas, cabo de velas, distribuidor, tampa, rotor de bobina e módulo de injeção. O mais indicado é que a cada 10 mil km as velas sejam substituídas. Já os cabos de ignição podem ser trocados a cada 50 mil km ou três anos de uso.

FILTROS: As trocas dos ltros devem seguir os prazos informados no manual do veículo. Geralmente a orientação é que se troque o filtro de ar entre 20 mil e 30 mil km, dependendo do carro. Já os de óleo devem acompanhar as trocas de óleo, e o de combustível depende da qualidade da gasolina, diesel ou etanol que o motor costuma queimar. Normalmente o ideal é que esta substituição seja feita a cada 15 mil km. Nos carros novos, siga o manual.

FREIOS: Mesmo que você costume fazer a revisão preventiva a cada 15 mil km e troque o fluido de freio a cada 10 mil km, ou um ano, como é indicado, não dispense uma revisão antes de pegar a estrada. Com equipamentos de segurança todo cuidado é pouco.

PNEUS: Cheque a quantidade de borracha anda existente no pneu medindo seus sulcos. Quanto mais rasos, menos aderência terá o carro. Uma boa dica é fazer um rodízio de pneus colocando os mais conservados nas rodas de trás.

ALINHAMENTO E BALANCEAMENTO: Se o carro estiver com alinhamento e balanceamento comprometidos, os pneus gastarão mais do que o normal e de forma errada. Isso pode causar falta de estabilidade e provocar acidentes. O indicado é fazer o serviço a cada 10 mil km.