21/05/2020 - 11:50
Já faz quase três décadas que o primeiro Gol GTi foi apresentado ao grande público. Para a imprensa especializada, o carro foi mostrado em primeira mão em setembro de 1988. Eu, particularmente, tive o meu primeiro contato com o Gol GTi no final de setembro ou começo de outubro.
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Além do design matador, com sua exclusiva cor azul marinho metálico (Azul Monaco, como era chamado oficialmente) e alguns detalhes na cor prata, o Gol GTi podia se gabar de ser o primeiro carro nacional que trocou o carburador pela injeção eletrônica de gasolina: um sistema Bosch LE Jetronic que funcionava harmoniosamente com um poderoso sistema de ignição, batizado de EZK, que, além de possuir na memória as curvas de avanço da ignição, produzia nas velas de ignição uma centelha poderosa que queimava eficientemente a mistura ar/combustível, gerando, ao mesmo tempo, potência e economia. Um marco para nossa indústria automobilística.
Seu motor 2.0 com a tal injeção eletrônica analógica e o sistema de ignição EZK tinha até mesmo a sofisticação de um sistema anti-detonação, que corrigia a curva de avanço sempre que o motor percebia que uma gasolina de má qualidade provocaria detonação. Graças a esse recurso tecnológico, hoje comum a praticamente todos os carros, foi possível lançar o motor do GTi com 10:1 de taxa de compressão, fato que melhorava muito o desempenho.
Os tuchos eram hidráulicos e o motor produzia a espantosa potência, para a época, é claro, de 120 cv a 5.600rpm e um torque máximo de 18,35 mkgf a 3.200rpm. Mas o grande segredo desse motor, era o de mostrar a maioria desse torque máximo desde as baixas rotações, o que dava ao Golzinho de 980 kg arrancadas e retomadas espantosas para a época: o carro chegava aos 100 km/h em apenas 8,8 segundos e sua velocidade máxima beirava os 190 km/h. Um verdadeiro foguete para os padrões de desempenho de 1988.
Interior com bancos Recaro, painel com grafia vermelha e teclas satélite, além de um console central completo que dava charme e sofisticação ao interior. Externamente, uma asa traseira exclusiva, apliques plásticos prata nas laterais, exclusivas rodas diamantadas aro 14 com design de gota, faróis de milha sobre o parachoque e de neblina na parte inferior completavam a esportividade do design. Além de escapes de saída dupla, que davam um ronco todo especial ao modelo. Por custar muito caro pra época (NCz$ 22.535 em fevereiro de 1989, valor que corrigido corresponde a estratosféricos R$ 189 mil), o Gol GTi foi vendido em uma escala relativamente pequena.
O carro, apresentado como grande destaque do Salão de São Paulo de 1988, começou a ser vendido ao grande público já em novembro do mesmo ano. Por isso, existem alguns GTi de fabricação 1988 e modelo 1989. E essas primeiras unidades, agora em 2018, completam 30 anos e podem receber a placa preta, referência que indica tratar-se de um carro com alto índice de originalidade.
Por ter se transformado em referência do mercado nacional no final dos anos 80, o Gol GTi é atualmente muito procurado pelos colecionadores. Essa busca frenética pelos carros que restaram ainda inteiros (uma boa parte deles, infelizmente, foi turbinada, rebaixada, descaracterizada e perderam seu valor histórico), fez com que as poucas unidades originais que ainda circulam por aí tivessem seus preços levados às alturas.
Só para que se tenha uma ideia, o primeiro Gol GTi 1988/1989 a receber a placa preta esse ano, foi imediatamente anunciado e vendido por R$ 125 mil, um valor, dizem os especialistas, que deve crescer ainda mais a medida que os colecionadores não abram mão dos seus carros. Por isso, meus caros amigos, se vocês tem a felicidade de possuir uma dessas preciosidades, não venda. Este ícone certamente já tem o seu lugar garantido no pedestal dos grandes carros brasileiros, por tudo o que ele já fez em design, desempenho, tecnologia e sonho de consumo.
E mesmo no universo dos Gol GTi, há ainda aqueles mais raros. Por exemplo, o exemplar que Ayrton Senna ganhou do seu patrocinador da época, o Banco Nacional, como prêmio pelo seu primeiro título mundial de Fórmula 1, em 1988. Essa verdadeira mosca branca vestida de noiva é caçada com lupa pelos colecionadores.
Assim como esse, outros GTi que pertenceram a pessoas famosas, ou os que tem baixíssima quilometragem original e estão guardados em algum fundo de garagem por esse Brasil afora, devem reaparecer com preços ainda mais astronômicos. Um Gol GTi que não seja 100% original, mas esteja em bom estado de conservação e aparência, podem ainda ser encontrados por preços que giram ao redor dos R$60 mil. Eles já são raros. E ficarão ainda mais.
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