Herdeiro de uma dinastia que contribuiu para desenhar a história da indústria italiana, Andrea Bonomi é o novo dono da Aston Martin. Após vender a marca de motos Ducati para a Audi, o empresário comprou a fabricante inglesa de esportivos por € 190 milhões. Nos últimos seis anos, a marca esteve sob o comando de Ulrich Bez (ex-engenheiro da Porsche e da Daewoo), mas vem enfrentando problemas nanceiros: perdendo € 25 milhões a cada ano. Em 2011, produziu apenas 4.000 carros, uma marca bem distante de seu recorde de fabricação de 6.500 unidades – em 2007, último ano em que esteve nas mãos da Ford. Nesta entrevista, Bonomi conta quais são seus planos para salvar a companhia, que acaba de completar 100 anos de existência.

Por que o ingresso na indústria automobilística – e por que a Aston Martin?
Minha família sempre esteve ligada ao setor. Em 1996, zemos uma oferta para adquirir a Lotus, mas não deu em nada. A mesma coisa aconteceu quando sondamos a Alfa Romeo, em 2009. Com a Aston, já éramos envolvidos desde que compramos a participação da David Brown, ex-acionista e proprietária da marca DB. E a Ducati tem muita analogia com a Aston Martin atual, porque ambas são objetos de um amor desenfreado por parte dos pessoas apaixonadas pelo que fazem. O problema da Aston é que seus carros não são o que esperamos para esse segmento. Não são ruins, mas podem car muito melhores. E acreditamos que o mundo tem uma grande demanda por produtos melhores.

O senhor pretende encontrar sócios para a marca?
Para uma fabricante desse tipo, se possível, é melhor manter-se independente, porque o cliente sente essa diferença. A Bentley, por exemplo, foi salva pela Audi, mas não emociona como antes. As marcas que produzem carros de nicho podem sobreviver sozinhas, apenas com parceiros técnicos fortes.

Estamos falando da Mercedes?
Tudo o que posso falar agora é que é correto pensar em um fabricante alemão para o motor. Já a nossa plataforma VH, usada em todos os modelos, pelo contrário, ainda é válida e bastante e ciente.

Que volume de produção pretende atingir?
A Aston Martin só pode sobreviver se produzir mais de sete mil carros ao ano (hoje são quatro mil unidades). No passado, a marca já conseguiu perto disso com uma gama de produtos menor do que a que tem atualmente. O que precisamos é não cometer mais erros como o Cygnet e car atento à demanda. Sem dúvida sabemos que um SUV, por exemplo, é muito necessário para alguns mercados. De resto, temos programado
€ 625 milhões para investir em novos produtos.

Sobre quais mercados se concentra sua nova estratégia comercial?
Sem dúvida, China, Rússia e Oriente Médio, que agora estão dirigindo o mundo ao lado dos EUA. Não se pode ter objetivos ambiciosos mirando apenas a Europa, onde certos carros são sempre destinados a serem de nicho e onde se vê uma tendência de downsizing na escolha dos consumidores.

O senhor não acha que a Aston Martin cou um pouco para trás das rivais nos quesitos técnicos?
Como cliente, aprecio esse tradicionalismo do carro… Em comparação com a Ferrari, marca pela qual sou apaixonado, a Aston leva a pior, é verdade. Mas acredito que os clientes sejam diferentes. Mas, sim, precisamos melhorar alguma coisa na performance de nossos carros.

Hoje a empresa perde cerca de € 25 milhões ao ano. Quando estará equilibrada?
Em quatro anos. Precisamos pensar industrialmente e não  nanceiramente. Quem vence hoje é quem investe para estar à frente da concorrência. No segmento automobilístico, você precisa de coração, inteligência e dinheiro.