A versão GTS do Cayenne teria tudo para ter o comportamento sem graça da grande maioria das desajeitadas “peruonas” que infestam o mercado mundial e ser apenas mais um dentre inúmeros sport-utilities de luxo. Mas não é o que ocorre: a Cayenne GTS é de uma estirpe refinada, com o pedigree e toda a mais alta tecnologia da marca Porsche por trás.

Nada a ver com as grandes, desengonçadas, altas e na maioria das vezes instáveis sport-utilities que vendem, principalmente, em cima da sensação de robustez e segurança que passam a seus motoristas. Mas elas cobram um preço alto por isso: têm desempenho extremamente limitado, seja na estabilidade (principalmente nas curvas) seja na performance (normalmente são muito pesadas, e por isso exigem uma motorização que sobre, principalmente no torque). Mas todas essas considerações devem ser esquecidas ao analisarmos um Porsche. E este Cayenne GTS é um legítimo Porsche: os engenheiros alemães gostam de superar desafios.

Quem imaginaria um SUV com comportamento esportivo, digno dos grandes mitos da marca? Desafio é a palavra-chave: os técnicos quiseram fazer bonito diante da grande maioria dos bons esportivos mundiais. O alto centro de gravidade da maioria dos utilitários esportivos interfere diretamente na estabilidade, e foi reduzido com uma suspensão que combina molas helicoidais e um sistema eletrônico que atua nos amortecedores (PASM – gerenciamento de suspensão ativa), semelhante ao dos superesportivos da marca (911, Boxster e Cayman), deixando o GTS 24 milímetros mais baixo que as versões V6 e S.

Opcionalmente, este novo Cayenne pode ter um sistema de suspensões pneumáticas com cargas e altura do solo controladas eletronicamente, como na versão que avaliamos. Ainda mais sofisticado que o sistema que utiliza molas metálicas, a versão pneumática une o PASM com um recurso ainda mais elaborado, chamado PDCC: uma central eletrônica comanda reações da suspensão, dependendo da situação que o motorista encontra ou da forma como ele conduz o GTS.

> Potência de 405 cv

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0 a 100 km/h: 6,5 s

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R$ 381.948

Na traseira, aerofólio e ponteiras de escapamento esportivas exclusivos da nova versão. No painel, abaixo, o acabamento é impecável

No autódromo em que testamos a novidade, sentimos na prática a sensibilidade e a excepcional performance do carro: o SUV contorna curvas como um esportivo dos bons. Chega a impressionar o equilíbrio da carroceria e a aderência de seus enormes pneus 295/35R21. Claro que a tração integral ajuda: mesmo quando se entra forte em uma curva, no limite da aderência, a trajetória é mantida, apesar dos seus mais de 2.200 kg. Realmente uma bela façanha.

Acima, o volante multifunção com botões para trocas seqüenciais de marcha (em prata). No painel de instrumentos, grande contagiros, indicador de carga da bateria e display central do computador de bordo. Ao lado, a alavanca de câmbio revestida em couro com acabamento em alumínio anodizado

Acima, a dianteira com entradas de ar maiores que nas versões mais baratas do SUV e semelhantes às da versão turbo.

Tivemos a oportunidade de andar ao lado do piloto Raul Boesel, campeão mundial de endurance em 1987, no circuito onde o carro foi apresentado à imprensa, e ficamos impressionados: o piloto andou forte, bem perto do limite, e a Cayenne GTS não nos decepcionou, freando firme (seus discos dianteiros ventilados têm pinças de alumínio de seis pistões e os traseiros têm pinças de quatro pistões), acelerando como “gente grande” (o V-oitão aspirado com injeção direta produz 405 cv de potência e nada menos que 50,9 kgfm de torque máximo). O câmbio automático de seis marchas, que permite também trocas seqüenciais por meio de botões no volante, funcionou como um relógio: preciso e no tempo certo. Direção leve e precisa completam a satisfação de quem dirige: uma máquina que vai deixar toda a família radiante de alegria, principalmente o motorista, que vai poder levar todos em um legítimo Porsche.

Acima,da esquerda para a direita: o controle da suspensão ativa pneumática, a tradicional chave do lado esquerdo do volante, os bancos esportivos em couro e os controles elétricos e de memória dos bancos. As rodas de 21 polegadas com enormes discos de freio vêm com pneus 295/35, que são em parte responsáveis por seu irrepreensível comportamento dinâmico

Acima, o poderoso motor V8 aspirado com injeção direta que gera 405 cavalos de potência e proporciona um desempenho de tirar o fôlego