Zig e Zag são os carinhosos apelidos dos dois protótipos do novíssimo Aston Martin V12 Zagato, o cupê inglês que está para ser lançado. Um modelo tão esportivo que não teria lugar melhor para suas primeiras voltas do que as 24 Horas de Nürburgring, a mais longa pista de corrida do mundo – e uma das mais desafiadoras. Foi nessa prova que Zig, um laboratório sobre rodas, conseguiu um ótimo quinto lugar. E foi lá também que pude acelerar esse superesportivo.

Zig impressiona pela aparência. O estilo é típico do estúdio Zagato, de Milão (Itália), com quem a Aston Martin comemora 50 anos de parceria. A elegância do desenho original é parcialmente “estragada” pela preparação para corrida. Na dianteira, um spoiler com aletas que direcionam o fluxo de ar; na traseira, um enorme aerofólio e um gigantesco extrator. Não são belos, mas garantem carga aerodinâmica. A suspensões, de corrida, são rebaixadas, têm molas e amortecedores rígidos e câmber negativo na dianteira; os pneus são slick; e a carroceria é de alumínio. Para reduzir o peso, nada supérfluo na cabine.

As barras de segurança tornam quase impossível entrar no bólido. Ainda bem que se pode remover o volante. Dentro do Zig, preso ao cinto de seis pontos, eu e ele viramos uma coisa só. Ligo o motor e sinto na pele o ronco dos 12 cilindros. Engato a primeira, na borboleta da direita, e saímos bruscamente dos boxes.

 

No painel, apenas os instrumentos essenciais. A bordo, piloto e carro parecem uma coisa só. Na pista, o V12 é feroz, mas não incontrolável

Começo com os controles de estabilidade e tração ligados. O V12, apesar do ronco selvagem, está longe de ser intratável. Com os pneus frios, a traseira tende a sair com facilidade, mas o controle de tração age imediatamente. Outro problema é que não há visibilidade e é difícil saber onde estão colocadas as rodas nas curvas mais fechadas.

Depois de duas voltas, tudo funciona melhor. Desligo os controles eletrônicos e a força do motor e da aerodinâmica mantêm o carro no chão. A aceleração é fantástica e as marchas sobem rapidamente. Uma curva fechadíssima em descida e Zig morde com força a pista. Mesmo com um forte vento lateral, ele permanece estável. Na saída, sinto um pequeno sobre-esterço, culpa da excessiva potência. Nos trechos travados, ele não é tão ágil, mas compensa nos trechos rápidos, graças à alta carga aerodinâmica. É preciso um pouco de malícia para pegar o jeito. Busco um limite que parece nunca chegar. Mas, quando ele chega, Zig reage rápida e decisivamente – mas requer apenas uma intervenção no volante para voltar à compostura inicial.