25/01/2017 - 9:00
Está triste? Ninguém olha para você? Noites e noites de sábado assistindo televisão? Eu tenho uma sugestão: se dinheiro não for problema, compre um Chevrolet Camaro e seja feliz. E esteja preparado para ser o centro das atenções. Afinal, grande parte dos pedestres e dos outros condutores olham (crianças, jovens, adultos), apontam, comentam e alguns até gritam (não estou brincando!). Tudo isso, somado aos olhares indiscretos. Precisa de algo a mais para acabar com os seus problemas de solidão?
Já escrevi um post sobre esse Chevrolet e, agora voltei ao tema. Afinal, pouquíssimos carros são tão amados quanto o Camaro. Só percebi um “alvoroço” igual dirigindo o BMW i8, o Jaguar F-Type R, o Porsche 911 ou o Mercedes-AMG GTS. Todos eles, com preço acima dos R$ 500.000. E o Camaro? A versão cupê custa R$ 305.000 (cupê), enquanto a conversível, R$ 338.000. Não é barato, mas no mercado de usados é possível encontrar algumas opções da geração passada com preço inicial na faixa de R$ 120.000 (cupê) ou de R$ 200.000 (conversível).
E além de acabar com a sua solidão, o carro é assunto para algumas boas horas de conversa. Pelo menos se você tem amigos que gostam de carros. Totalmente revista, a sexta geração do Camaro passou a ser construída sobre a plataforma Alpha da Cadillac, substituindo a do Holden Commodore (o Omega australiano). As dimensões diminuíram, deixando o Camaro mais compacto. Além disso, cerca de 70% dos componentes são novos.
E que beleza, que alegria ao volante! Seja na cidade ou na estrada, o Camaro é um carro gostoso de guiar apesar da pouca visibilidade. Isso é facilmente resolvido recolhendo a capota de tecido. Essa operação pode ser feita com o carro em movimento em velocidades de até 50 km/h. No meu caso, a felicidade de dirigir com os cabelos ao vento durou pouco, pois choveu o final de semana inteiro. Alegria de jornalista automotivo dura pouco.
Mesmo com o teto fechado e chovendo, o isolamento acústico é bom e os confortáveis bancos redesenhados seguram muito bem o corpo. Outras comodidades, são a central multimídia com tela sensível ao toque de 8” e compatibilidade com Apple Carplay e Android Auto, carregador de celular por indução e o novo quadro de instrumentos configurável. O ressonador de som dentro da cabine – como em alguns carros da BMW – não me agradou. Afinal, sob o capô tem um motor aspirado V8 6.2 (compatilhado com o Corvette Stingray). E queremos escutar o verdadeiro ronco brobulhante do “V-Oitão”.
Esse bloco de oito cilindros em “V” passou a ter injeção direta, além de entregar 55 cv extras de potência e 7 kgfm de torque. Ao todo, são 461 cv de potência e 62,9 kgfm de torque. É afundar o pé no pedal do acelerador para o Chevrolet sair engolindo o asfalto. A tração continua traseira permitindo algumas escapadas bem controladas, em piso seco. Já o novo câmbio automático de oito marchas (antes, tinha seis) muda ou reduz rapidamente as marchas. Esse fome por acelerar é contida pelos freios a disco da renomada marca Brembo com pinças de quatro pistões.
Se a ideia é dirigir tranquilamente desfilando e atraindo os olhares, em situações de velocidade de cruzeiro, o motor desliga quatro dos oito cilindros para reduzir o consumo e as emissões de poluentes – no novo quadro de instrumentos aparece a inscrição V4. Durante minha permanência com ele, consegui médias urbanas entre 3.8 km/l no trânsito mais pesado e de 5,9 km/l aos sábados e domingos. E para não tirar os olhos do caminho, o HUD (Head-Up Display) projeta no para-brisas algumas informações importantes, como a velocidade.
O ponto alto do novo Camaro é sua dinâmica mais aguçada em relação ao modelo antecessor. Agora, o Camaro contorna as curvas transmitindo muito mais precisão e equilíbrio. Segundo o fabricante, as novas suspensões estão 12 quilos mais leves e elas são McPherson na dianteira e multi-link na traseira. Devido ao seu acerto, o Camaro pode ser utilizado tranquilamente no dia-a-dia, mesmo sendo equipado com grandes rodas de aro 20” vestidas por pneus de perfil baixo 245/40 R20 na dianteira e 275/35 R20 atrás.
As respostas da caixa de direção elétrica são rápidas ao esterço. E essa esportividade ainda é evidenciada pelo seletor de modos de condução trazendo os programas Passeio, Esportivo, Neve e Pista, que alteram alguns parâmetros, como pedal do acelerador, direção, câmbio, entre outros.
Mesmo já tendo dirigido a sexta geração do Camaro no autódromo Velo Città, no interior de São Paulo, gostei de passar mais um tempo com sua variante conversível. Ele não só melhorou muito, como continua sendo dono de uma personalidade ímpar. Só dirigindo um para saber.