Por Allan Ravagnani

De uma garagem alugada na rua do Manifesto, bairro do Ipiranga, área industrial da capital paulista dos anos 1950, a montadora alemã Volkswagen chegou em 2024 com mais de 25 milhões de carros produzidos no País, sendo sua grande maioria (22 milhões) em solo paulista, a começar pelo gigantismo do complexo industrial da Via Anchieta, em São Bernardo do Campo, inaugurado há 65 anos e onde o CEO da companhia no Brasil, Ciro Possobom, anunciou o investimento de R$ 13 bilhões na modernização das quatro fábricas que opera no estado: São Bernardo, Vinhedo, São Carlos e Taubaté.

Em terras paulistas, a fábrica da Anchieta receberá adaptação nas linhas para a produção de dois veículos inéditos. A unidade de Taubaté contará com um automóvel inédito, 100% desenvolvido no Brasil, e a fábrica de São Carlos receberá um novo motor, com mais inovações, e eficiente para veículos híbridos. Parte do investimento também será destinado ao Centro de Design e Engenharia da Volkswagen do Brasil, localizado na Anchieta, um dos mais avançados do grupo no mundo, que produz os modelos Nivus, Novo Polo, Novo Virtus e Saveiro, enquanto Taubaté fabrica o Polo Track e Novo Polo.

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A fábrica na Via Anchieta foi a primeira fora da Alemanha e responsável por ser polo exportador da companhia para diversos países (Crédito:Divulgação )

“Esse investimento de R$ 16 bilhões incluirá o lançamento de 16 novos veículos até o ano de 2028, com destaque para a estreia dos modelos híbridos, além de novidades em 100% elétricos e total flex”, afirmou Possobom. O executivo também divulgou que as fábricas Anchieta e Taubaté serão pioneiras no setor automotivo a ter biometano em sua matriz energética, reduzindo em até 99% as emissões de CO2 no processo produtivo. “A Volkswagen é protagonista do novo ciclo de investimentos do setor automotivo brasileiro com o aporte robusto de R$ 16 bilhões até 2028. Hoje, as fábricas de São Bernardo, Taubaté e São Carlos e o Centro de Peças e Acessórios de Vinhedo somam 10 mil empregos diretos e 100 mil empregos indiretos, movimentando a economia do estado”, discorreu.

Já a fábrica de São Carlos, inaugurada em 1996, que produziu mais de 13,7 milhões de motores receberá um novo propulsor, com maior eficiência para veículos híbridos. Outra fatia do investimento será destinada a uma nova plataforma, mais tecnológica, flexível e sustentável, do projeto MQB Hybrid.

“O Estado de São Paulo é fundamental na estratégia de negócios da Volkswagen do Brasil e parceiros. A nossa cadeia de suprimentos paulista conta com 530 fornecedores diretos e indiretos dos quais compramos R$ 13 bilhões por ano, representando 49% das aquisições da marca no País. Além disso, em São Paulo, temos a maior quantidade de concessionárias, com 123 lojas, que representam 26% da cobertura da rede no Brasil. O volume de vendas de modelos representa 46% dos emplacamentos”, afirmou o chairman executivo da Volkswagen América do Sul, Alexander Seitz.

Novas linhas vão fazer veículos híbridos e elétricos; abaixo, o centro que promete reduzir o tempo de testes de peças de 1 ano para 25 dias (Crédito:Pedro Danthas)

ENGENHARIA

O Centro de Design e Engenharia na Anchieta também receberá parte dos investimentos.
• Já são quase 1 mil profissionais de engenharia, sendo que neste ano foram contratados mais de 100 engenheiros e engenheiras para reforçar o time de Inovação e Tecnologia.
 O centro tem 85% de competências locais para o desenvolvimento de produtos globais, sendo o único da Volkswagen com competências para motores total flex.
 O centro de desenvolvimento sustentável e tecnológico de veículos tem parcerias com a Unicamp, USP e UFABC para o estudo biocombustíveis e etanol, e com a Unesp para materiais sustentáveis e fibras naturais, contando com 150 colaboradores parceiros para desenvolvimento de novas tecnologias.

530 fornecedores no Brasil
atendem às plantas industriais da montadora alemã

123 lojas da VW
estão no estado de SP, que responde por 46% das vendas no país

Os laboratórios avançados na Anchieta contam com dinamômetros, crash-test, oficinas de protótipos, laboratório com realidade virtual e aumentada, câmara de intemperismo, hidropulsadores e simuladores e UX (experiência do usuário).

Em 2024, a engenharia inaugurou o mais avançado equipamento de simulação de radiação solar para avaliação de veículos e de componentes automotivos, projetado para realizar dois testes distintos: o intemperismo e o envelhecimento de peças — esse último, imprescindível para a realização de testes de componentes. Com isso, testes que poderiam durar períodos de até 1 ano, agora foram otimizados e são realizados em 25 dias.

Para completar os R$ 16 bilhões, R$ 3 bilhões serão destinados para São José dos Pinhais (PR), onde hoje é produzido o Novo T-Cross. Com o investimento, a unidade paranaense também receberá a produção de mais dois veículos: o sedã Novo Virtus, a partir de 2025, e uma pick-up inédita.

(Pedro Danthas)