Nosso repórter fez o teste: “Apesar dos 150 cv, ele é leve, muito arisco e, nas primeiras voltas, intimida”

Depois de ter saído do calendário do campeonato brasileiro de Stock Car, a Stock Car Jr segue suas atividades como campeonato paulista, com etapas em Interlagos e no ECPA (Esporte Clube Piracicabano de Automobilismo). No final de 2009, o dono do ECPA, Benedito Gianetti, em parceria com os pilotos João Marcelo e Rodrigo Stefanini, comprou todos os carros e ferramentais da JL Racing, empresa que organizava a categoria, no ano passado.

O custo por corrida caiu de R$ 13.900 para R$ 5.600. “É uma boa opção para quem pretende começar no automobilismo e procura uma modalidade competitiva e mais acessível”, diz Gianetti. Considerar mais de R$ 5 mil por corrida um custo acessível pode parecer estranho, mas, no Brasil – acredite –, por esse preço, há poucas opções com o mesmo nível de competitividade e equipamentos. Outra novidade é que agora os testes são liberados, inclusive para quem não é piloto. Qualquer pessoa com mais de 16 anos poderá acelerar o bólido no circuito de Piracicaba. O teste dura 50 minutos e tem acompanhamento profissional. O valor para quem não disputa o campeonato é R$ 1 mil. Os pilotos pagam R$ 650.

O Stock Jr é diferente de qualquer outro veículo de corrida do Brasil. Isso porque tem chassi tubular, um motor de moto Yamaha de 1250 cm3 preparado que gera 150 cv, câmbio sequencial de cinco velocidades, pneus radiais, carenagem de fibra e, para tornar a brincadeira ainda mais desafiadora, tração traseira.

Todo esse conjunto pesa apenas 550 kg, o que garante uma relação peso/potência de incríveis 3,6 kg/ cv. Como comparação, cada cavalo do motor seis cilindros de um Porsche Boxster Spyder, por exemplo, carrega 3,98 kg. “É um carro bastante arisco. Se você acelerar de uma vez, com certeza vai rodar”, avisou Gianetti pouco antes de eu entrar no carro. No lugar da chave de ignição, um botão. Aliás, no cockpit, as únicas informações disponíveis são as de rotações do motor (com shift light) e a marcha que está engatada. Fora isso, apenas uma alavanca, que o piloto pode usar para regular a distribuição da carga de frenagem. Assim como em uma moto, a primeira é engatada para a frente e o resto para trás. Se o piloto souber passá-las no tempo exato, não é preciso usar a embreagem. Por isso, a posição do pedal do freio dá opção de se frear com o pé esquerdo, como em um kart.

Saio do boxe e demoro um pouco para me acostumar com o modelo. Na verdade, o carro intimida no primeiro momento. As respostas do motor são tão rápidas quanto as de um kart dois tempos. Depois de algumas voltas nos 1.103 m no anel externo do ECPA, comecei a pegar mais confiança e acelerar fundo. Saindo do curvão que antecede a reta, exagerei na aceleração e lembrei do que Gianetti havia me falado minutos antes: o bólido deu uma senhora saída de traseira. Tirei o pé do acelerador e contra-estercei o volante até voltar à linha reta. Dali para a frente, percebi que os abusos poderiam me levar ao muro. Um carro divertido, desafiador, uma escola para quem pretende seguir carreira no esporte.