31/05/2025 - 18:00
A Volkswagen tem deixado claro que pretende repetir, com o recém-lançado Tera, o mesmo sucesso que obteve com o Gol. Lançado em 1980, o Gol chegou em um momento de transição da marca no mercado brasileiro. O Fusca estava saindo de cena e a estreia do Passat, em meados dos anos 1970, indicava claramente que o consumidor brasileiro queria mais.
Além do simplório Fusca arrefecido a ar, o público queria algo mais moderno, que superasse suas expectativas de carro econômico, resistente, de baixa manutenção, fácil de ser consertado e com peças de reposição em qualquer lugar do país.
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Em 1980, o Gol veio de encontro a todos esses anseios. E tinha pela frente a crescente simpatia que o consumidor começava a ter pelo rival Fiat 147, de dimensões compactas, motor econômico e bom desempenho, que refletia a modernidade dos anos 1980. Junto à concorrência, o Gol tinha pela frente ainda o Chevette Hatch, Chevrolet que era a sensação na época.

A VW investiu muito no Gol, um carro que tinha missão de substituir o Fusca e ser a porta de entrada dos alemães para fazer frente à concorrência. Para isso, o motor 1300 arrefecido a ar foi mandado para a Porsche, na Alemanha, que retrabalhou totalmente o velho propulsor do Fusca. No hatch novo, tornou-se frontal, com melhor sistema de arrefecimento e outras atualizações.

Além disso, o Gol tinha uma nova carroceria, de design bem atraente e simpático ao gosto brasileiro. Apesar dos percalços iniciais, aos poucos o hatch foi conquistando o consumidor. Principalmente quando recebeu uma nova mecânica, herdada do Passat: a partir desse ponto, suas vendas dispararam. Tanto que ficou na liderança de vendas do mercado nacional por 27 anos, de 1987 até 2014. Gol virou sinônimo de sucesso.

Depois que terminou o seu reinado, o Gol saiu de cena em dezembro de 2022. Mas, claro, desde então a marca buscava um substituto de grande produção para ele, que atendesse os anseios do novo consumidor brasileiro. Esse comprador não se contentaria simplesmente com um novo hatch. Era preciso um novo conceito, que refletisse o gosto nacional e as necessidades das famílias modernas.
Mesmo com as boas vendas do Polo Track, tido como um sucessor direto do Gol, os alemães da VW foram além. Espertinhos, construíram um SUV compacto de entrada sobre a moderna plataforma MQB do Polo, mas adequado às necessidades da moderna família. O Nivus, coupé, subiu de nível, ficando mais recheado.

Temperaram o tal SUV de entrada com plataforma moderna e uma mecânica resistente, econômica e com facilidade de manutenção. Mas, principalmente, focaram no aspecto que mais conquista o público, diria, mundial: o bolso. Apelaram para um preço que atraísse a atenção de quem o fosse comprar.
Se gasta menos na manutenção e no combustível, anda bem, oferece bons equipamentos, é seguro e tem um design simpático ao consumidor, um carro já tem uma boa parte do caminho trilhado para o sucesso. Digamos que, dessa lista, o Tera consegue reunir boa parte dos itens.

O Gol, como referência, inovou em 1988 sendo o primeiro carro nacional equipado com injeção eletrônica de combustível. Revolucionou novamente o mercado quando, em 2003, ganhou um sistema Flex de alimentação, que permitia o consumidor abastecer com álcool ou gasolina, funcionando de maneira correta mesmo que houvesse a mistura de ambos em qualquer proporção.

O Tera chega agora, com a difícil missão de percorrer o caminho de sucesso do Gol, sob todos os aspectos. Não tenho dúvidas de que, com o passar do tempo, ele também trará novas tecnologias. Se chega no nível emblemático do Gol? Só o futuro pode dizer. Mas a meta de ter mais de 8,5 milhões de exemplares fabricados, como o hatch, é missão difícil de ser cumprida, sem dúvidas.

De qualquer forma, dois lançamentos importantíssimos para a Volks nacional. O primeiro indiscutivelmente um sucesso, e agora esse segundo tem todo um novo caminho preparado para trilhar um caminho semelhante. Ao menos a VW aposta muitas fichas no Tera. O preço convidativo já foi dado ao consumidor, e resta agora saber se o Tera vai entregar tudo aquilo o que promete.