Apesar de baseado no Tiguan, é no interior que o Q3 mostra ser um verdadeiro Audi, com muito re namento e altíssima tecnologia. Mesmo com centro de gravidade elevado, o SUV tem comportamento dinâmico agradável, condizente com a proposta urbana e o desempenho esportivo

A julgar pelas las de espera do X1 nas concessionárias da BMW, o Audi Q3 chega em boa hora. É a primeira vez que a marca faz um SUV compacto. Para não errar, seguiu sua receita básica: luxo, so sticação e design clássico. O resultado é um carro competente no que se propõe, mas sem surpresas, seja em estilo, seja em dinâmica.

O habitáculo, por exemplo, é tipicamente de Audi, com bancos esportivos confortáveis, acabamentos excelentes e um sistema de entretenimento de comandos fáceis, com tela de sete polegadas, GPS, DVD e um HD para A gravação de músicas. Dirigindo, a sensação que você tem a bordo do Q3 é a mesma que tem em um A3. O vigor nas acelerações, as respostas rápidas, o trabalho e ciente e silencioso das suspensões, o comportamento quase neutro nas curvas, tudo lembra a tocada do hatch. O que, por si só, já é um grande feito. A nal, um SUV tende a ser menos equilibrado, por conta do centro de gravidade mais alto.

O modelo é fabricado sobre a plataforma do VW Tiguan, na fábrica espanhola do grupo Volkswagen, mas a marca garante que, do “primo pobre” herda só as chapas do assoalho e suas furações. Apenas as medidas da carroceria e o posicionamento dos sistemas seriam iguais. Mas eles têm outras coisas em comum, como o motor. No Volks, o 2.0 TFSI gera 200 cv, enquanto no Audi chega a 211 cv (versão top), com 30,6 kgfm de 1.800 a 4.900 rpm. Essa diferença se dá pelo duplo comando de válvulas (simples no modelo mais barato).

Em sentido anti-horário, a partir da foto acima: a tela multimídia que mostra, entre outras coisas, o ajuste das suspensões; o discreto painel de instrumentos; o freio eletrônico de estacionamento; o espaço traseiro, bom para dois; e o porta-malas que pode ser acessado por uma tampa escondida pelo apoio de braço

Audi Q3 2.0 TFSI Quattro S-tronic

MOTOR quatro cilindros em linha, 2,0 litros, 16 V, comando variável, injeção direta, turbo, freios regenerativos, start-stop TRANSMISSÃO manual automatizada, sete marchas, borboletas no volante, tração integral DIMENSÕES comp.: 4,39 m – larg.: 1,83 m – alt.: 1,59 m ENTRE-EIXOS 2,603 m PORTAMALAS 460 a 1.635 litros PNEUS 215/65 R16 PESO 1.565 kg • GASOLINA POTÊNCIA 211 cv de 5.000 a 6.200 rpm TORQUE 30,6 kgfm de 1.800 a 4.900 rpm VELOCIDADE MÁXIMA 230 km/h 0 – 100 km/h 6,9 segundos CONSUMO cidade: 9,8 km/l – estrada: 15,6 km/l (dados da Europa) CONSUMO REAL não disponível

OS PRINCIPAIS RIVAIS DO Q3

BMW X1 xDRIVE 28i R$ 198.650

MOTOR 3.0 SEIS CILINDROS • 258 cv • 31,2 kgfm 0 – 100 km/h 6,8 segundos VEL. MÁXIMA 205 km/h CONSUMO MÉDIO 10,1 km/l

Entre os alemães, é o principal concorrente. A versão básica, de cerca de R$ 122 mil, tem pacote de equipamentos modesto, tração 4×2 e motor de 150 cv. Com tração integral e motor seis cilindros, é mais caro e mais potente que o Audi, já beirando R$ 200 mil.

RANGE ROVER EVOQUE R$ 164.900

MOTOR 2.0 TURBO • 240 cv • 34,7 kgfm 0 – 100 km/h 7,6 segundos VEL. MÁXIMA 217 km/h CONSUMO MÉDIO 11,5 km/

A versão básica, vendida pelo valor acima, já é bem equipada, e as mais caras chegam a mais de R$ 230 mil. Seu desempenho e seu comportamento dinâmico são surpreendentes – o que lhe rendeu o prêmio de Destaque MOTOR SHOW 2011. Um páreo difícil!

Além de mais potente, no Q3 esse propulsor trabalha acoplado à moderna transmissão automatizada de sete marchas. Assim, o carro tem resultados dignos de um esportivinho. Atinge 100 km/h em 6,9 s e chega a 230 km/h. As trocas de marchas são rápidas e precisas, quase imperceptíveis. O motorista pode fazêlas manualmente, pelas borboletas no volante, mas di cilmente vai usar esse recurso. Não precisa, graças à e ciência da transmissão.

Como cabe a um moderno SUV, o Q3 tem suspensões independentes e tração integral com uma in nidade de sistemas de auxílio à direção, com dinâmica irrepreensível. O torque é distribuído por demanda para cada roda, sempre sob a vigilância dos controles eletrônicos. Quando roda por terrenos com muitas irregularidades, o motorista tem a opção de avisar o sistema, que diminui um pouco sua e cácia e permite aquelas úteis e prazerosas escorregadas do off-road.

O piloto do Q3 pode escolher entre quatro tipos de acerto, que variam o peso do volante, a resposta do acelerador, a rmeza das suspensões e as trocas de marchas. O modelo avaliado dispunha ainda de assistência à largada, startstop (que ajuda muito na obtenção de baixas médias de consumo), side assist (que auxilia o motorista a mudar de faixa, mostrando se há carros ao lado) e o sistema de auxílio ao estacionamento (que pode manobrar o carro sozinho ou ajudar o motorista). Há ainda um sistema de leitura de placas de trânsito, que indica a velocidade da via no painel, e um último, bastante interessante, que mantém o carro dentro das faixas de rolamento e treme o volante quando você tentar mudar de pista sem dar seta. A Audi garante que só funciona se o motorista permanecer com as mãos no volante, mas, durante a avaliação, conseguimos fazer com que o carro se mantivesse sozinho entre as faixas, inclusive virando a direção e contornando algumas curvas, sem interferência do motorista.

O pacote que será vendido no Brasil, a partir de maio, não está de nido e muitos equipamentos podem não chegar. O preço também não foi divulgado, mas deverá car próximo dos R$ 155 mil para a versão básica (que tem o mesmo motor, mas com 170 cv) e passar dos R$ 180 mil nessa con guração topo de linha. O X1 de entrada é mais barato, mas tem motor mais fraco e menos equipamentos. A grande pedra no sapato da Audi será o Range Rover Evoque, que, por R$ 164 mil, tem motor de 240 cv e uma lista de itens de conforto e conveniência bem maior.